Das 3.253 pessoas eleitas para cargos políticos nas 295 cidades catarinenses no pleito de 2018 e 2020, apenas 42 são negras. No montante de vereadores, cargo mais próximo do povo e com mais vagas disponíveis, apenas 41 eleitos são negros no Estado. Eles representam 1,42% do total deste cargo. Neste Dia da Consciência Negra, dados levantados com exclusividade pela reportagem apontaram uma realidade desigual, que para especialistas e negros eleitos, escancaram a falta de representatividade da comunidade negra na política.
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Caterine Nogueira (Cidadania), Antonio Carlos Da Silveira Junior, mais conhecido como Toninho (PSB), e Cesario Rodrigo Pereira (PSB) fazem parte do trio de vereadores eleitos em 2020 na Grande Florianópolis. Na região moram mais de um milhão de pessoas. Eles representam, respectivamente, os municípios de Santo Amaro da Imperatriz, São José e Governador Celso Ramos. A capital do Estado não tem nenhum vereador negro.
— Ser o único vereador negro e a única vereadora negra da Grande Florianópolis, em um universo de um milhão de pessoas não é motivo de orgulho para nós. Esse é um sinal de alerta vermelho, para uma população onde muitos dizem que não são racistas. Mas na hora H isso não convence. Florianópolis que é a capital do estado não tem um vereador negro. É muito complicado, precisamos de mais representatividade – explica Toninho.
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Mesmo entre os candidatos, a parcela de pessoas negras que pleiteiam um espaço nas Câmaras municipais foi de 4% em 2020. Não que historicamente as chances estejam a favor de homens e mulheres pretas que decidem concorrer a algum cargo político. Por exemplo, um a cada seis brancos se elegeu a vereador em Santa Catarina na última eleição. Para negros, a proporção salta de um a cada 18 que conseguem alcançar o cargo.
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— Existe uma forma, uma padronização política. Uma educação política ao qual estamos condicionados. Ainda hoje existe esse olhar de que o homem é programado para este lugar [político] e mulher não. O que pra mim é um grande falácia. E ainda hoje também se olha para o sujeito branco como grande pensador, que sabe fazer política. Mas para o sujeito negro esse entendimento não se aplica — explica o advogado e doutorando em Antropologia na Universidade Federal de Santa Catariana (UFSC) Thiago da Silva Santana.
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