Aos 14 anos Maria* saiu de casa para morar com o namorado, um jovem de 15 anos. Dois meses depois veio o susto: ela estava grávida. A adolescente, que reside em Navegantes, conta que no início não queria ser mãe, mas passado o choque da notícia, começou a aceitar a maternidade. Seis dias depois do nascimento da filha, ela a segura no colo com um olhar carinhoso e diz que a experiência é boa.
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A história de Maria é semelhante a de 21,7% das mulheres que ficam grávidas em Navegantes – percentual que corresponde a mães com idade entre 10 e 19 anos em 2013. A situação também é parecida em Camboriú, que possui 21,6% das mães de nascidos vivos com menos de 19 anos.
As duas cidades estão na contramão do restante dos municípios do Litoral Norte, que tiveram redução ou mantiveram o número de mães adolescentes no comparativo entre 2012 e 2013. Navegantes e Camboriú registraram aumento de casos, de 19,1% para 21,7% e de 19,8% para 21,6%, respectivamente.
A diretora da vigilância epidemiológica de Camboriú, Fabíola Rigo da Cruz, afirma que os bairros mais carentes da cidade, como Monte Alegre e Conde Vila Verde, são os que mais apresentam casos de gravidez na adolescência. Segundo a profissional, os números são preocupantes e recorrentes no município.
– É uma série histórica. Então esses números já vem de algum tempo. Por isso, temos que derrubar barreiras para orientar essas meninas da melhor maneira possível – conta.
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Já a diretora de vigilância em saúde de Navegantes, Mitie Aoki Lopes, afirma que o aumento no número de mães com menos de 19 anos ocorreu em função da migração de algumas jovens que já estavam grávidas para a cidade.
– É um índice alto. Temos o Programa Saúde na Escola que ajuda a orientar sobre prevenção. Além disso, temos notado uma melhora na escolaridade dessas mães, o que diminuiu os casos de grávidas entre 10 a 14 anos. A tendência é diminuir em função dos programas de conscientização – explica.
As duas profissionais apontam ainda que a baixa renda das famílias onde estão inseridas essas meninas aliada à baixa escolaridade aumentam o risco da gravidez precoce. A relação familiar também é determinante. Maria, por exemplo, decidiu sair de casa após o pai a proibir de namorar. Quando foram morar juntos, a jovem engravidou.