As negociações climáticas da ONU com o objetivo de conter a marcha destrutiva do aquecimento global passaram do prazo nesta sexta-feira e avançavam pela madrugada de sábado, enquanto os negociadores discutiam o financiamento para países pobres e a ampliação da vigência do Protocolo de Kyoto.
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Os delegados tentam desbloquear os últimos obstáculos para chegar a um consenso sobre um plano interino para deter as mudanças climáticas e facilitar um novo acordo, que precisaria entrar em vigor em 2020.
O financiamento para ajudar países pobres a lidar com os efeitos do aquecimento global e fazer a transição para fontes de energia mais ecológicas foi um importante ponto que paralisou as negociações dos quase 200 países reunidos na capital catariota.
– Não podemos encerrar (as negociações) sem… finanças – disse a jornalistas do negociador gambiano, Pa Ousman Jarju.
Os países desenvolvidos são pressionados a demonstrar como pretendem manter a promessa de obter o financiamento climático para os países mais pobres de até US$ 100 bilhões ao ano até 2020, a partir de um total de US$ 30 bilhões em 2010-2012.
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Os países em desenvolvimento dizem precisar pelo menos de outros US$ 60 bilhões entre agora e 2015 – a começar com US$ 20 bilhões no próximo ano – para lidar com um número maior de secas, cheias, elevação do nível do mar e tempestades causados pelo aquecimento global.
Mas os Estados Unidos e a União Europeia se recusaram a dar números precisos relativos ao financiamento entre 2013-2020, alegando sérios problemas financeiros.
– A UE não pode aceitar um texto que inclui um compromisso de até US$ 60 bilhões de dinheiro público em 201, considerando as restrições orçamentárias que enfrentamos – disse à imprensa esta sexta-feira o ministro francês do Desenvolvimento, Pascal Canfin.
Também está em discussão o chamado “ar quente”, nome dado às cotas de emissões de gases de efeito estufa atribuídas aos países na primeira etapa de vigência do Protocolo de Kyoto e não usaram, um total de 13 bilhões de toneladas.
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Os créditos podem ser vendidos a países que lutam para atingir suas cotas, o que significa que os níveis de gases de efeito estufa diminuem no papel, mas não na atmosfera.
O acordo sobre o tema do “ar quente” é chave para que os delegados em Doha possam prorrogar o período de vigência do Protocolo de Kyoto, cujo prazo expira em 31 de dezembro.
O tratado é o único pacto legalmente vinculante para cortar as emissões de gases-estufa, mas se concentra apenas em países desenvolvidos e exclui os grandes poluidores emergentes, como China e Índia, bem como os Estados Unidos, que se recusaram a ratificá-lo.
Um novo acordo para 2020, a ser finalizado até 2015, incluirá compromissos para todos os países.
Também está em discussão a duração de um “segundo período de compromissos” interino após 2012.
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