A antropóloga Adriana Dias, pesquisadora da Universidade de Campinas (Unicamp), mapeou grupos de neonazistas na internet e concluiu que a maioria deles está em Santa Catarina. A pesquisa, de 2009, considerou apenas usuários que baixaram mais de cem arquivos de sites de nazismo no Brasil.
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Ao todo, 45 mil pessoas em Santa Catarina se encaixaram no perfil – número que acende o alerta entre especialistas. Na época em que foi feita a pesquisa havia mais de 20 mil sites que continham apologia ao nazismo no país. De lá para cá estima-se que o índice de arquivos baixados por simpatizantes tenha crescido 6% ao ano.
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Para o advogado e jornalista Aluízio Batista Amorim, autor do livro Nazismo em Santa Catarina, a colonização alemã que começou no século 19 pode ajudar a explicar os dados no Estado. O Vale do Itajaí teve a primeira sede brasileira do partido nazista, em Timbó, ainda na década de 1920. Espalhado pelo país, o partido chegaria a ter quase 3 mil filiados no Brasil.
A historiadora Marlene de Faveri, pesquisadora da Udesc, conta que se estimava, durante a 2ª Guerra Mundial, que 10% dos imigrantes no Sul do país eram nazistas. Na época, quem tivesse o nome na lista dos “quinta-coluna”, os traidores, estava sujeito a perder bens e a liberdade. Campos de concentração na Capital e em Joinville reuniram os suspeitos de nazismo catarinenses – de gente simples a figurões, alguns deles com sobrenomes ainda hoje muito comuns por aqui, que foram detidos, interrogados e torturados sob a acusação de trabalhar pelo nazismo alemão.
– Temos em Santa Catarina uma colonização europeia muito forte, imigrantes e descendentes que professaram e não aceitaram a derrota do nazismo. Há grupos no Estado que ainda se reúnem e festejam, por exemplo, o aniversário de Hitler – comenta Marlene.
– É uma tradição germanófila – diz o também historiador Viegas Fernandes da Costa, de Blumenau – a adoração a uma Alemanha que já não existe mais.
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