Foram abertos na tarde desta terça-feira os envelopes da licitação para as obras do trapiche do bairro João Paulo, em Florianópolis, e para a decepção dos pescadores, nenhuma empresa se interessou. O prazo final para a publicação do documento era o dia 20 de junho e, com isso, R$ 2,3 milhões garantidos pela Caixa Econômica Federal para o empreendimento podem voltar para Brasília.

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Do lado de fora do prédio da Prefeitura, os trabalhadores aguardavam ansiosos. A colônia dos pescadores do bairro representa 80 famílias. E o presidente da entidade, Silvani Ferreira, lamentou a falta de interessados.

— Infelizmente fizeram isso com a gente. Essa licitação foi feita apenas para nos enganar. Com certeza nós vamos para o Ministério Público denunciar.

O advogado dos pescadores, Ernesto São Tiago, salienta que é comum acontecerem editais desertos. No entanto, ele reclama do conteúdo do documento.

— Ou ele foi tão restritivo que nenhuma empresa com qualificação técnica se apresentou ou o valor pago pelo serviço a ser prestado está abaixo do que o mercado pratica.

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A Prefeitura de Florianópolis informou que irá recorrer ao Ministério das Cidades para não perder o valor que antes estava garantido.

— Nós não contávamos com o deserto e vamos republicar o edital em uma ou duas semanas. Vamos mostrar em Brasília as circunstâncias do processo licitatório, que não estava parado — destacou o secretário de Administração, Everson Mendes.

Quanto à critica de que o edital seria restritivo, o secretário argumentou:

— Existe uma fase de publicidade de 15 dias. É nela que acontecem as impugnações. E nesse período, nenhuma empresa apresentou nenhuma contestação.

A reportagem aguarda uma posição da Caixa Econômica Federal.

Sobre o trapiche

O projeto prevê um porto pesqueiro artesanal de concreto com 250 metros de comprimento em forma de T, protegido de ressacas cíclicas, um sistema de cerca atenuando as ondas, pontões flutuantes para os barcos de pesca e lado direito para expansão de vagas e barcos de passagem.

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No entanto, bem longe desta realidade vivem os pescadores do bairro. O esgoto que jorra no mar transformou a areia da praia em uma lama escura e poluída, e o mau cheiro é bem forte. Para piorar o cenário, dezenas de urubus enormes disputam com as gaivotas os restos de peixe.