As maiores nevascas históricas do planeta já registradas causaram acúmulos recordes de neve, mortes e prejuízos econômicos. Comuns no Hemisfério Norte, elas prenderam pessoas nas estradas e em casa.
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Em alguns lugares, a quantidade de neve foi tão alta que o telhado das residências não aguentou o peso. Parece um filme de catástrofe, mas é real!
Nevascas são fenômenos naturais e podem ser entendidas como tempestades de neve. Nelas, a queda de neve ocorre com forte intensidade, sempre acompanhadas por muito vento.
Por causa da neve, as temperaturas baixam rapidamente e, em muitos casos, ficam em níveis extremos. Essa soma de fatores faz com que esse fenômeno sempre tenha potencial para se transformar em um desastre.
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O Hora de SC foi em busca dos registros das maiores nevascas do planeta. Prepare-se para uma viagem ao passado para saber o que ocorreu durante essas fortes tempestades de neve.
A Grande Nevasca dos Estados Unidos, 1888
Nenhuma novidade em saber que o Outono e o Inverno são as estações mais frias do ano. Entretanto, uma das maiores nevascas do planeta aconteceu em plena primavera do Hemisfério Norte.
Ela aconteceu precisamente no dia 11 de março de 1888. As temperaturas caíram rapidamente e as fortes chuvas que daquele dia se transformaram em neve. Ninguém imaginava o que estava por vir.
Era cada vez maior a quantidade de neve caindo sobre a Costa Leste dos Estados Unidos, do Estado da Nova Inglaterra até a Baía de Chesapeake, na Virgínia.
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Só para você ter uma ideia, essa região compreende grandes áreas metropolitanas como as de Nova York e Boston. Na virada do dia 11 para 12 de março, a nevasca já paralisava os estados de Nova Jersey, Nova York, Massachusetts e Connecticut.
Os ventos eram tão fortes que chegavam a quase 130 quilômetros por hora. Com isso, as camadas de neve atingiram mais de 1 metro de espessura em média. Atenção: em média!
Em alguns lugares, o acúmulo de neve alcançou 15 metros de altura e cobriu casas de três andares.
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Essa intensa nevasca terminou dois dias depois, mas a normalidade só retornaria após mais de uma semana. Tudo parou nesse período!
Estradas e rodovias estavam bloqueadas. O serviço de trem não tinha como funcionar. Nem os bondes puxados por cavalos conseguiam rodar. Até os navios não podiam desatracar dos portos.
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Na tentativa de empurrar a neve para fora dos trilhos, uma locomotiva descarrilou em Nova York. Era mais um problema para resolver!
E o que aconteceu quando as temperaturas voltaram a subir? A neve derreteu. Bairros, como o do Brooklyn, sofreram com alagamentos.
O saldo da Grande Nevasca dos Estados Unidos, como ficou conhecida, ultrapassou os 400 mortes. Destes, pelo menos 100 eram marinheiros, pois cerca de 200 navios afundaram ou tiveram danos irreparáveis.
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A Tempestade do Século, 1993
A Costa Leste dos Estados Unidos foi palco de outra grande nevasca, e em dias muito próximos do evento catastrófico de 1888. Dessa vez, a chamada Tempestade do Século ocorreu entre os dias 12 e 14 de março de 1993.
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A manhã de 11 de março daquele ano registrou uma forte crista de alta pressão próxima à Costa Oeste dos Estados Unidos. Sua posição fez com que uma corrente de ar frio saísse do Ártico e descesse para o Sul.
No entanto, um sistema de baixa pressão próximo ao estado do Texas era alimentado por correntes de vento e umidade vinda do Centro-Norte do Golfo do México. Essa combinação foi perfeita para a formação de uma enorme nevasca!
A temperatura baixou vertiginosamente e a neve começou a tomar conta da Costa Leste, deixando cidades completamente inacessíveis por dias.
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No Nordeste dos Estados Unidos e no Canadá, o acúmulo de neve chegou a passar de 1 metro em alguns pontos. No Sul dos EUA, elas atingiram 1,5 metro.
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Trovoadas e relâmpagos afetaram o fornecimento de energia elétrica de algumas cidades, deixando a população sem eletricidade por até uma semana.
Já no Golfo do México o resultado foi a formação de 11 tornados, chegada de frente fria e tempestades com ventos de 160 km/h e ondas de 3,7 metros que inundaram regiões da Flórida e de Cuba.
A Tempestade do Século afetou 100 milhões de pessoas e causou US $6,65 bilhões em prejuízos. Mais de 300 pessoas morreram.
