Um sentimento de angústia e frustação aperta o peito. O sujeito, bronzeado e com olhar perdido, sente falta das férias na praia, além de uma dificuldade de encarar a dura realidade. Pode parecer brincadeira ou exagero, mas existe sim depressão pós-férias, tanto que 23% dos brasileiros sofrem desse mal, conforme pesquisa.

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Depois do merecido descanso, pode bater um mal-estar até o corpo e a mente se readaptarem ao dia a dia. Ter que encarar o trânsito e os compromissos novamente, além de deixar chinelo de lado, pode ser complicado no início.

– Se a dificuldade persistir por mais de duas semanas é sinal de que você pode estar com “síndrome pós-férias??. O problema costuma aparecer nos primeiros dias de trabalho e pode vir acompanhado de desânimo, dores musculares e falta de motivação para levantar da cama – afirma Ana Maria Rossi, presidente da Isma Brasil (International Stress Management Association no Brasil), associação de pesquisa e prevenção do estresse.

Os profissionais mais vulneráveis ao problema, conforme o levantamento da Isma, foram os de finanças, saúde, informática e quem está fora de sua área de formação.

Segundo ela, a insatisfação com o trabalho é apontada como a principal causa. Quem está sem perspectivas profissionais ou está passando por conflitos de relacionamentos no trabalho sente mais dificuldade de voltar à rotina.

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Férias fracionadas

Deixar para comprar a passagem de volta para domingo e retornar ao trabalho na segunda-feira não é uma boa ideia. Uma dica para minimizar o problema é retomar uma rotina pelos menos dois dias antes do fim das férias.

A bancária Priscila Veiga, de 25 anos, está de férias em Florianópolis até domingo e pretende ficar uma semana em casa para “colocar a vida em dia”. Para a analista de projetos, o ideal é dividir as férias em duas partes.

– Fui promovida, então vou voltar com todo pique para o banco. Mas para evitar a correria dos primeiros de volta já estou lendo meus e-mails para chegar tranquila. Em junho tiro a outra parte das férias.

Readaptação

Se o “mal-estar passageiro” não passar é hora de ficar atento. Segundo Rossi, quando a tristeza passa de uma simples readaptação, a pessoa deve avaliar se o problema não está afetando a produtividade e o relacionamento no trabalho.

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– Depois das férias o trabalhador pode se dar conta da insatisfação. A síndrome pode ser a manifestação de problemas que vinham se acumulando. Em alguns casos, é preciso ter ajuda de um profissional.

:: Para voltar com a bateria recarregada

Planejar melhor o tempo de férias, tanto para a diversão como os compromissos.

– Volte de viagem pelo menos dois dias antes do fim das férias. Dá para pagas as contas, ir ao supermercado, tirar as roupas da mala e se adaptar à vida real;

– Tente fracionar as férias em dois períodos. Ficar de pernas pro ar por um mês e ter que fazer contagem regressiva para as próximas pode aumentar a ansiedade no retorno.

– Estabeleça prioridade e não se apavore com o trabalho acumulado.

– Procure compensar o fim das férias com atividades que proporcionam prazer.