O plano de manutenção por mais 10 anos da aliança de partidos que governa o Estado desde 2003 corre risco de fazer água já nas eleições municipais. Nas duas maiores cidades, Joinville e Florianópolis, a unidade entre PMDB, PSD e PSDB enfrenta resistências de lideranças locais e estaduais, o que tem feito o próprio governador Raimundo Colombo agir para resolver questões paroquiais.
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O gesto mais emblemático aconteceu na terça-feira, quando o governador telefonou para o vereador Patrício Destro (PSD) para convencê-lo a votar na colega Tânia Eberhardt (PMDB) à presidência da Comissão de Legislação da Câmara de Joinville. Colombo queria evitar um acerto do vereador pessedista com o PT, que garantiria mais espaço ao PSD, mas isolaria o PMDB. Convenceu Destro da importância de estar junto dos aliados estaduais.
O senador Luiz Henrique (PMDB) tem tentado amarrar a aliança em torno do empresário Udo Döhler (PMDB) em Joinville ao apoio do PMDB à reeleição de Colombo em 2014. A solução esbarra nas pretensões dos deputados Darci de Matos (PSD) e Kennedy Nunes (PSD) e de outras lideranças do PSD, dispostos a evitar uma alternativa que torne o partido refém dos peemedebistas.
Foi o caminho tomado, por exemplo, em Florianópolis. Enquanto o prefeito Dário Berger (PMDB) lança o secretário municipal Gean Loureiro (PMDB), o PSD do pré-candidato Cesar Souza Junior (PSD) está em avançadas negociações para contar com o vereador João Amin (PP) de vice – filho de Esperidião e Angela Amin, adversário ferrenhos da atual gestão.
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Oficialmente, Colombo diz que as eleições municipais têm lógica própria e não interferem na aliança estadual. Lembra que em 2008 os partidos se enfrentaram em Joinville e Florianópolis sem causar danos à tríplice. Na prática, tenta impedir que os vazamentos comprometam sua base.
Um dos gestos foi sondar Kennedy Nunes para uma secretaria, o que eliminaria um nome da disputa joinvilense. Ao mesmo tempo, a decisão já tomada de tirar Marco Tebaldi (PSDB) da Secretaria da Educação pode romper de vez os canos da tríplice na cidade, ao forçar uma candidatura própria do tucano.
– Não está nos meus planos ser candidato. Mas sei que ficará difícil segurar caso eu não fique na secretaria – admite Tebaldi.
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Se em Joinville a tentativa é de fechar o vazamento, em Florianópolis, a opção dos defensores da tríplice aliança é aprender a conviver com a água vazada, pois é dado como certo que os partidos se enfrentarão.
– Caminha para esse cenário. Se confirmado, o governador não poderá ter um envolvimento maior – avalia Eduardo Pinho Moreira (PMDB).
– Nós tínhamos os dois lados do rio para escolher e fizemos a escolha. Não dá para fazer zigue-zague – diz Gelson Merisio, presidente do PSD, sobre a aliança na Capital.
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Enquanto isso, os tucanos mantém o vice-prefeito João Batista Nunes (PSDB) como pré-candidato, mas dispostos a conversar com todos os partidos – do PP ao PT.
– Estamos nos sentindo liberados para qualquer composição – afirma o presidente do PSDB, Leonel Pavan.
Com menos potencial explosivo, diferenças entre os partidos da tríplice aliança marcam também as eleições de Blumenau, Criciúma, Itajaí, Balneário Camboriú e Lages, entre outras. Nesses casos, as rivalidades já estavam presentes, em maior ou menor grau, nas eleições de 2008. A disputa de 2012 será o novo teste da aliança que governa Santa Catarina.
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