A quarta-feira foi de ânimos mais calmos para os servidores municipais de Florianópolis. Um dia após os confrontos com Polícia Militar e Guarda Municipal em frente à Câmara de Vereadores, cerca de 5 mil grevistas fizeram uma passeata até o prédio da prefeitura, onde líderes do sindicato da categoria (Sintrasem) foram recebidos para ouvirem uma proposta do Executivo para por fim à paralisação que entra nesta quinta-feira no nono dia.
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Enquanto a mesa se reunia, do lado de fora manifestantes na chuva cantavam gritos de ordem contra o prefeito . No entanto, trata-se de um considerável avanço nas negociações, já que Gean Loureiro havia dito que a prefeitura não iria dialogar com trabalhadores em greve. Na reunião desta tarde, o secretário da Casa Civil, Felipe Melo, e o de Administração, Everson Mendes, propuseram ao sindicato criar uma comissão para rediscutir o plano de carreira, já que entre os projetos de Gean estava a revogação do plano. Também garantiram que os dias parados poderão ser compensados em finais de semana, caso contrário o ponto seria cortado. Por fim, garantiram a retirada da ação judicial contra o sindicato e que cobrava a ilegalidade da paralisação.
— Eu acredito que a partir de amanhã não haverá mais greve no município de Florianópolis. Isso demonstra amadurecimento nesse processo, que nós estamos no caminho certo e que a cidade vem sendo comandada de maneira forte e dedicada no sentido de fazer com que os serviços públicos estejam à disposição da população — acredita o secretário Felipe Melo.
Os funcionários cantam músicas contra o prefeito Gean Loureiro. Tem até beatbox! pic.twitter.com/VHpp9LHLfR
— aovivodc (@aovivodc) 25 de janeiro de 2017Continua depois da publicidade
Com relação às mudanças no estatuto dos servidores que reduzem horas extra e retiram gratificações para quem não tenha cumprido 2/3 do tempo de serviço, Melo diz que trata-se de matéria vencida, já aprovada na Câmara. Junto com o plano de carreira, essas são os medidas do “pacotão” que mais indignaram os servidores. Agora eles irão votar a aprovação ou não das propostas nesta quinta-feira.
— Nós da comissão achamos até bem razoável a proposta, mas foi só na palavra. Não houve qualquer documento. Por isso vamos esperar que o secretário nos mande um ofício, eles ficaram de encaminhar isso, pra colocarmos em votação em assembleia — explicou o presidente do Sintrasem, Alex Santos.
Pela manhã, na primeira movimentação da prefeitura para o diálogo, o secretário Everson Mendes havia entregue uma carta à direção do sindicato propondo a rediscussão do plano de carreira. Alex Santos leu a proposta para os servidores reunidos em assembleia na praça Tancredo Neves, e houve ampla vaia.
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Para provar que salários não mudam, Prefeitura vai disponibilizar contra cheques
No final da tarde de quarta, a prefeitura divulgou nota informando que o prefeito havia determinado que fossem disponibilizados os contra cheques de janeiro para os servidores a partir de quinta-feira. Segundo Gean Loureira, a medida visa acabar com boatos de que servidores perderiam valores nos salários por causa das mudanças para equilibrar as contas da Prefeitura.
De acordo com o prefeito, nenhum servidor terá seu salário diminuído por conta dos projetos aprovados.
— As medidas visam segurar o crescimento da folha de pagamento, que deve chegar a R$ 1 bilhão neste ano, e não diminuir salários ou benefícios. Gratificações serão mantidas para aqueles que já recebem, assim como aqueles que já agregaram para a aposentadoria.
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Segundo a prefeitura, a reforma administrativa e a suspensão do atual plano de carreira trarão uma economia de R$ 50 milhões durante um mandato. A Secretaria da Fazenda diz que caso o município não faça essa contenção de despesas, não haverá recursos para pagar salários a partir de setembro.