Na reta final da corrida que define a eleição em Blumenau, Napoleão Bernardes (PSDB) coloca que a democracia perde com os ataques do adversário, nega que a inexperiência no Executivo tenha feito replicar decisões de terceiros e refuta a ideia de pensar em ser governador daqui a dois anos.

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É fortalecendo as realizações do mandato atual que o candidato espera conquistar votos. Afirma que sua gestão deixou muitos projetos encaminhados para colher resultados a partir de agora. Leia a entrevista concedida ao Santa:

Os ataques do seu adversário no segundo turno lhe incomodaram?

Napoleão – Me lamenta (sic) pela cidade. Acho que Blumenau não merecia isso. Sou muito tranquilo. Óbvio que do ponto de vista pessoal chateia, chatearia qualquer um. Mas a mim chateia muito menos, pela minha própria personalidade. Sou um cara de bem com a vida, otimista e simplesmente ignoro. Mas penso que em termos de cidade e de democracia, isso é ruim, porque tudo o que as pessoas não esperam hoje é uma campanha desse nível. A crítica pela crítica, o ataque pelo ataque não constrói nada e não gera nenhuma proposta viável para transformar coisa alguma. Essa forma de campanha, que tem sido feito do outro lado, só nivela a política por baixo. Na minha trajetória de vida, política e profissional, nunca construí nada pisando nos outros ou usando os outros para crescer. Construí pelos meus próprios passos, pelo meu trabalho e minhas ações. E vai continuar sendo assim. Jamais vamos entrar nesse baixo nível. Vamos passar ao largo falando das realizações. Cada inverdade, cada insinuação maldosa a gente vai responder com proposta e realização.

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Você foi eleito prefeito aos 30 anos. Além da juventude, tinha consigo a inexperiência no Executivo. Por isso foi alvo de muitas críticas ao longo dessa gestão, inclusive de que seria influenciado por decisões de lideranças mais experientes do partido. Como você lida com isso?

Napoleão – Isso faz parte do folclore da política. Nos boatos surgem as mais diversas histórias. Sempre decidi por mim. A decisão final sempre é minha. Busco ouvir pessoas com experiência nas determinadas áreas que tenho que tomar decisão. Obviamente que cada dia a mais de mandato nos dá mais segurança na tomada de decisão, mais traquejo, mais experiência, vai aperfeiçoando a nossa forma de ver as coisas e ver o mundo. A cada dia me sinto mais seguro na tomada de decisões. Por isso tenho a convicção que o segundo mandato vai ser ainda melhor, mais realizador que o primeiro, porque já vivi muita coisa. Mandato de prefeito aos 30 anos nos forja uma experiência de vida extraordinária. É um pós-doutorado em administração, em vida, em vivência comunitária. Mas nunca terceiros tomaram decisões por mim.

Até onde o resultado do primeiro turno serve como balizamento para essa disputa do segundo turno? Você entende que tem uma vantagem de 17,6 mil votos para administrar, ou agora é uma disputa à parte?

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Napoleão – Primeiro, me senti muito feliz pelo resultado do primeiro turno. Numa campanha de cinco candidaturas, fazer quase metade dos votos. Todas candidaturas de partidos respeitáveis, tradicionais, não tinha nenhuma aventura. Em um cenário em quem muitos prefeitos que poderiam ir à reeleição não foram. Normalmente, um prefeito que vai à reeleição é avaliado por seus acertos e seus equívocos. Comigo não é diferente. Tenho humildade para reconhecer isso. Eleição se faz com voto na urna e trabalho até o último dia. Meu raciocínio é um só: tem que trabalhar até domingo, às 17h, para buscar o resultado.

Para quem está indeciso, a escolha pelo prefeito pode se definir no detalhe. Qual é a vantagem para o eleitor em votar no Napoleão?

Napoleão – Primeiro, a gente está com a máquina engrenada. Com muito mais experiência e mais preparado por já ter vivenciado quatro anos intensos de atividade executiva. Tem muita coisa engatilhada e muito bem encaminhada, e que o resultado concreto começa a surgir ainda mais agora. E também pela oportunidade de ter um prefeito aqui e manter um deputado na Assembleia lutando por Blumenau, que é o seu papel, contribuindo no sentido de ajudar a cidade.

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Já debatemos propostas à exaustão no primeiro turno, mas tem algo que você ainda não teve a oportunidade de dizer ao eleitor?

Napoleão – Asfalto. A frustração maior do mandato é essa. Quando teve o primeiro encontro de prefeitos em Brasília em 2013 a presidente anunciou um programa de pavimentação. Parece que é dinheiro dado aos municípios, mas não: é aquela inversão da lógica. A gente tem que ir lá mendigar direito a empréstimo. Mas, melhor assim do que não ter obra. Então, fui lá, primeiro ano de governo, decidi tirar investimento de obras imediatas para focar em projetos de engenharia e poder buscar esse recurso. E a gente teve, tecnicamente, aprovado do Ministério das Cidades R$ 216 milhões em asfalto novo. Rua Bahia, Estanislau Schaette, João Pessoa, a própria 7 de Setembro, todos os principais corredores de serviço do Centro e dos bairros. Já tratei isso com quatro ministros das Cidades. O quarto veio para cá anunciar. E anunciou R$ 10 milhões. O ministro (Gilberto) Kassab, em entrevista à rádio Nereu (Ramos), foi ético. Ele reconheceu que a prefeitura fez a lição de casa, o governo é que não tem a condição de liberar. Por isso, liberou apenas 10 (milhões de reais). E destes 10 (milhões de reais) o asfalto está acontecendo. Por um lado, é algo que me frustra. Mas por outro lado é uma baita janela de oportunidades, porque está aprovado no Ministério.

A decisão de voltar ao mandato de prefeito deixou a agenda do candidato Napoleão mais apertada. Não deixar o seu vice atual, que faz campanha para o seu adversário, assumir nesse período foi mais importante do que ter tempo para a eleição?

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Napoleão – O meu raciocínio é sempre administrativo. Foco sempre mais no administrativo do que o político-eleitoral. No primeiro turno tive a condição da licença, que previa 45 dias. Fim da licença, volto ao mandato. O vice-prefeito (Jovino Cardoso Neto, do PSD), que eu respeito, focou na sua candidatura a vereador e há muito tempo vem se preparando para isso. Ele não estava imerso nos temas administrativos. Então, por essa questão específica e por nenhuma outra razão, cabe a mim tocar o dia a dia da prefeitura.

A prefeitura enfrenta dificuldade de receita, deve ter desafios para pagar a folha no próximo ano e problemas para investimentos. O que o motiva a encarar mais quatro anos na prefeitura?

Napoleão – Sempre digo que tem alguns segundos de realização que são muito bons. E eles compensam toda a energia despendida em resolver os problemas, as demandas, os desafios. Pegar um exemplo que é o xodó, o programa do paradesporto. Ver o resultado daquele programa com crianças hoje com autoestima, inclusão, superação através do esporte, sorrisão no rosto, menos depressão e remédio, isso justifica toda e qualquer dor de cabeça, todo e qualquer cabelo branco que venha a ter. Então, tem a obra humana que é fantástica. É um negócio muito especial. Isso toca, motiva, faz dar todo o gás e toda a energia pra vencer os desafios do dia a dia.

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Em caso de vitória, você se consolida como uma nova e jovem força do PSDB em Santa Catarina. O seu plano é ser candidato ao governo do Estado em 2018?

Napoleão – Não invisto um segundo do meu tempo para conjectura como essa. Nem paro para pensar nisso. Estou investindo 100% do meu tempo na eleição, na administração de Blumenau.