Navegantes passará a primeira alta temporada sem ter quiosques na orla. Desde que o Ministério Público Federal (MPF) conseguiu que fossem retirados todos os quiosques construídos sobre as dunas e a restinga da cidade, por estarem em área de preservação permanente, as praias do município permanecem sem opções. Quem caminha pela areia precisa atravessar a rua e procurar restaurantes se quiser comprar uma água ou ir ao banheiro. E essa realidade não deve mudar tão cedo. As tratativas sobre se haverá novos quiosques na praia só devem ocorrer no ano que vem.
Continua depois da publicidade
Além da inexistência de quiosques, há intervalos de mais de um quilômetro sem qualquer comércio de gênero alimentício. A cabeleireira Sirlei Konflanz, 43 anos, caminha todos os dias pela Praia Central. Moradora de Navegantes há 10 anos, ela está acostumada com a falta de quiosques e leva sempre uma garrafinha com água, até porque, de manhã cedo muitos restaurantes ainda estão fechados.
– Minha família vem no fim do ano com criança e não tem opção, eles acabam indo mais para o Gravatá, onde tem, pelo menos, mais restaurantes – explica.
Juliana Carla Gonçalves, 40, e a filha Jaqueline, 17, estiveram na cidade ontem para visitar as praias antes de voltar para casa. Moradores de São Vicente, no Litoral paulista, elas estranharam a falta de quiosques pela orla. Na cidade natal, a assistente administrativo conta que há vários quiosques pela praia, que permanecem lotados durante a alta temporada.
– Tomara que melhore para a próxima vez que a gente vier aqui – diz.
Continua depois da publicidade
Mas a melhoria sugerida por Juliana está longe de ocorrer. A retirada dos quiosques começou em julho do ano passado e terminou em maio deste ano, com a derrubada da última estrutura e, por enquanto, não devem ser construídos outros. Com a retirada, o MPF também recomendou um plano de recuperação da área degradada, construção de novos quiosques ecologicamente corretos e licitação para exploração comercial deles.
Só que o município ainda tenta oficializar o Projeto Orla, uma espécie de comitê que vai discutir as questões referentes à praia. De acordo com a bióloga da Fundação de Meio Ambiente de Navegantes (Fuman), Cláudia Angioletti, o projeto, que será formado em 50% por membros de órgãos gestores e 50% por membros da sociedade civil, está em fase de implementação.
A burocracia só deve estar finalizada no ano que vem, quando se começará a pensar na questão dos quiosques. A partir disso, o comitê se reunirá para definir se a melhor alternativa para a cidade são mesmo os quiosques ecológicos, quiosques móveis, investimento em vendedores ambulantes ou, ainda, no desenvolvimento do lado oposto da orla. Mas isso só será definido mediante consulta popular por meio de audiências públicas.
– Temos que ver o que vai ser viável, porque eles não podem ter banheiro, teria que ser banheiro químico e uma série de outras coisas – diz.
Continua depois da publicidade
O responsável pela secretaria de Turismo, Sérgio Schutz, explica que também deve se pensar na degradação. Como muitos quiosques ficam fechados durante o inverno, eles acabam sofrendo a ação de vândalos e viram pontos de usuários de drogas. Por isso é possível que se opte por estruturas removíveis.
Para especialista, falta de quiosques não compromete o turismo
Continua depois da publicidade