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Tibete, 2008
O Tibete, região autônoma da China que compartilha o Monte Everest com o Nepal, já está acostumado com temperaturas extremas. Mas algumas localidades não sofrem com as intempéries.
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Um desses lugares é o condado de Lhunze, que foi surpreendido com uma das maiores nevascas do planeta!
Algumas aldeias da região registraram neve contínua por 36 horas, provocando acúmulos de até 1,83m. A quantidade foi tão grande que muitos prédios simplesmente desmoronaram, por não aguentarem o peso da neve.
Se não bastasse isso, muitas estradas do condado ficaram fechadas, o que impediu o resgate pelas equipes especializadas. Assim, muitas pessoas ficaram isoladas e sem comida!
Ao menos nove pessoas morreram congeladas ou soterradas pelo desabamento de casas que não aguentaram o peso da neve acumulada no telhado.
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Dentre os efeitos econômicos, muitos pastores venderam seus rebanhos de iaque — um bovino grande e peludo com corcovas sobre os ombros que vive em terras altas, principalmente no Tibete.
Outros acabaram perdendo suas criações de iaque quando houve o rescaldo da tempestade, assim que a neve acumulada derreteu.
Esta foi a maior nevasca dessa região desde que a China iniciou o monitoramento das tempestades de neve por lá.
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Califórnia, 1959
O Monte Shasta, conhecido como a montanha mágica da Califórnia, foi palco de uma das maiores nevascas do planeta. A quantidade de neve acumulada foi de 4,8 metros, a maior de uma única tempestade na América do Norte.
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No entanto, por não ser uma região densamente povoada e já estar acostumada a grandes nevascas, os efeitos desta de 1959 não foram como os das demais já apresentadas nesta matéria.
A maior parte da neve caiu sobre áreas montanhosas despovoadas, além das comunidades de Weed e Mount Shasta City. Para os moradores dessa região, foi apenas mais uma forte nevasca.
O que, na época, eles não sabiam, é que essa quebrou os recordes das demais!
A Nevasca de Buffalo, 1977
A próxima na lista de maiores nevascas do planeta aconteceu na cidade de Buffalo, nos Estados Unidos. A previsão era de uma queda de neve relativamente modesta, mas ventos de 72,4 km/h e rajadas de 120 km/h mudaram esse cenário.
Foi assim que começou a Nevasca de Buffalo que, diferentemente das duas outras nos EUA, ocorreu em pleno inverno. E esse é um detalhe que contribuiu para o fortalecimento da nevasca.
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A neve já cobria grande parte da superfície da região, principalmente no Lago Erie. O que veio depois foi acumulando, bloqueando estradas e vias.
O vento teve mais neve para flutuar e soprar, impedindo a visibilidade nas rodovias e trazendo um frio intenso. A queda da temperatura foi de mais de 20 graus em poucas horas, pegando todo mundo de surpresa.
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Muitas pessoas ficaram presas no trabalho ou no próprio carro. Essas condições provocaram 29 mortes do Oeste do Estado de Nova York até o Sul de Ontário, no Canadá.
Buffalo recebeu o título de capital da nevasca dos Estados Unidos, pois registrou o acúmulo de 5,06 metros de neve.
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E aqui no Brasil?
A nevasca não é um fenômeno comum em nosso país, mas fica em Santa Catarina a cidade que já registrou as maiores do Brasil.
Em 20 de julho de 1957, São Joaquim foi atingida pela maior nevasca da história do estado e a segunda maior do país.
Foi registrada queda ininterrupta de neve entre 11h e 17h. Bastou uma hora para deixar o centro da cidade completamente branco.
Segundo dados da Central RBS de Meteorologia, aquela nevasca teve acúmulo de neve de 1,3 metro. A cidade ficou isolada por terra e três dias depois um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) lançou suprimentos em um campo de futebol.
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Outra grande nevasca em solo catarinense foi em São Joaquim e ocorreu em 5 de junho de 1988. Naquele dia, a neve ultrapassou 1 metro em alguns pontos. No centro da cidade, o acúmulo variou entre 20 e 30 cm.
Já a maior nevasca registrada no Brasil foi em Itatiaia, região serrana do estado do Rio de Janeiro. Nevou por nove horas seguidas e a camada de gelo permaneceu por três dias até derreter.
No dia 20 de junho começa o Inverno aqui no Hemisfério Sul. Esta é a estação mais propícia para fenômenos como a nevasca.
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