Os nicaraguenses retornaram, nesta quarta-feira (9), às ruas da capital, três semanas após o início dos protestos que abalaram o país, exigindo justiça para os 47 mortos nas manifestações e uma solução democrática para a crise no país.

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Estudantes, camponeses, empresários e a população em geral se dirigiam a Manágua, vindos de diferentes cidades do país, para uma passeata que vai começar nas proximidades da catedral metropolitana, exigindo justiça para as 47 vítimas da repressão governamental, em sua maioria alunos.

“A maré de gente que chega a Manágua é enorme (…) a entrada na capital será impressionante”, declarou à imprensa José Peraza, do Movimento pela Nicarágua, uma das organizações da sociedade civil que apoia os estudantes.

Uma caravana de camponeses que vivem em comunidades assentadas na rota em que o governo planeja a construção de um canal interoceânico planejava chegar à capital pela segunda vez desde o início dos protestos.

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A Nicarágua vive um clima de protestos desde 18 de abril, quando estudantes saíram às ruas para protestar contra uma reforma da previdência, uma manifestação que foi violentamente reprimida pela polícia, o que indignou a população e levou outros setores da sociedade a se unir ao movimento.

A polícia afirmou em um comunicado que garantirá “a proteção e segurança da passeata”, bem como a ordem do tráfego nos locais onde a mobilização está planejada.

A coalizão de estudantes que lidera os protestos contra o governo reafirmou na terça-feira sua decisão de continuar a lutar por justiça e pelos direitos dos cidadãos.

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– Passeata pacífica –

“As pessoas saem de todas as casas, quarteirões, bairros e cidades para exigir justiça e democracia”, disse a coalizão que reúne estudantes de universidades públicas e privadas.

“Convocamos a população a participar dessa passeata pacífica, exigindo nossos direitos”, declarou um dos líderes do movimento estudantil, que não se identificou.

Enquanto isso, o governo também convocou uma manifestação de simpatizantes para a tarde desta quarta-feira.

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A vice-presidente Rosario Murillo indicou que a mobilização convocada pelo governo será para pedir paz e “comprometer-se a decretar a paz”.

Os estudantes exigem uma investigação independente sobre a morte de 47 pessoas durante os protestos passados e consideram ilegítima uma comissão da verdade nomeada no domingo pelo Parlamento, com maioria oficialista.

Eles também querem que o governo convide organismos internacionais de direitos humanos para participar das investigações.

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O diálogo em que a Igreja Católica mediará e testemunhará ainda não tem data ou agenda definida.

Enquanto isso, jornalistas e representantes da mídia independente emitiram um comunicado nesta quarta exigindo que o governo cesse a repressão e a agressão contra jornalistas.

“Rejeitamos qualquer agressão direta ou indireta contra jornalistas de qualquer meio de comunicação e exigimos do governo do presidente Daniel Ortega o pleno respeito ao direito à liberdade de pensamento” e informação, pediram em uma declaração assinada em Manágua.

Vários jornalistas de meios de comunicação independentes foram agredidos fisicamente e suas equipes de trabalho foram roubadas por supostos grupos ligados à Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, oficialista).

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* AFP