Uma pesquisa feita pela Fiocruz, de 2008, acompanhou 437 mães que deram à luz no Rio de Janeiro na saúde suplementar. Embora 70% das entrevistadas não relatassem preferência inicial pela cesariana, 90% apresentaram esse tipo de parto. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que apenas 15% dos partos sejam cesáreos. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que em 2013 41,98% dos partos realizados na unidades públicas foram cesarianas.

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Segundo a coordenadora da Rede Cegonha no Estado, Carmem Regina Delziovo, os dados já são considerados epidêmicos e estão aquém das expectativas recomendadas pela OMS e aplicadas nos demais países, o que torna o Brasil recordista em partos cesáreos. O relatório global do UNICEF (Situação Mundial da Infância 2011) mostrou que a taxa de cesárea no Brasil era a maior do mundo, de 44%.

Em 2011 o Governo mostrou preocupação com estes dados ao lançar a Rede Cegonha, com a meta de incentivar o parto normal humanizado e intensificar a assistência à saúde de mulheres e crianças.

Com modelo em experiências positivas desenvolvidas em países como Holanda, França e Inglaterra foram criados os Centros de Parto Normal – estruturas que funcionam em conjunto com a maternidade para humanizar o parto, oferecendo às gestantes um ambiente com maior privacidade. A unidade proporciona que as mães sejam, efetivamente, as protagonistas do próprio parto e que haja menos intervenções médicas.

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O programa chegou a Santa Catarina no fim de 2012, Carmem Regina explica que para mudar a realidade que as estatísticas mostram, o Estado paga um valor maior ao médico que realiza um parto normal na rede pública.

Apesar do incentivo, ela explica que facilidades como ter uma data e uma hora marcada para o nascimento e também o tempo de ocupação do leito são fatores que pesam na escolha do médico pela cesárea. A falta de informação das gestantes também contribuem para o alto número de partos cirúrgicos.

– Não é culpa de ninguém, é um processo que foi criado. Hoje a mulher faz um pré-natal e não há uma orientação para que ela decida pelo parto normal. Ela tem tempo para se preparar e se sentir segura. A gente tem que desaprender e entender que quem faz o bebê nascer é a mãe e não o médico – avalia Carmem.

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