O diretor da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Akira Sato, descreveu ao DC como agia o grupo de 31 pessoas preso no sábado suspeito de crimes em Caçador, no Meio-Oeste catarinense. Foi na operação Proditor (traidor, em latim), ação em que os policiais de Florianópolis deram apoio à investigação feita pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Caçador. Akira conversou com a reportagem na tarde desta segunda-feira, em seu gabinete, na Deic, na Capital.

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Diário Catarinense _ Como a polícia começou essa investigação?

Akira Sato – A Adelita (Aparecida Regis) assumiu o controle do tráfico desde a morte do marido (Eloir Milani). Esse traficante era investigado há tempos e a partir daí surgiram as conexões. Quando foram cumprir as buscas entraram em confronto com ele (em 2011) e daí o negócio começou a abrir.

DC – Adelita era dona de bordeis em Caçador?

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Akira – Ela era a dona de quase todos os bordeis.

DC – Qual era papel dos PMs que foram presos?

Akira – Eles faziam desde a escolta da droga com viaturas oficiais. Por exemplo, quando a Adelita e a Márcia (Helena da Silva) informavam eles que estaria chegando um veículo ou um transporte, eles por conta própria faziam essa escolta para que a droga chegasse no seu fim. Também que eles faziam a cobrança desses devedores, os menores traficantes, os usuários. E não a parte financeira, mas a repressão.

DC – Armados e fardados?

Akira – Até o comandante da região fala que eles eram policiais muito pró-ativos, faziam uma repressão muito grande ao tráfico de drogas, aos concorrentes. Inclusive também o inquérito indica que esse complexo de zona de meretrício é onde a Adelita fazia o seu tráfico de drogas também. Então, além da prostituição, rufianismo, lenocínio ela praticava traficância naquela região. E marcava operações, pedia para que os policiais fizessem operações para fechar as outras boates, as outras zonas.

DC – Vocês tratam como uma rede de crimes?

Akira – Não eram todos conexos. Havia ramificações. Uma parte fazia isso, de repente esse não conhecia esse, mas todos estavam ligados a Adelita e a Marcia. O agente penitenciário, por exemplo, ele não levava a droga ao presídio, ele usava a viatura para dar carona a indivíduos do qual a Ionara pedia, que é outra traficante também. Então ele se utilizava dos meios do Estado para fazer o transporte. Não se confirmou ainda o transporte de drogas, mas que ele fazia muita coisa para Ionara e isso que gerou a prisão dele, a associação ao tráfico, esse pano que ele dava para ela.

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DC – Qual o papel da advogada?

Akira – A advogada era responsável por estar denunciando, cooptando os policiais militares à prática dessas ações a favor da Adelita e mandante de muitas outras coisas que estão sigilosas no inquérito.

DC – Havia pagamento de valores?

Akira – Isso está no inquérito, fala de dinheiro. O próprio delegado Régis (Daniel Régis, de Caçador) afirma que existiam situações econômicas, vantagens financeiras que os PMs possuíam.

DC – Quanto tempo a polícia suspeita que eles agiam em Caçador?

Akira – Então, o delegado Daniel Régis disse que isso já vem desde 2004. Ninguém tinha peito (para prendê-los) até pela falta de efetivo, dificuldade de trabalho, pela busca de materialidade e estrutura geral. Um auxílio muito importante foi do Ministério Público nesse caso. Foi um golpe no crime, nesse grupo que incomodava muito a região.

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