O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez hoje um discurso contra o protecionismo, uma das alternativas historicamente utilizadas pelos países para enfrentar crises econômicas. Lula ressaltou que nenhum país tem a “saída perfeita” para a crise e que cada um está tomando as medidas adequadas para a sobrevivência de sua economia, mas ponderou que a adoção de medidas protecionistas não é a solução e que isso pode agravar ainda mais a situação dos mercados.
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– Nós não temos o direito de aceitar o protecionismo como solução para essa crise. Pode ser que uma ou outra empresa esteja a exigir de nós maiores cuidados internos, mas o protecionismo certamente levará a um aprofundamento dessa crise – afirmou, após reunir-se com o primeiro-ministro dos Países Baixos, Jan Peter Balkenende, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo.
– Se os americanos se fecharem, se a Europa se fechar, se Brasil se fechar, a crise ganhará uma dimensão muito maior e aí ao invés de solução, nós poderemos ter o caos. Portanto, a saída para essa crise é mais mercado, mais livre comércio e mais concorrência – acrescentou.
Lula disse que a crise internacional trouxe a oportunidade para que os países possam discutir em fóruns econômicos a criação de uma nova regulamentação sobre o sistema financeiro e paraísos fiscais. Além disso, ele destacou que é necessário repensar o papel dos bancos centrais e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
– Essa crise talvez seja a lição do século 21 – afirmou.
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Segundo ele, será preciso tomar medidas políticas, além das econômicas, para que haja a retomada da confiança nos mercados. Solidez Ao falar sobre os problemas que alguns dos principais bancos do mundo estão enfrentando em razão da crise internacional e sobre as discussões a respeito da estatização dessas instituições, o presidente Lula voltou a dizer que o sistema financeiro brasileiro é sólido, principalmente em razão da importância dos bancos públicos na economia.
– O dado concreto é que no Brasil temos um exemplo da solidez do sistema financeiro, certamente calcado em bancos públicos – afirmou.
Lula disse que mais de 50% do crédito no país é concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pelo Banco do Brasil (BB) e pela Caixa Econômica Federal (CEF) e que essas instituições são as mais ligadas aos investimentos públicos, agricultura, habitação e saneamento básico. Na avaliação dele, isso dá segurança para que o país olhe para o futuro.
Lula reconheceu, no entanto, que há problemas na área de crédito, principalmente pelo fato de grandes empresas brasileiras, como a Petrobras, terem de recorrer ao mercado interno para obter financiamentos. O presidente disse que esse foi um dos motivos do aumento dos spreads (diferença entre as taxas de captação e repasse ao consumidor).
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– Esse é um problema que temos que resolver – afirmou.
– O Brasil não está ilhado, faz parte de mundo globalizado e não está livre dessa crise. A diferença é que, enquanto alguns países entrarão em recessão, o Brasil sofrerá uma desaceleração do crescimento – declarou.
Lula disse ainda que o Brasil não reduzirá “nem um dólar” dos investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e pela Petrobras.
– E para mostrar que não estamos brincando, vamos anunciar nos próximos dias um programa de construção de um milhão de casas populares – afirmou.
– Estamos há alguns meses discutindo também um programa para a renovação da frota de caminhões, geladeiras e fogões – destacou.
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