No final de 2015, depois de 45 anos de dedicação ao Grupo RBS, Nelson Sirotsky decidiu deixar os cargos executivos da empresa fundada por seu pai e que capitaneara a comunicação no Sul do país. Era chegada a hora de trilhar um novo caminho. Em O Oitavo Dia, que será lançado terça-feira em Florianópolis, o empresário conta a trajetória daquele jovem que começou a trabalhar aos 17 anos e assumiu a presidência do grupo antes dos 40.

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É uma narrativa que fala não só sobre seus negócios, mas também sobre sua saga familiar, que começa com imigrantes que atravessaram o mundo para tentar a vida na América. Para chegar a um formato inovador dos relatos que guarda na memória, Nelson convidou Leticia Wierzchowski, autora da consagrada obra A Casa das Sete Mulheres, para um mergulho em seus valores, espiritualidade e reflexões, tanto no âmbito pessoal quanto no empresarial. O resultado é uma história de coragem e de sucesso, um livro em que fatos reais ganham uma dimensão literária.

— Todas as histórias do livro são verdadeiras, reais, da minha família, da própria RBS. Não é um livro de gestão, de ficção, de biografia, um romance ou livro empresarial. Mas acaba sendo um pouco de tudo isso. Os assuntos abordados têm a minha perspectiva da verdade, que, como qualquer verdade, não é absoluta — explica Nelson.

A construção flexível do texto multiplica as visões sobre o empresário e sobre os fatos, e ajuda a esclarecer a personalidade forte e carismática de um homem que, desde menino, sentiu o mais completo fascínio pela profissão do pai, o comunicador Mauricio Sirotsky Sobrinho, falecido em 1986. Do início de sua carreira como auxiliar de contabilidade à presidência do grupo empresarial, Nelson compartilha no livro os bastidores de um dos mais respeitáveis e influentes conglomerados de comunicação do Brasil.

Na obra, os autores também contam a história da RBS em Santa Catarina, que começou em 1979 com a aquisição de uma emissora de televisão e terminou em 2016, quando o grupo transferiu os veículos para o Grupo NC. Além de ter montado a TV Catarinense em Florianópolis, a RBS inaugurou a TVSC em parceria com empresários locais de Joinville, comprou a TV Coligadas de Blumenau, a TV Chapecoense e a TV Eldorado de Criciúma. Todas passaram à operação em sinergia com a empresa no Rio Grande do Sul. Nelson conta que foram anos de realização. Em entrevista, Nelson Sirotsky reforça sua ligação com o Estado:

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— Eu morei em Santa Catarina quatro anos. Recém-casado, eu e minha mulher começamos a construir a empresa em 1979. Mesmo depois de eu sair do Estado, nossos vínculos são fortes.

Agenda

O Oitavo Dia – Nelson Sirotsky e Leticia Wierzchowski

432 páginas – R$ 49,90

Lançamento em Florianópolis, terça-feira, às 18h, na Livrarias Catarinense – Beiramar Shopping

Entrevista: “Meus vínculos com Santa Catarina são muito fortes”

Como surgiu essa parceria com a Leticia Wierzchowski?

Surgiu em 2017, quando decidi colocar no papel um conjunto de gravações que já tinha preparado em 2016. Decidi transformar isso em uma publicação ou documento. Lá no início, sequer imaginava que isso se transformaria em um livro. Foi sugestão da Anik Suzuki, da ANK Reputation Boutique Projects, que eu chamasse um escritor. Foi aí que surgiu o nome da Leticia.

O livro conta a sua passagem por Santa Catarina. O que mais fala sobre o Estado?

A minha passagem por Santa Catarina e a construção da RBS no Estado são um capítulo muito importante no livro. Traz a retrospectiva narrativa da empresa em SC, desde os desafios até o momento que, em 2016, nós transferimos a RBS para o Grupo NC. Exatamente por isso também vamos lançar o livro em Florianópolis. Morei em Santa Catarina quatro anos. Recém-casados, eu e minha mulher (Nara) começamos a construir a empresa em 1979. Meu irmão (Pedro) construiu uma vida em SC. Nossos vínculos com Santa Catarina continuam sendo muito fortes.

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Diante de toda a sua história na comunicação, como avalia o mercado atualmente e o que acredita que está por vir?

A comunicação vive um período de grandes desafios estruturais tendo o impacto das novas tecnologias e do comportamento dos consumidores. Continuamos trabalhando nessa direção de que sempre haverá espaço para o jornalismo sério, responsável, de qualidade. Só assim que poderemos enfrentar no futuro essa nova realidade do mundo de que cada pessoa é um agente de geração de informação e muitas vezes criando fake news. Também acredito muito no jornalismo local, que envolve uma comunidade específica, de pessoas que vivem numa determinada cidade, Estado. É um jornalismo sério que aproveita todas essas novas plataformas disponíveis.