Pode até não parecer para aqueles que sentam na arquibancada e veem apenas a alegria dos jogos, mas a palavra desistir é comum no futebol. E Igor Koehler estaria mentindo se dissesse que esse verbo nunca passou por sua cabeça nos anos em que amargou o fato de ser terceiro, quarto, ou até mesmo quinto goleiro do Metropolitano. E se hoje ele é um dos protagonistas de uma equipe desacreditada, rebaixada no Catarinense e que chegou à segunda fase da Série D nacional trazendo à tona novamente o sonho do acesso, é preciso agradecer a outras duas pessoas: seu Arno e dona Alaide.

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Pais de Igor, os dois gasparenses da Margem Esquerda foram os motivadores do arqueiro alemão crôza quando ele pensou em largar o futebol para trabalhar de gesseiro com o pai. E mais: se hoje Igor é o quarto goleiro na história do Metropolitano a ficar mais tempo sem levar gol – podendo ultrapassar Flávio na partida contra o São Bernardo-SP –, há uma grande influência do senhor e senhora Koehler nessa história.

Já são três jogos sem ver a bola balançar a rede na quarta divisão, e não é preciso ser um superentendedor de futebol para saber que não sofrer gol é o principal ingrediente na fase de mata-mata. Para que esse namorico que se desenrolou com a segunda fase da Série D tenha o flerte mantido e possa se tornar algo mais sério daqui para frente, manter a consistência na defesa é um pré-requisito para o Metropolitano.

Em campo, muitos garotos – assim como o próprio Igor Koehler – terão pela primeira vez a oportunidade neste sábado, às 17h, de disputar uma partida oficial em caráter eliminatório. Pressão? No caso de Igor só se for para conceder entrevistas, porque na proteção da meta que fica entre as três traves o gasparense tem se tornado o algoz dos atacantes.

– Estamos muito, mas muito focados mesmo nesse jogo, porque de nada adianta passar de fase e ficar pelo caminho. A gente pode mais e sabe disso – destaca o goleiro do Metropolitano que, embora nem sequer era nascido em 1994 (está hoje no auge de seus 20 anos), carrega Taffarel – atual preparador de goleiros da Seleção Brasileira – como seu maior ídolo.

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Força e inspiração que vêm

do banco de reservas

Na opinião de Igor, o principal responsável pela surpresa que se tornou o Metropolitano na Série D tem nome: Isaque Pereira. Treinador das categorias de base, o atual comandante do grupo chegou tão desacreditado ao posto quanto o próprio elenco no início da preparação. Foi aí que ele moldou a equipe, soube trabalhar o entrosamento dos atletas que subiram do Juvenil e Juniores para garantir a classificação. Para o técnico, isso só foi possível graças à compreensão dos jogadores de que às vezes só pensar o lado bom das coisas pode, sim, ser interessante.

– O time passou a aceitar só pensamentos positivos. O que é negativo fica de fora. Passamos por muita coisa, dificuldade de não poder treinar no Sesi, enchente, e mesmo assim procuramos por só enxergar o lado bom da história – revela Isaque.

Para o confronto de sábado, o treinador do Verdão terá todos os jogadores à disposição. Os recém-contratados Zé Lucas, volante, e Jean Dias, atacante, estão regularizados e já treinaram entre os titulares. Há somente uma dúvida no ataque, entre Wellington ou Bahia, e as demais posições já estão definidas. Com a saída do zagueiro Júnior Fell, que foi para a segunda divisão do futebol japonês, Maurício e Elton farão a dupla de zaga do clube blumenauense.

O jogo de volta contra o São Bernardo-SP está marcado para o próximo sábado, às 15h, no Estádio Primeiro de Maio. Para chegar à Série C, o Metrô precisa passar por esse e outros dois adversários em fases de mata-mata — 16 avos de final, oitavas de final e quartas de final, respectivamente.

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