No último torneio que disputaram, a Copa Sul de fut-7 em Florianópolis, as meninas do Veneno FC / Paula Ramos chegaram à final sem levar um gol sequer. Na decisão, em maio, as adversárias do Elas de Ouro conseguiram finalmente furar a zaga e o bloqueio da goleira Luíza Jesus. Mas isso quando já tinham levado oito gols. No final, o Veneno foi campeão por 10 a 1 e ainda levou todos os prêmios individuais.
Continua depois da publicidade
Futebol feminino de Santa Catarina ainda engatinha
A superioridade não é exclusiva desta competição. O currículo do Veneno é extenso e praticamente imbatível:
— Dos últimos 20 torneios que disputamos, só perdemos um. E foi nos pênaltis. Isso é fruto de um trabalho que começou há cinco anos com treinamento duas vezes na semana, fisioterapia e muita dedicação delas. Sexta-feira à noite, em vez de estarem na balada, elas estão aqui treinando até meia-noite — exalta o auxiliar técnico e gestor do time, Émerson Prado, enquanto as meninas se aquecem no clube Paula Ramos, na Trindade.
Continua depois da publicidade
Atrevidas FC: as meninas que treinam no Parque de Coqueiros
Hoje uma referência para demais atletas do futebol feminino de Florianópolis, o Veneno FC começou por acaso. Em 2006, as namoradas da equipe masculina decidiram jogar também.
— Na verdade a gente se reunia para uma pelada. Jogava com o uniforme dos homens e ficava enorme. Quando a gente inventava de participar de festivais ou torneios, era a gente quem levava goleada — lembra Renata de Souza, pivô e presidente do time.
Leia todas as matérias do especial Nossa Área
Em 2012 a equipe masculina encerrou as atividades, mas as meninas seguiram firme. Pra levantar recursos, faziam eventos, rifas e até pedir dinheiro no semáforo.
Continua depois da publicidade
Estrutura para gerar o veneno
Atualmente quem acolhe as jogadoras é o Paula Ramos. Elas chegaram com um projeto todo detalhado dentro de uma pasta e mostraram para a direção do clube, que gostou e ofereceu a quadra.
— Depois disso, o vice-presidente Geraldo Gomes viu o nosso empenho e passou a oferecer mais dependências do clube, como academia, piscinas. Hoje a gente leva o Paula Ramos como sobrenome — lembra Émerson Prado, com gratidão.
Nas quartas, as atletas treinam no campo do Brasileirinho, na Palhoça. Na sexta, no Paula Ramos. O futebol sete é considerado um esporte amador, então é tudo na paixão. A Renata, por exemplo, trabalha em uma multinacional e cursa contabilidade.
Continua depois da publicidade
Os patrocínios na camisa só arcam com o custo do próprio material. Para viajar aos torneios são feitas campanhas de arrecadação, e muito é pago do próprio bolso.
Em novembro o time viaja para o Rio de Janeiro para disputar a Copa Rio, competição que integra o Circuito das Américas. Elas conquistaram a vaga como prêmio pela Copa Sul, aquela da final de 10 a 1. Vão ganhar hospedagem e a inscrição. Mas a vaquinha já começou para financiar as passagens.
Amanhã tem ela
Entre as meninas que devem viajar está a Thatiane Gonzaga, a Tati. A menina, que já jogou o mundial feminino pelo sub-17 da Seleção Brasileira e tem passagem pelo futebol da Europa, hoje luta para se manter no Esporte. A história da Tati será contata na edição desta sexta da Hora.
Continua depois da publicidade