Uma notícia, até despretenciosa, veiculada pela Agência Estado, me levou a uma reflexão. O Flamengo acertou uma “parceria” com o Brasiliense, clube que pertence ao senador cassado Luiz Estevão, e, por conta dela, vai vender metade do passe de 17 jogadores que não estão sendo utilizados pelo técnico Zagallo na equipe principal. As vezes fico pensando se trata-se de uma parceria, mesmo, ou de uma simples “desova” – com perdão pelo termo agressivo. Há 99% de chances desse acerto ser oportunista e, não, visar a um futuro para ambos. O rubro-negro se livra de um “lixo”, de um “entulho”, e o time de Brasília se satisfaz com restos. A semelhança com outros casos no Brasil afora não é mera coincidência. Realidade O conhecimento profundo de um assunto é pré-requisito básico para abordá-lo. Portanto, sem conhecer os detalhes da parceria firmada entre Figueirense e a empresa do César Sampaio e do Rivaldo, fica difícil avaliar se trata-se de algo oportunista, ou não. A julgar as ações do presidente Paulo Prisco Paraíso à frente do alvinegro, me parece que, pela sua conduta metódica e perspicaz, deve ser algo com bastante planejamento. A nação alvinegra torce – e muito – por reflexos positivos a curto prazo, dentro de campo, a exemplo do que é feito fora dele, na área patrimonial. Na verdade, descobrir alternativas de marketing e de arrecadação não é coisa fácil, pelo menos no Figueira o profissionalismo tem imperado. Conceito A deturpação do conceito de parceria é uma das chagas do futebol brasileiro. O exemplo desta união entre Flamengo e Brasiliense se prolifera pelo Brasil. Aqui em Santa Catarina vemos parcerias nascerem e se extingüirem com uma velocidade acelerada, inapropriada para suas propostas. Não há durabilidade, não há retorno e não fica claro quem saiu ganhando. Parece incrível que falamos de futebol profissional, de uma classe de trabalho, que são os atletas, envolvidos em uniões meramente engendradas. Sem planejamento, sem meta, sem clareza. Quantas vezes se ouve algo sobre o interesse de Flamengo, Vasco, Palmeiras, Grêmio, enfim, clubes grandes, em investir por aqui, ou acolá. Não passam de apoio a escolinhas, visando a garimpar jogadores e depois faturar milhões nas costas dos garotos. Sem sobrar nada para o clube ou profissional da terra de origem deste. Sujeira Desde o início do ano que é anunciada uma racionalização do futebol brasileiro. O motivo: a desintegração do modelo “vai como dá”, que vige há décadas. Anunciar, não é agir de forma concreta. Até porque não há interesse de muitos dirigentes na moralização do futebol, isso só implicaria em perda de dinheiro, adquirido de forma espúria na negociação de jogadores. Pois bem, às vésperas de começar as Séries A e B – a Série C ainda é história da Carochinha -, se anunciou muita coisa, mas a verdade ainda não veio à tona. A Série A está sendo alinhavada, apesar de já ter tabela e tudo. Por quê? Pela ameaça de ações na Justiça Comum, que podem garantir a entrada do Remo e de outros menos votados na divisão de elite. Mas politicamente tudo ainda será “ajeitado” entre o presidente Ricardo Teixeira e poderosos senadores. Na Série B, nem o início da competição – que também já tem tabela – está garantido por falta de dinheiro e mobilização dos clues. A sujeira ainda está sob o tapete. Rebuliço Criciúma em ebulição. O jogador Maicon Sinzenando, o lateral-direito da Seleção Sub-20, tido como uma das revelações do Mundial, nasceu na Vila Zuleima, em Criciúma e, simplesmente, deixou o Tigre para ir ao Cruzeiro na troca que envolveu a vinda de Jefferson Feijão. Há quem garanta que o atleta é 50% do time mineiro e a outra metade da equipe catarinense. Pergunta-se: não tivesse o garoto ido para o Cruzeiro, seria convocado?

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