A NBA, liga norte-americana de basquete, informou neste sábado que abriu uma investigação sobre comentários racistas supostamente proferidos por Donald Sterling, proprietário do Los Angeles Clippers. O escândalo estourou quando o site TMZ divulgou o áudio de uma suposta conversa de Sterling com sua namorada – conhecida apenas pela inicial V e o sobrenome Stiviano e que, aliás, é descendente de negros e mexicanos.
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O cartola teria sido ouvido criticando V. Stiviano por publicar uma foto dela ao lado do lendário armador Magic Johnson na rede social Instagram. “Fico chateado com o fato que você queira mostrar sua associação com pessoas negras. Você realmente precisava fazer isso?”, diz a voz atribuída da Sterling no áudio. “Você pode ‘dormir’ com eles (os negros), pode levá-los para sua casa, fazer o que quiser. O pouco que estou lhe pedindo é não fazer publicidade em torno disso e não trazê-los para os meus jogos”, acrescenta. “Nos seus Instagrams nojentos, você não precisa aparecer andando ao lado de negros”, completa. Ex-jogadores ficaram indignados.
“Estamos abrindo uma investigação completa sobre a gravação de áudio obtida pela TMZ”, disse o porta-voz da NBA, Mike Bass, num comunicado. Os Clippers estão disputando a primeira fase dos playoffs da Conferência Oeste contra o Golden State Warriors e estão em vantagem por 2 a 1 no melhor de sete jogos.
Magic Johnson, maior astro da história do Los Angeles Lakers, a outra equipe da cidade, prometeu nunca mais assistir a um jogo do Clippers. “A TMZ informou nesta manhã que o dono do Clippers, Donald Sterling, não quer que eu ou outros afro-americanos assistam a partidas da equipe”, publicou o ex-jogador no Twitter. “Nunca mais irei assistir a uma partida do Clippers, enquanto Sterling for o proprietário da equipe. Sinto muito pelos meus amigos Doc Rivers e Chris Paul (o técnico e o melhor jogador do time, ambos negros), que têm de trabalhar para um homem que pensa isso sobre afro-americanos”, completou.
De acordo com Baron Davis, ex-jogador do Clippers, Sterling, dono da equipe desde 1981, já vinha expressando sentimentos racistas há muito tempo. “As coisas são assim mesmo. Ele tem sido ‘honesto’ com suas convicções. Faz muito tempo que é assim. Tiro meu chapéu à equipe, que continua jogando apesar disso”, postou Davis.
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Já James Worthy, ex-jogador do Lakers, disse justamente que acharia “difícil jogar para a equipe de Sterling”. O reverendo Jesse Jackson, um dos líderes negros mais influentes do país, ficou indignado com as supostas afirmações do dirigente. “Se passamos apenas de colhedores de algodão a colhedores de bolas de basquete, quer dizer que não fizemos progresso algum. É uma questão de dignidade”, disse Jackson em entrevista à ESPN. “O que os jogadores vão fazer? Se negros não são bem-vindos, quer dizer que a família dos jogadores negros tampouco é bem-vinda. E se suas famílias não são bem-vindas, os próprios jogadores tampouco são bem-vindos. Negros não deveriam assistir a essas partidas e brancos que veem negros como iguais tampouco”, completou o reverendo.