Pelo menos três testes deveriam ser feitos nas indústrias de leite para verificar possíveis fraudes no processo de produção do alimento. Segundo o professor da Univates e mestre em Engenharia e Ciência de Alimentos Daniel Neutzling Lehn, por ser perecível e pelo volume do produto que chega aos silos, muitas empresas optam por realizar, em alguns casos, somente um dos exames, tornando o processo mais rápido e barato.

Continua depois da publicidade

Veja mais:

> Tire suas dúvidas sobre a ingestão de leite adulterado com formol

> MURAL: Qual a sua dúvida sobre o leite adulterado?

> Saiba quais são as marcas e os lotes supostamente adulterados

Continua depois da publicidade

– Nem todas as indústrias fazem todos os testes possíveis, para relacionar um com o outro. Acabam por adotar critérios de qualidade diferentes. E quem frauda nem sabe disso, apenas ajusta a densidade para ficar no mesmo valor que o leite natural – explica.

O teste mais comum, conforme Lehn, é o que mede a densidade padrão do alimento, o qual gera também menos custos. Já o exame de ponto de congelamento exige um crioscópio, que custa caro, e não é encontrado em muitos dos entrepostos de leite do Estado. Outro fator que aponta contra a detecção de adulteração do produto na indústria é a sensibilidade dos testes.

– Todo método de avaliação tem uma sensibilidade. Os testes feitos nesses casos possivelmente não pegaram alteração. Detectam até um certo valor, abaixo disso não pegam mais nada. Depois que armazena no silo, ninguém mais encontra – observa Lehn.

O conhecimento técnico do processo é fundamental para identificação da proporção do produto que será adulterado e o limite de detecção, diz o professor. Apesar da dificuldade em fiscalizar, Lehn acredita que o Estado realiza o processo adequadamente.

Continua depois da publicidade

Consumo contínuo

Quanto à ureia e o formol encontrados nos produtos supostamente adulterados, o especialista atesta que se tratam de substâncias diferentes. Ele admite que a segunda pode causar câncer, mas também com a ressalva de que o consumo deve ser contínuo e prolongado.

– Efeito agudo não existe. Já o efeito crônico pode ser relacionado ao consumo contínuo em dois, três ou até 20 anos. Se a pessoa tomar um copo desse leite, não vai acontecer nada. O potencial carcinogênico se revela devido à exposição contínua.

Confira os três testes mais usuais do leite que chega à indústria:

– Ponto de Congelamento: determina a quantidade de água presente no leite. É mais caro.

– Densidade: verifica a densidade padrão do leite. Custo mais baixo.

– Umidade: determina se a umidade está dentro dos parâmetros normais.