A chuva que insiste em cair no Alto Vale mudou a rotina em Rio do Sul, a cidade que mais sentiu os reflexos da enchente que atinge pelo menos 56 cidades de Santa Catarina desde sexta-feira. Foram 239 milímetros de chuva acumulados e a prefeitura decretou na noite de domingo situação de emergência – e solicitará ao governo federal cestas básicas, material de limpeza e água potável. A previsão é de que o nível do rio Itajaí-Açu alcance o ápice na manhã de segunda-feira – entre 10,7 metros e 11,5 metros.

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A água inundou 18 dos 24 bairros de Rio do Sul. Os moradores não pensaram duas vezes e correram para o supermercado quando foi divulgada a ordem de racionar água e comida. Logo se formaram filas de gente com galões vazios de 20 litros.

Na manhã deste domingo, a prefeitura de Rio do Sul anunciava que as medidas para conter o aumento do nível do rio Itajaí-Açu se esgotaram e restava apenas tomar providências para os problemas que certamente surgiriam. Pelo meio-dia a se confirmava a previsão. Os acessos aos bairros ficaram alagados e varias ilhas de casa foram formadas dentro de Rio do Sul. Do helicóptero era possível dimensionar o cenário. As áreas mais baixas estavam tomadas e quarteirões inteiros ficaram sob a água. No sobrevoo foi possível ver carros, creches e casas engolidos pelo efeito da chuva.

No chão havia pouco para se ver. A avenida principal, Aristiliano Ramos, estava deserta. Os comerciantes se anteciparam retirando mercadorias e evitando prejuízos maiores. Havia ainda poucos veículos transitando, consequência das orientações à população que incluía sair de casa somente em caso de extrema necessidade. E durante a noite o aspecto de local abandonado se acentua porque a recomendação é para não sair de casa até o sol nascer. O drama da cidade podia ser visto da BR-470 e não foram poucos os motoristas curiosos que pararam no acostamento pra tirar fotos.

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A projeção da enchente é acompanhada pela população por meio dos boletins do nível do rio, que saem a cada hora. A notícia de que a barragem de Ituporanga estava saturada e a água passava por cima fez os nervos ficarem ainda mais à flor da pele. Os moradores de Rio do Sul também prestam toda atenção à previsão do tempo.

A Epagri/Ciram, órgão estadual de monitoramento do clima, emite dois boletins a cada dia, mas o caso de Rio do Sul é tão preocupante que conta com atualização a cada três horas. Além disso, a Defesa Civil analisa os dados de mais sete institutos de meteorologia.

Enquanto esperam boas notícias, os moradores que tiveram a casa atingida aguardam nos 22 abrigos montados. Guilherme Cardoso, 53 anos, secava as portas do guarda-roupas. Ele explica que a retirada ocorreu sob chuvas e se deixar os móveis molhados tudo vai empenar.

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Laide Munrzfelf, 69 anos, chegou com a geladeira e o fogão encharcados e passava um pano em ambos. Como em Rio do Sul as pessoas conseguiram tirar os móveis foi possível fazer espécie de quartos usando os armários e assim ter um pouco de privacidade nos abrigos improvisados. Diante de todos os problemas Guilherme via um consolo em poder dormir na própria cama.