Afastado das competições desde julho do ano passado por ter sido flagrado no exame antidoping por uso de esteróides anabolizantes, o catarinense Neco Padaratz viveu um retorno triunfal em sua estréia no Hang Loose Pro Contest 2006, nesta quarta, com um show nos tubos da Cacimba do Padre, inaugurando a terceira fase do campeonato de surfe mais tradicional da América do Sul.
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Sua primeira onda foi uma direita que acabou encerrada junto com uma esquerda fantástica do cabo-friense Victor Ribas, que valeu a segunda nota 10 deste ano em Fernando de Noronha (PE). Os dois foram os últimos brasileiros a vencer esta etapa nas ondas mais potentes do país, em 2002 e 2003, respectivamente, que apresentavam boas condições com até 2,5 metros de altura nesta quarta.
O evento segue até domingo, quando termina o prazo para definir o campeão da quarta etapa do World Qualifying Series (WQS), que ganha um prêmio de US$ 12 mil e 2000 pontos no ranking da divisão de acesso do circuito mundial.
– Estou muito feliz, a bateria foi numa hora muito boa do mar e dei sorte de pegar aquela onda que o Tânio (Barreto) deixou para mim, acabei acreditando e consegui completar um tubo bem longo, bem difícil e vibrei bastante quando ouvi que era nota 10 – contou Victor Ribas, que confessou ter tomado um susto quando encontrou com o Neco Padaratz no final da onda. – Não entendi nada, só vi o vulto passando e só depois vi que era o Neco. Fiquei um pouco espantado, mas ninguém atrapalhou ninguém e foi muito bom ter passado a bateria com o Neco, um grande surfista que está aí de volta e com certeza vai recuperar seu merecido lugar no WCT (divisão de elite), todos nós torcemos por isso – disse Vitinho, que passou em segundo lugar, pois na onda conjunta Neco recebeu nota 8,4 e em sua segunda apresentação, em outro tubo fantástico, ganhou nota 9,07 para totalizar 17,47 pontos.
Neco também conta como foi a sua primeira onda surfada numa bateria depois de sete meses de suspensão.
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– Para mim, encontrar com o Vitinho no final foi uma grande surpresa, porque quando eu entrei na onda eu não vi ele, já entrei no tubo e quando saí não sabia nem de onde ele tinha vindo, acabou que nós dois tomamos um susto”, descreveu Padaratz, que falou um pouco do seu retorno às competições. – Foi um momento de aprendizado, apesar de tudo isso que aconteceu comigo minha vida melhorou bastante, estou numa nova fase e independente do resultado quero estar bem preparado para entrar na água e fazer o melhor possível para representar bem minha bandeira – falou Neco.
O catarinense disse ter uma paixão especial por Fernando de Noronha.
– Deve ter alguma coisa enterrada aqui que é só minha. Quando venci o campeonato em 2003 também vivia um momento especial, tinha perdido o patrocínio, agora estou retornando aqui de novo e os tubos vieram para mim na bateria, não tenho nem palavras, é muita emoção – contou Neco, que ainda comentou sobre sua estréia no Hang Loose Pro Contest 2006. – Fiquei muito tempo sem competir, mas consegui manter a calma, apesar de que no começo da bateria fiquei um pouco ansioso porque os caras estavam pegando onda direto e eu tive que ter paciência para esperar o momento certo de pegar minha primeira onda, aquela direita. Depois peguei uma esquerda (nota 9,07) meio na sorte, fui remando junto com o gringo (Patrick Gudauskas) e o Tânio (Barreto) até quase lá no Morro (Dois Irmãos), mas os caras desistiram, eu continuei e veio a onda, foi persistência mesmo e confiança de que poderia subir uma boa onda ali para mim naquela hora – relembrou.
O show de tubos nesta quarta começou logo nas primeiras baterias do dia. As ondas diminuíram um pouco em relação à terça na Cacimba do Padre, porém ficaram mais tubulares. O paulistano Renan Rocha venceu o primeiro confronto do dia e o tahitiano Hira Teriinatoofa, os australianos Ryan Campbell e Jock Barnes, o sul-africano Shaun Payne, os brasileiros Simão Romão (RJ), Adilton Mariano (CE) e Olavo Aguiar (PE), além de Frederic Robin, das Ilhas Reunião, também ganharam as baterias restantes da segunda fase. Mesmo passando em segundo lugar, o catarinense William Cardoso foi um dos destaques do dia, pois conseguiu sua classificação num dos confrontos mais disputados do Hang Loose Pro Contest 2006.
– Poxa, estou muito feliz, até porque hoje é o meu aniversário, serviu como presente – falou William Cardoso, que brigou até o último minuto para conseguir a segunda colocação na bateria vencida pelo surfista das Ilhas Reunião, Frederic Robin, com ambos superando o australiano Ben Dunn e o carioca Guilherme de Souza, que também pegaram ótimos tubos na 22ª das 24 baterias da segunda fase.
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A competição reinicia às 8h nesta quinta com as 12 últimas baterias da terceira rodada e a previsão é realizar mais oito das 12 baterias da quarta fase, a última formada por baterias com quatro atletas na água. Depois, tem mais uma fase com três surfistas e aí vem as oitavas-de-final, quando os confrontos passam a ser homem-a-homem.