A ala de segurança máxima da Penitenciária de Florianópolis, na Trindade, será o destino do narcotraficante internacional Ruy Moraes Vieira, o Papito. Ele e a mulher, Lilian Beatriz Benites Vasque, presos em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira com o Paraguai, foram trazidos nesta sexta-feira a Santa Catarina.
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O casal chegou em voo comercial às 19h30min no Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, escoltado por uma equipe da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic). Dali, Ruy e Lilian foram transferidos no helicóptero da Polícia Rodoviária Federal até o estádio Orlando Scarpelli, do Figueirense, que fica perto da sede da Deic, no Estreito, e então seguiram em viaturas para a diretoria.
Ruy seria transferido ainda na noite desta sexta-feira para a penitenciária e Lilian para o Presídio Feminino. O traficante e a mulher estão com prisão preventiva decretadas na Operação Pequeno Príncipe, deflagrada pela Deic na quarta-feira e que prendeu 12 pessoas envolvidas com o tráfico de drogas.
Em Foz do Iguaçu, o casal seria fornecedor de cocaína para a quadrilha de Marcos Vieira Francisco, o Marquinhos, o líder do bando que foi preso na Grande Florianópolis. Ruy e a mulher foram presos na terça-feira à tarde, num shopping de Foz do Iguaçu. Os policiais da Deic contaram com o apoio da Polícia Federal na captura dos dois.
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Ruy – considerado pela Deic um dos principais traficantes do país – tem condenação por tráfico em Ponta Porã (MS). Os registros policiais mostram o seu envolvimento com o narcotráfico na região fronteiriça pelo menos desde 1995. Ele cumpriu a pena e atualmente morava em uma fazenda no Paraguai.
– A casa de Lilian em Foz tinha seis suítes. Era um luxo só – comentou um dos agentes.
Carros de luxo com placas do Paraguai são apreendidos
Duas BMW X-6, avaliadas em R$ 500 mil cada uma, foram apreendidas pela Deic com o casal em Foz do Iguaçu. Nos endereços de Lilian e Ruy no Brasil a polícia catarinense apreendeu mais seis carros, a maioria de luxo e importados.
Cinco veículos foram trazidos ontem a Florianópolis e ficaram na garagem da Deic, que está lotada. Na rua da diretoria, onde ficam outros carros apreendidos, também não há mais vaga para deixar os carros devido a grande quantidade.
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Fazendeiro no Paraguai
Ruy Moraes Vieira, o Papito, entrou na Deic sob forte escolta policial por volta das 20h. Vestia um abrigo do São Paulo Futebol Clube, seguido da mulher, Lilian Benites Vasque. Para evitar a ida ao Instituto Geral de Perícias, um perito esteve ontem à noite na Deic e realizou os exames de corpo de delito na própria diretoria.
No auditório, os dois foram apresentados aos jornalistas. Ruy disse que não falaria nada. Indagado pela reportagem sobre o fato de ser apontado pela Deic como narcotraficante internacional e um dos principais do país, respondeu com gargalhadas.
O advogado do casal, Pedro da Luz, de Foz do Iguaçu, também esteve na Deic à noite. O defensor afirmou que Ruy e Lilian negam o envolvimento com o tráfico. Conforme o advogado, Ruy é fazendeiro no Paraguai, e Lilian, dona de lojas em Foz do Iguaçu.
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– Eles não são tudo isso que estão falando por aí não – disse o advogado, que está se inteirando do inquérito antes de entrar com pedido de liberdade de seus clientes.
Documentos da Justiça do Mato Grosso do Sul mostram que Ruy seria especializado em traficar cocaína no Brasil com o Paraguai e também com a Bolívia e Colômbia.
Policiais federais ouvidos pelo DC afirmam que ele vivia no Paraguai para se beneficiar naquele país da corrupção policial e a demanda altíssima de drogas. O país vizinho é conhecido por abrigar barões da droga que comandam o fornecimento de entorpecentes para o Sul do País.
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A transferência dos presos foi marcada por forte escolta policial. A mobilização contou com policiais de várias divisões.
Marcos Vieira Francisco, o Marquinhos, suspeito de vender em SC a droga fornecida por Papito, continuava na carceragem da Deic até ontem à noite, mas também deverá ser transferido para a penitenciária.
Apesar do aparato, o delegado Cláudio Monteiro comentou que a Operação Pequeno Príncipe transcorreu sem nenhum tiro disparado ao longo das 12 prisões. A polícia ainda procura três pessoas foragidas.
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Monteiro antecipou que pedirá a prisão preventiva de todos os envolvidos. Advogados dos envolvidos tiveram acesso ao inquérito e alguns pretendem entrar nos próximos dias com pedidos de habeas-corpus.