Responsável pela classificação do futebol masculino do Brasil aos Jogos Olímpicos de Londres, o técnico Ney Franco defende que a Seleção Olímpica receba prioridade no primeiro semestre de 2012, apesar da crítica pública de personalidades do esporte, como o veterano Zagallo, que apontam atraso na formação do time para a disputa da Copa do Mundo de 2014.
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Ney Franco conta que não sabe de sua missão na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nos próximos meses, visando aos Jogos de Londres, mas se coloca à disposição de Mano Menezes para fazer parte da comissão técnica. Ele também aposta que a mais nova geração brasileira pode representar muito bem o País no Mundial de 2018, na Rússia.
Diário Catarinense
– Qual vai ser seu papel nos Jogos de Londres? E durante os meses que antecedem a Olimpíada?
Ney Franco
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– No atual momento, o meu papel está indefinido. Mas já está tudo sendo encaminhado para que eu possa me juntar ao Mano Menezes. Já estou me colocando à disposição dele para fazer parte da comissão, mas ainda não fui informado de que maneira.
DC – Como avalia a atual safra de valores do futebol brasileiro?
NF
– Temos uma série de atletas que, orientados de forma correta no aspecto tático, podem muito bem fazer a diferença dentro do campo. Esta safra apresenta atletas de grande qualidade em todas as posições do campo.
DC – Os jovens chegam hoje aos clubes mais dispostos a jogadas espetaculares, a dribles desconcertantes, mais centrados, aplicados, disciplinados taticamente? Qual é a tendência?
NF
– Não podemos esquecer das características dos nossos jogadores, mas é fundamental que o equilíbrio fique presente. Não podemos dizer ao garoto que dribla bem, que deixe de fazer isso. O ideal é que ele tente a jogada, mas tenha também consciência tática. Esses jogadores são jovens e precisam ainda evoluir também tecnicamente e no aspecto físico.
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DC – Recentemente, a Seleção Brasileira Sub-15 ganhou o título sul-americano. Dá para apontar alguém dali com potencial diferenciado?
NF
– O Mosquito, atacante do Vasco, foi um atleta que se destacou muito durante o Sul-Americano e se sagrou artilheiro da competição e também o melhor jogador com todo o mérito. Mas essa geração de atletas é, sem dúvida, muito forte e seria injusto enaltecer apenas um nome.
DC – As seleções com as quais você trabalhou não são voltadas para 2014, salvo raras exceções. O Brasil hoje já teria uma base para a Copa de 2018?
NF
– Acho que, em 2018, essa geração sub-20 estará no auge. Jogadores com 27, 28 anos costumam dar grande retorno dentro de campo. Ate lá, eles vão adquirir de forma natural a experiência, que também faz diferença dentro do campo.
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DC – Seu grande triunfo como contratado da CBF foi garantir classificação do Brasil para a Olimpíada de Londres. Como contraponto, sofreu uma eliminação precoce no Pan-Americano. Como analisa esses dois momentos?
NF
– Quando classificamos o time para a Olimpíada de Londres, nosso grupo teve um bom tempo para se preparar (40 dias), assim como no Sul-Americano. Já no Pan, ficamos impossibilitados de convocar os jogadores que queríamos por conta da fase final do Campeonato Brasileiro. Naquela ocasião, não chamamos os nossos melhores jogadores. Além disso, o tempo de treinamento para a competição foi extremamente reduzido (cerca de 12 dias).
DC – A luta pela medalha de ouro olímpica requer preparação especial, exclusiva, da seleção brasileira sub-23 ou isso tem de ser feito em acordo com a agenda da seleção principal?
NF
– Para qualquer competição, é preciso definir o tempo de treinamento para a seleção. Existe um momento em que é preciso privilegiar a preparação para determinada seleção. E é necessário um consenso com os clubes, que acabam cedendo os atletas.
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