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O trabalho não será simples. Primeiro, é preciso fazer a sucção do material que está disperso na água, que prejudica a visibilidade. Depois, aguardar um momento em que as águas do Itajaí-açu estejam mais transparentes e permitam enxergar a estrutura submersa.

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O caso foi discutido esta semana entre o governo do Estado e a Superintendência do Porto de Itajaí. Para a identificação, serão empregados mergulhadores que já atuam na obra, identificando pedras que poderiam danificar a draga. Se for confirmada a presença do navio naufragado, será necessária uma pesquisa para avaliar a importância histórica e o que fazer para preservar a estrutura da embarcação.

Ivan Amaral, engenheiro da Secretaria de Estado de Infraestrutura que responde pela obra da bacia, afirma que a presença do navio naufragado ainda não passa de “conjecturas”. Segundo ele, também é possível que se trate de um bonde, usado na construção do molhe, que teria caído no rio.

O consenso é que a retirada da estrutura, independente do que for, é necessária para garantir a continuidade das obras. A diferença está na importância histórica: se for algo relevante, será necessária uma operação especial para erguer do fundo do rio — e mais recursos, já que isso não está previsto nas obras.

Revolta da Armada

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Especula-se que a estrutura sob a nova bacia de evolução do Itajaí-açu possa ser do navio Palas, naufragado em 1894. Na época, a embarcação da Companhia Frigorífico Fluminense havia sido tomada pelos rebeldes que protagonizaram a Revolta da Armada na Marinha.

O historiador Francisco Alfredo Braun Neto, professor da Univali, conta que parte da Marinha pedia a deposição do presidente, Marechal Floriano Peixoto. A revolta, diz ele, esta inserida no contexto da Revolução Federalista, que alterou o nome da capital catarinense de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis.

O naufrágio do Palas teria sido acidental. O navio bateu contra o pontal no canal de acesso, mas os tripulantes conseguiram se salvar.

Pesquisador diz ter alertado sobre presença de navio

Historiador amador, o empresário Haroldo Becker Filho diz ter certeza de que a estrutura submersa é, de fato, o navio Palas. Ele mergulhou na área em janeiro, após receber indicações de um pesquisador italiano e de pescadores antigos da região.

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Becker Filho diz que avisou há meses sobre a existência do navio naufragado na área da bacia de evolução e afirma que não houve cuidado com os destroços.

— Há partes de cobre, metal e bronze. Deixaram que o navio fosse saqueado — acusa.

A Secretaria de Estado de Infraestrutura nega que destroços tenham sido retirados do fundo do rio, porque isto danificaria a draga.

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