Dois anos atrás, a carreira política não passava pela cabeça do comandante Nelson Coelho, vice na chapa de Udo Döhler (PMDB) na disputa pela Prefeitura de Joinville. O policial militar sempre achou que essa vida “não era para ele”.

Continua depois da publicidade

O lado político foi sendo moldado por uma sucessão de acontecimentos, que começou anos antes e evoluiu sem que ele percebesse. O primeiro deles remonta ao período em que assumiu o comando do Grupo de Radiopatrulhamento Aéreo de Joinville (Graer), em 2007.

Logo que chegou ao Graer, notou que o trabalho ali não tinha espaço na mídia como gostaria. Então, passou a postar fotos e informações nas redes sociais para que a comunidade conhecesse o trabalho da corporação. Piloto por formação, Coelho teve uma atuação de destaque. Depois de um tempo, tornou-se popular e, às vezes, polêmico, outro motivo pelo qual nem pensava na vida pública.

– Sou objetivo nas minhas falas, tenho minhas opiniões e pensava que isto não combinava com a política. Mas você deve dizer o que pensa – diz o candidato.

Em 2014, Coelho foi designado para comandar o 8º Batalhão da Polícia Militar em Joinville. No ano seguinte, algo incomum – e decisivo para a candidatura a vice-prefeito – aconteceu. Em julho de 2015, em meio a cobranças de todos os lados por causa do aumento do número de homicídios na cidade, o comando da PM na região Norte tornou pública a decisão de substituir o comandante do 8º Batalhão.

Continua depois da publicidade

A repercussão do anúncio foi imediata. Coelho recebeu muitas mensagens de apoio da comunidade e o comando-geral da PM acabou não confirmando a troca naquele momento. Seis meses depois, seria transferido para Florianópolis. Mas Coelho estava longe de ser esquecido.

O episódio chamou a atenção da classe política, que enxergou no policial um potencial candidato a vereador. Depois das sondagens de alguns partidos, o sim foi dado ao PMDB e, especialmente, ao candidato a prefeito Udo Döhler.

Nascido em Florianópolis e morando na Capital após a transferência, o comandante gostou da ideia de voltar a Joinville. O avô foi inspetor escolar no Colégio dos Santos Anjos e o pai é natural da cidade. Em Joinville, estão grandes amigos e a filha de 11 anos. Por enquanto, o candidato prefere não pensar no futuro político.

Afirma que seguirá como a equipe tática da polícia: avançando um cômodo por vez, dominando o primeiro ambiente antes de partir para o segundo. Confira os principais trechos da entrevista concedida ao “AN”.

Continua depois da publicidade

Papel do vice-prefeito

– O vice-prefeito é um elo, uma segunda porta aberta para a comunidade e para as estruturas do município. O Udo é uma pessoa que trabalha das 6h até a hora que dá, e não vai ser diferente comigo. Minha característica é de proximidade, ir ao local, conversar e tentar encontrar soluções. Quero ser um facilitador. Não fiz nenhum condicionante quando aceitei a candidatura. Vou dizer o que concordo e o que não concordo. A articulação política fica por conta do partido e do prefeito. Posso levar o olhar da segurança pública para dentro da gestão do município. Por exemplo: a feira do bairro Floresta dá certo porque ali tem uma base da Polícia Militar. A interação com a estrutura de segurança possibilita um trabalho que consegue agregar renda e o cidadão vai para lá se divertir com a percepção de segurança. E aquele hambúrguer de costela é uma delícia (risos).

Composição da chapa

– Fui sondado para me candidatar a vereador pelos partidos Rede, PRTB e PSB, até que amigos próximos me convidaram para ir para o PMDB. Para surpresa de todos, o Udo me convidou para ser o vice dele. (A tomada da decisão) Foi no último dia permitido pela Lei Eleitoral porque tenho que pensar que não é só o Coelho vice do Udo. Sou uma figura pública de uma instituição de mais de 180 anos. É uma decisão importante, que não podia ser tomada sem pensar. Aceitei pela figura do Udo, pelas pessoas que me convidaram e pela história do partido. Além disso, fechando 30 anos na instituição (da PM) e estando próximo de ir para a reserva, achei que o momento era adequado, com minha experiência profissional, minha bagagem, para ajudar o prefeito Udo.

Propostas

– Em Joinville, assusta muito o índice de homicídios pelas diferenças sociais e por uma coisa que o Estado demorou muito tempo para entender: a instalação do crime organizado. A plataforma de governo do Udo foi um trabalho muito grande com a participação do Instituto Ulysses Guimarães. Quando entrei, os planos estavam traçados, o que fiz foi ajustar algumas coisas, mas a espinha dorsal está adequada e como prevê a Constituição Federal. Não podemos dizer que a Guarda Municipal vai fazer segurança na rua. Não é função dela. Só posso dizer que vai fazer a guarda e segurança de patrimônio público. Como o efetivo é de 40 pessoas, a Guarda está fazendo a segurança de escolas municipais de maior vulnerabilidade social para evitar a entrada de drogas. O Udo quer aumentar o efetivo para 120 guardas. Ele sabe que a necessidade é maior, mas é um gestor pé no chão, está evoluindo dentro da possibilidade. É preciso ter prioridade, quem gere sem prioridades está quebrado.

FRASES

Sou tão aficionado pelo trabalho, tão focado, que o meu estresse é só descansar.

Os policiais militares são apaixonados pelo que fazem e eu sempre fiz tudo com carinho, amor, paixão. Esse mesmo espírito vou levar para gestão do vice-prefeito. A essência do trabalho da PM, e que levo para a política, é a vontade de servir.

Continua depois da publicidade

O futuro será aquilo que for o mais adequado. Tenho que fazer bem o papel de vice-prefeito, com qualificação. Se for a vontade de todos e eu estiver preparado, talvez tenha continuidade (na política), mas não quero pensar nisso agora. Quero pensar no dia 30 de outubro.

FICHA TÉCNICA

Nome: Nelson Henrique Coelho.

Partido: PMDB.

Data de nascimento: 22/9/1967.

Local: Florianópolis.

Grau de instrução: superior completo.

Profissão: policial militar.

Personalidades que servem de inspiração: lideranças políticas que fazem parte da história do PMDB, como Ulysses Guimarães, Pedro Simon e Luiz Henrique da Silveira.

Declaração de bens (TRE): R$ 500 mil.