A prisão do narcotraficante Ronald Roland revelou um esquema responsável por movimentar R$ 5 bilhões nos últimos cinco anos no Brasil. A Polícia Federal diz que ele comandava um grupo que fornecia drogas inclusive a cartéis mexicanos, e usava empresas de fachada e “laranjas” para lavar o dinheiro. Em Santa Catarina, a investigação aponta até a participação de um condenado da operação Lava-Jato.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Balneário Camboriú e região por WhatsApp
Na semana passada, agentes da PF estiveram em um condomínio de luxo em Itapoá para recolher documentos e aparelhos eletrônicos de um investigado. O suspeito seria responsável por transportar cerca de R$ 1 milhão para um doleiro que deu origem à operação Lava-Jato. Ele chegou a ser preso e condenado a sete anos de prisão por evasão de divisas e organização criminosa, mas estava solto.
Em Itajaí o alvo foi um homem cujo nome aparecia como dono de vários carros, embora ele não tivesse sequer emprego para fazer as aquisições. As investigações sugerem que o investigado era um dos quase 200 laranjas envolvidos no esquema criminoso do narcotráfico. Na mesma cidade, a polícia esteve em empresas supostamente de fachada e que faziam transferências bancárias suspeitas entre elas. O mesmo ocorreu em Balneário Camboriú.
De acordo com a Polícia Federal, Roland não vinha a Santa Catarina para tratar dos negócios criminosos, mas enviava um “funcionário”. Muitas das negociações e tratativas ocorriam em um prédio à beira-mar em Balneário Camboriú. O imóvel é avaliado em R$ 17 milhões. De acordo com a PF, em todo o país Roland movimentava uma grande engrenagem para lavar dinheiro com mais de 100 empresas de diversas áreas.
Continua depois da publicidade
Além do narcotraficante, preso em um apartamento no Guarujá, no Litoral de São Paulo, outras sete pessoas foram para a cadeia, mas nenhuma em SC. Ao todo, 34 carros, um barco e dois aviões, além de dinheiro e joias, foram apreendidos durante a operação, que teve mandados também em Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Goiás.
IPVA mais caro de Balneário Camboriú é de Ferrari 812 e o mais barato vai te surpreender
A anatomia de uma queda
Roland, de 50 anos, não é novato no radar da Polícia Federal. O castelo de cartas dele já havia caído em 2019, quando foi preso após a esposa da época postar imagens nas redes sociais indicando onde o casal estava. Ele saiu da cadeia no ano seguinte e continuou a comandar o esquema criminoso, segundo as investigações. Desta vez, assim como cinco anos atrás, os posts da atual companheira deixaram rastros.
As imagens mostram marido e mulher passeando por Paris, Dubai, Maldivas e Colômbia (veja galeria abaixo). Apesar da discrição do narcotraficante, ela gostava de ostentar a vida luxuosa. E não foi apenas a vida movimenta na internet de Andrezza de Lima Joel que ajudou a PF. Os agentes descobriram que uma loja de biquínis no nome dela no Guarujá também era usada para lavagem de dinheiro.
Continua depois da publicidade
Embora a foto revele um estabelecimento comercial bastante comum, sem muita sofisticação, a empresa comprou um avião de R$ 3 milhões. Em um único dia, a loja recebeu R$ 200 mil em depósitos fracionados, igual ao que ocorria com empresa de fachada instalada em Balneário Camboriú.
Na semana passada, ao ser informado pela Polícia Federal sobre o mandado de prisão, Roland, ainda de pijama, teria abaixado a cabeça e dito: “Meu Deus do céu, o que que eu fiz?”. Em nota, a defesa dele e da esposa disse à Rede Globo que não vai se manifestar, por enquanto, porque não teve acesso a todo o processo.
Leia mais
Drones vão combater algazarra em lanchas na Praia Central de Balneário Camboriú
“Ferraris” das bikes atraem apaixonados por ciclismo em Balneário Camboriú; veja fotos