Para homenagear os 162 anos de Blumenau, o Santa deixa a beleza da cidade falar por si. Em fotos aéreas, Patrick Rodrigues, o Repórter Voador, registrou as belezas naturais, a grandiosidade do Rio Itajaí-Açu, as geometrias formadas por ruas e construções e as modificações sofridas ao longo dos anos _ decorrentes de obras e intervenções da natureza.

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Assista ao vídeo do voo:

Credenciado para voo de parapente, o repórter voador tem a incrível habilidade de fazer belas fotos pelos céus da região. Abaixo, Patrick faz um relato da sensação de sobrevoar Blumenau:

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Quarta-feira, 22 de agosto, a previsão do tempo enfim indicava sol, após algumas semanas de tempo instável. Naquele dia estava previsto um vento fraco de Oeste, 4 km/h pela manhã. À tarde, pouco mais forte de Nordeste, 14 quilômetros por hora, dia sem nebulosidade. Eram 6h30min quando estávamos prontos _ eu e o motorista Alison, responsável pelo meu resgate _ no topo do Morro Pelado, em Gaspar.

O sol, porém, contrariando as previsões, teimava em não aparecer. Às 10h, o vento parou e girou para Nordeste, complicando a decolagem. Com cinco horas a menos de sol, descemos o morro para reabastecer as energias e encontrar um ponto melhor para decolagem. Frustração. Já passava do meio-dia quando passamos por um morrote usado para aulas de parapente, com a face virada para Leste, na BR-470. Ali decolei e, com tempo escasso e previsão de chuva para os dias seguintes, logo rumei para Blumenau, para produção das fotos que estão no caderno especial publicado na edição deste fim de semana do Santa e nesta galeria de fotos.

Lá de cima, a grandiosidade do Rio Itajaí-Açu é melhor percebida, a beleza sinuosa que há milhares de anos vem desenhando essas paisagens. É de encher os olhos. Mantenho 500 metros de altura e avanço lentamente. Cruzando por Gaspar, logo avisto Blumenau. A vegetação escassa na margem do rio expõe seu principal problema. Aqui ele tem quase 200 metros de largura e mal enxergo uma fileira de árvores de cada lado. Nos mais são casas, prédios, asfalto e plantações. O pouco cuidado com o rio me preocupa, pois voando por aqui em 2008 e 2011, lembro do seu potencial. Vamos ter que aprender a lidar com o rio, com o que ele já foi, com o que ele é e o que ainda pode voltar a ser.

Pelo Sesi, inicio a sessão de fotos, encontro uma camada de ar menos turbulenta e cruzo pelo Terminal da Fonte. Volto ao Centro e vejo a curva do rio que Dr. Blumenau escolheu, é realmente fabulosa. Mas vejo na Prainha o início de seu fim. Caminhões e caminhões despejam pedras em um tentativa de conter o poder das águas. No Centro, os carros param, diante de centenas de prédios antigos bem pintados.

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>>> FOLHEIE O CADERNO ESPECIAL DOS 162 ANOS DE BLUMENAU

Sigo pelo rio. Casarões, praças, fábricas, viadutos e a Usina do Salto, com quase 100 anos de idade, sempre linda, debruçada sobre o Itajaí-Açu. Sigo para Norte em direção à Vila Itoupava. Me concentro no voo, mantenho 500, 600 metros, existem poucos pousos neste percurso e o ar fica mais turbulento com a proximidade das montanhas. Aqui o ritmo da vida parece outro, assim como o ritmo do meu flutuar. Sítios, ribeirões e lagoas, pequenas estradas serpenteiam as montanhas. De pouso em pouso o vento me leva para o interior. Mal consigo fotografar pelas turbulências, minha gasolina chega na reserva. Avisto Pomerode, 17h30min. Encaro o vento, alinho e pouso na Rua Wunderval, 1.900.

No registro, números, coordenadas, horários e anotações. Na lembrança, um belíssimo voo, cheio de histórias, revelações, belezas. Nas fotos, uma visão do tempo, seus efeitos e consequências, nas curvas, montanhas e entranhas de Blumenau.