Em quase todo o mundo chamado de “civilizado” os derrotados de uma eleição ganham o direito de organizar a “oposição”. No Brasil, o direito de organizar a… adesão.

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– Quantos votos trazes aí?

– Um milhão e duzentos! Quase um Tiririca inteiro!

– E quanto queres pelo “apoio”?

– Um ministério, cinco secretarias de Estado e petrolão pra turma toda, claro!

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A partir daí, o céu é o limite.

O trânsfuga só precisa ensaiar bem as razões de sua “roupa nova” para não confessar o inconfessável.

– Por que é que o senhor está aderindo ao PSD?

– Gostei do projeto. É um partido que prega o desenvolvimento com distribuição e renda.

– E o seu partido de origem, prega o quê?

– Nem sei. Tem muito cacique e pouco índio. O melhor mesmo é fundar um novo.

– O senhor não acha que já tem muito partido no Brasil?

– Pois é. Partido inteiro é que não tem mais. Só “partido”.

– Por que é que o senhor não escolhe um desses que já estão aí? O Partido dos Aposentados, o Partido dos Peixinhos, o Partido dos Comedores de Verba, o Partido dos Encantadores de Serpente, o Partido dos Sem Partido, o Partido dos Salvados do Petrolão? O importante é escolher um. E ficar nele!

– Ficar… só por uns tempos, né?

– O seu novo partido será do governo ou da oposição?

– Peraí… inda nem fundei o bicho e você já está me perguntando coisas difíceis de responder. Por que é que tenho que me definir agorinha? Os Tucanos não vivem em cima do muro?

Leia as crônicas de Sérgio da Costa Ramos