Desde criança, o suíço Dieter Pfister, de 59 anos, gosta de barco. Há nove anos, trocou as águas límpidas do Lago de Zurique, na Suíça, pelo ancoradouro da Lagoa da Conceição, Leste da Ilha de Santa Catarina. Florianópolis foi a cidade brasileira que considerou mais próxima dos padrões europeus de qualidade de vida, “mas com um clima bem mais agradável.”

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Assim como Pfister, 4.622 estrangeiros e naturalizados vivem na Capital. Conforme os dados do Censo 2010, é a cidade catarinense que mais tem moradores vindos de outros países, em números absolutos. Juntando com a migração de outros estados, Florianópolis é o município mais receptivo na região: 30,38% dos 421.240 moradores nasceram fora do Estado.

Antes de optar por Santa Catarina, a família de Pfister aterrissou no Brasil para ajudar a fundar uma fazenda de agricultura biodinâmica – que busca assegurar a fertilidade do solo com métodos naturais -, em Botucatu, interior de São Paulo. Isso foi em 1975. Ali, os três filhos com a holandesa Annemarie Pfister, de 58 anos, foram criados até a adolescência. A família retornou à Europa para os filhos estudarem na Holanda e rever parentes. Mas, há nove anos, bateu saudades da terra tupiniquim.

– Não me adaptei novamente ao longo inverno e àquele céu cinzento. Pensamos em voltar para Botucatu, mas têm poucas atividades culturais por lá. Pesquisamos o Nordeste, mas preferimos o Sul. Em Florianópolis nos sentimos mais à vontade, com o clima mais agradável, além da limpeza e organização da cidade – disse Pfister.

Na Capital catarinense, o suíço trabalha como terapeuta familiar e de casais, e Annemarie é ceramista. Na temporada de verão, a atividade muda. Aproveitam o potencial turístico para oferecer passeios de barco personalizados. Eles levam os turistas e casais românticos para apreciar as belezas da Lagoa.

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– O barco nos trouxe a integração com as pessoas daqui. De fato, não nos sentimos como estrangeiros – confessa o suíço, que participa das reuniões locais do Plano Diretor Participativo.

– Além da bela natureza, gosto do povo, que é muito querido – acrescenta Annemarie, mostrando que já se apropriou do linguajar mané.

Se por um lado existe um diferenciado desenvolvimento econômico, com destaque para os polos de tecnologia – com mais de 600 empresas de software, hardware e serviços – e turismo, por outro lado, o casal destaca preocupações com cuidado da natureza. Segundo Dieter, investimentos em saneamento básico garantiriam mares tão límpidos quanto as águas claras do Lago de Zurique, em meio à maior concentração urbana da Suíça.