Se tivesse que ir de olhos fechados até o número 1.357 da Rua XV de Novembro, aos 73 anos seu Jaime Moser conseguiria. Ele repetiu esse caminho por cerca de duas décadas para chegar na antiga loja Hermes Macedo. Hoje o espaço é ocupado pela galeria Bremen, mas mesmo depois de tanto tempo e reformas, ele ainda consegue descrever em detalhes como era o local onde trabalhava.

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— Quando entro esporadicamente no Bremen, passo olhares onde era o meu setor. Consigo ver as nossas reuniões onde tínhamos as sabatinas, até onde tomávamos aquele cafezinho na lanchonete Frühstück bar. Tudo me lembra e dá muita saudade – conta, emocionado.

A loja abriu em Blumenau na década de 1940, liderando no comércio varejista da época. Roupas, presentes, eletrodomésticos, moveis, peças para automóveis, bicicletas, artigos náuticos. A tradicional loja oferecia tudo e mais um pouco.

— Do meu conhecimento a Hermes Macedo foi uma das maiores lojas do Sul do país. Seria um shopping nos dias atuais. Realmente não tinha maior do que ela não – declara orgulhoso em ter feito parte do time.

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Na época, a Loja Hermes Macedo liderava o comércio varejista de Blumenau
Na época, a Loja Hermes Macedo liderava o comércio varejista de Blumenau (Foto: Jaime Moser, Arquivo Pessoal)

Jaime como vendedor balconista, se tornou chefe de loja e galgou postos cada vez mais altos, até ser chefe de setores inteiros e responsável pelas compras regionais.

A Hermes Macedo não chamava atenção apenas pelo tamanho ou pela localização: era o Natal que colocava a loja de departamentos na rota das famílias da região. Com carros alegóricos, o desfile de Natal parava a XV de Novembro, que ganhava um arco decorado para a ocasião. Sem amadorismos. A loja contratava personagens do circo Bartolo e iluminava todo o circuito.

— Não digo que era uma obrigação, mas as famílias da época diziam que essa visita à loja durante o Natal era parte da celebração do povo blumenauense.

Embora tenha impulsionado a economia e até mesmo o turismo de Blumenau, a loja não resistiu à crise dos anos 1990 e fechou as portas. Seu Jaime não gosta de lembrar desse período. Ele abaixa a cabeça e fica em silêncio. A dor dele comove. Trabalhou em muitos outros lugares após a saída da HM, mas foi lá que encontrou o amor pelo trabalho e pelo que a loja representava para a comunidade. O Natal com certeza não é mais o mesmo, mas para muita gente aquela celebração continua viva entre as melhores lembranças da infância.

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Depois de 50 anos, em 1990, a loja não resisitiu à crise e fechou as portas
Depois de 50 anos, em 1990, a loja não resisitiu à crise e fechou as portas (Foto: Jaime Moser, Arquivo Pessoal)

Ao ser perguntado se o saudosismo demonstrado durante a conversa o fazia bem, ele sorriu. Sem tirar os olhos das fotos coloridas resgatadas do Arquivo Histórico, verbalizou o que já tinha respondido com o sorriso:

— Sim! Só lembranças boas! Mas o que o prédio 1.357 da Rua XV de Novembro realmente me remete é que Blumenau só cresceu por causa do nosso povo, que é um povo batalhador, acolhedor e que sabe superar.

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