Nas instalações do organismo de combate ao crime organizado da cidade líbia de Misrata, Ali Tuwaileb verifica a temperatura dos contêineres frigoríficos alinhados a céu aberto. Neste necrotério jazem, km ao leste de Trípoli), três estavam avariados.
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“Tivemos que distribuir os corpos em frigoríficos que funcionam”, prosseguiu.
“Mas nós precisamos deles, sobretudo no verão. Primeiro por causa das altas temperaturas e sobretudo pelos cortes elétricos. Sempre é preciso se assegurar de que o grupo eletrógeno funciona e que se pode alimentar regularmente com combustível”.
Ao abrir um dos contêineres, Tuwaileb libera uma espessa nuvem de vapor com cheiro de morte, que se densifica em contato com o ar quente.
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No interior, sacos de corpos machados de sangue e lama estão dispostos em estantes metálicas, envoltos por um cheiro nauseabundo.
“Os sacos têm número e estão classificados. Cada cadáver dispõe de seu próprio dossiê, de uma amostra de DNA e de todos os elementos, documentos e outros indícios encontrados em cada corpo”, explica Tuwaileb.
Aos corpos encontrados em Sirte tiveram que somar os dos jihadistas mortos semanas depois em um bombardeio americano ao sul da cidade.
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Tuwaileb afirma ter recebido sessenta corpos vindos dos locais bombardeados.
Os Estados Unidos afirmam ter matado mais de 80 combatentes do EI com uma centena de bombas teleguiadas ou a laser, lançadas por dois aviões furtivos sobre dois acampamentos de jihadistas, situados 45 km a sudoeste de Sirte.
– Transferência de dossiês –
Os dossiês foram transportados ao gabinete do procurador-geral em Trípoli. “É ele quem deve decidir o que vai acontecer com estes corpos, se os enterramos e onde”, explica Tuwaileb.
Segundo ele e os documentos de identidade encontrados, a maioria dos cadáveres é de jihadistas tunisianos, egípcios, sudaneses e, inclusive, líbios. Ninguém veio buscá-los.
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“Não sabemos se estes países contataram o procurador-geral para recuperar os cadáveres de seus cidadãos, mas no que nos diz respeito, ninguém veio nos visitar para tentar identificar os corpos”, acrescentou.
Contatado várias vezes pela AFP, o gabinete do procurador-geral não quis se pronunciar sobre o tema.
“Enquanto isso, os corpos vão ficar aqui. O problema é que algumas companhias que nos emprestaram os contêineres frigoríficos querem recuperá-los”, reforça Tuwaileb. “Digo a eles que podem recuperar seus frigoríficos, mas com o conteúdo”.
* AFP