O Joinville Esporte Clube está negociando com três empresas para encontrar patrocinadores master na temporada de 2015, quando o clube vai disputar a Série A do Brasileiro. As conversas ocorreram com uma empresa do varejo, de Joinville; e com duas indústrias – uma de São Paulo e outra de Blumenau. A companhia paulista dará resposta nesta semana, informa o presidente do JEC, Nereu Martinelli.

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O valor da exposição pública do clube na mídia, em 2013, era de R$ 159 milhões, segundo a consultoria que faz este trabalho. Para 2014, o total ainda não está calculado, mas fica em torno de R$ 250 milhões. O clube, que está sob gestão profissionalizada, deve R$ 12,5 milhões a bancos e impostos, valores já renegociados com os governos. Estas são algumas das informações obtidas em entrevista realizada na última sexta-feira, no amplo escritório do presidente, no 11º andar de um prédio localizado na rua Dona Francisca.

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Lá tem vista privilegiada para prédios que compõem parcela significativa da cena municipal: Fórum, Câmara de Vereadores, Bolshoi, entre outros. Experiente e bem-sucedido empresário do ramo de auditoria empresarial, Nereu Martinelli é, naturalmente, exigente. Tem completo domínio e controle dos dados econômico-financeiros do clube no celular, que utiliza no dia-a-dia. Confira, a seguir, a essência da entrevista.

Estrutura

O Joinville Esporte Clube tem 110 funcionários, somando todas as áreas – administrativa, comercial, financeira, atendimento ao sócio, pessoal de apoio, departamentos de futebol profissional e amador, e até as três lojas da Toca do Coelho. Recebo no meu celular, diariamente, o volume de vendas das lojas e todo o fluxo de caixa, receitas e despesas. Também a programação semanal do grupo de jogadores e comissão técnica me chega, na segunda-feira de manhã. Dedico 70% do meu tempo ao JEC. O presidente tem uma carga de trabalho muito grande.

Orçamento

O orçamento para 2015 é de R$ 37 milhões. Desse valor, estimamos que a TV Globo nos vai pagar R$ 16,2 milhões em direitos de transmissão dos 38 jogos do Brasileirão. Dos 12 mil sócios, devemos obter R$ 800 mil. Calculamos que cada jogo da Série A nos dará uma receita líquida de R$ 200 mil, o que significa R$ 7,6 milhões.

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Renovações

Os três patrocinadores que renovaram conosco (Krona, Romaço e Orbenk) vão juntos entrar com R$ 320 mil. Eles são clientes do meu escritório e do Martinelli (João, irmão de Nereu). O Ovandi (Rosenstock), da Schulz, sempre discreto, nos ajuda muito. Entre outras coisas, compra 500 ingressos dos jogos todos os meses e os distribui entre os seus trabalhadores. Também estamos conversando com a (distribuidora de combustíveis) RDP, do Paraná.

Patrocinador master

Nos faltam um ou dois patrocínios master. Estamos pedindo, por um, R$ 200 mil por mês. Isso poderá representar mais R$ 2,4 milhões ao ano. Estamos negociando com três empresas para colocarem suas marcas como master na camiseta. Uma é de Joinville, do setor do varejo. As outras duas são indústrias: uma de Blumenau e outra de São Paulo. A empresa paulista – o nome ainda não posso contar – deve nos responder nesta semana. Uma concorrente da Krona, de fora de Joinvile, nos procurou, mas nada aconteceu. Tentamos a Milium e não deu certo. A Salfer descartou. Disse que não tem orçamento. Foi o que mais escutei de grandes empresas joinvilenses quando pedimos auxílio para pagar a premiação pelo acesso à Série A e pelo título da Série B.

Valor

Um estudo realizado pelo Infomidia revela que a exposição do JEC na mídia, em 2013, quando estava na Série B, equivale a R$ 159 milhões. O cálculo para 2014 ainda não foi concluído. A estimativa é que seja de R$ 250 milhões. Importante: estes valores representam o quanto o clube aparece na mídia ao longo do ano. E não é o valor da marca JEC.

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Déficit

Temos um déficit mensal que varia entre R$ 500 mil e R$ 700 mil. Em 2009, quando assumimos o comando, recebemos 1,5 milhão de euros com a venda do jogador Ramires. Usamos o dinheiro para liquidar praticamente todos os débitos trabalhistas. Agora só há duas reclamatórias: uma de 2001 e outra de 2003.

Salários

Os diretores do Joinville trabalham sem remuneração, o fazem por amor ao clube. Só são remunerados os gerentes de futebol, de marketing, o superintendente administrativo, enfim, os executivos.

BMW

Nunca houve contato com a BMW. O que a BMW pediu a nós foram 20 ingressos de cadeira para o jogo com a Ponte Preta.

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Análise

Para patrocinar um clube de futebol, os empresários fazem, é óbvio, a análise de retorno do investimento. E avaliamos efeitos positivos e negativos da exposição de sua marca. O JEC tem um dedo empresarial muito forte na gestão. Tratamos com muita seriedade.

Bancos e tributos

As dívidas com bancos (R$ 9,5 milhões) e o recolhimento de tributos (R$ 3 milhões) somam RS 12,5 milhões. É um montante pequeno para os padrões do futebol brasileiro. Os impostos em atraso estão parcelados.

Projeto

Para 2015, temos um projeto pronto para construir gramado sintético, que está orçado em R$ 1,5 milhão. Tentaremos buscar o dinheiro com o Fundesporte, via créditos de ICMS de algumas empresas. Também vamos construir uma piscina no centro de treinamento (CT) e fazer melhorias na academia.

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Camiseta

Queremos apresentar a nova camiseta em janeiro. De preferência, já com validade para o ano. É ruim ter de mudar com frequência a camiseta.