– Não tenho medo de morrer, por isso não me importo em trabalhar aqui, onde sou ameaçado de morte toda semana.
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A afirmação é de um vigilante que faz parte da equipe responsável pela segurança no Ticen, em Florianópolis, que não se sente seguro para trabalhar.
O desabafo não é à toa. Na última semana, um caixa eletrônico no pátio do terminal foi arrombado pela segunda vez. Na madrugada de segunda-feira, outra tentativa de arrombamento foi registrada na vizinhança, no equipamento do pátio do Camelódromo, no entorno do Mercado Público.
O vigilante, que preferiu não ser identificado, diz que cuida da própria segurança do jeito dele. Conta que carrega uma arma de fogo e que, se for preciso, não pensará duas vezes em usá-la.
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– Aqui passa muita gente ruim. Não deixo de fazer meu trabalho por medo. Mas me sinto um pouco mais seguro porque ando armado – afirma.
Empresa nega uso de armas
O chefe da equipe de vigilância da Cotisa, empresa responsável pela segurança no local, Rogério dos Santos, diz que nenhum dos vigilantes trabalha armado no Ticen. Mas adianta que todos têm porte (autorização para uso), para algum caso extremo.
Segundo ele, quando os seguranças percebem a presença de alguém suspeito, pedem reforço para a PM.
PM no Centro, sim, mas não no terminal
O comandante do 4º Batalhão da PM, tenente-coronel Carlos Alberto Araújo Gomes, garante que há policiamento no Centro de madrugada, embora os PMs não transitem, normalmente, pelo terminal. Já a Guarda Municipal não trabalha da meia-noite às 6h, por falta de efetivo. O diretor da Cotisa, Marcelo Biasotto, acrescenta que os vigilantes a serviço da empresa contam apenas com radiocomunicadores, celulares e cassetetes para garantir a ordem no terminal.
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Os arrombamentos dos caixas eletrônicos não foram flagrados pela equipe, mesmo com quatro vigilantes, 32 câmeras e um centro para monitorar as imagens em plena atividade.
Usuários também reclamam
Os usuários sentem o clima de insegurança e pedem maior atenção das autoridades. A doméstica Ivânia Arcanjo, 42 anos, vai ao Centro todos os dias, para trabalhar.
Quando chega, às 6h, e quando volta, próximo às 20h, ela redobra os cuidados, com medo de se tornar vítima na mão de algum bandido que possa estar no terminal.
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– É difícil saber quem é perigoso ou não. Sempre vejo moradores de rua, usuários de drogas, e geralmente estou sozinha. E também não há outra opção de transporte para eu vir trabalhar. Tenho que rezar para que nada de mal aconteça e nunca vejo policiais, nem ali perto do Mercado, nem próximo das plataformas.