Único catarinense titular da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados — pelo menos por enquanto, como ele mesmo reforça —, Esperidião Amin (PP) afirma que já declarou voto a favor de denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) porque “não pode se omitir” sobre os indícios apresentados pelo relator. Destaca que não é uma condenação prévia, mas sim que as investigações têm que continuar.

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Também diz que as trocas na CCJ por orientação do governo são demonstração de fragilidade e questiona a tentativa do PMDB de influenciar outras bancadas. Sobre a liberação de emendas parlamentares como moeda de troca para salvar o presidente da República, Amin afirma que ouviu comentários, mas que nada chegou até ele.

O senhor agora é o único titular da CCJ da Câmara…

Não diga isso já porque o deputado Jorginho Mello está aqui ao meu lado e já me disse que eu sou ele amanhã (risos). Ele está rogando praga, e você vai duvidar de uma praga rogada pelo Jorginho Mello? Eu não vou! (risos).

Qual o clima nos bastidores da CCJ em relação à denúncia contra o presidente Temer?

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Eu acho que a controvérsia está toda lançada dentro do PMDB. O PMDB tem o presidente da República, líder, presidente da CCJ, aí indicam o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) pra relatoria e ele dá o parecer recomendando a continuidade da denúncia. Acho que a encrenca está lá. Eu esperei, até por uma questão de prática pessoal minha, eu li a denúncia, li a defesa, ontem ouvi atentamente todas as manifestações e cheguei à minha conclusão. Dei conhecimento público, dei conhecimento ao líder do meu partido e já declarei meu voto (a favor da denúncia). Fiz isso de consciência tranquila, não posso é me omitir. De tudo que escutei ontem, uma coisa é a síntese: eu não vou varrer pra baixo do tapete os indícios reproduzidos na denúncia. Não tenho compromisso com erro de ninguém, nem com o meu. O compromisso com meu erro é procurar corrigir. Agora vou esconder debaixo do tapete o erro dos outros? Não estou condenando o presidente, mas dizendo que as investigações têm que prosseguir.

O senhor teme ser retirado da CCJ em uma troca da liderança do partido?

Já declarei meu voto, agora, se for trocado, será uma medalha pra mim, uma condecoração. Imerecida, mas é uma condecoração. Não vou ficar triste, porque é o governo que está cobrando esse tipo de atitude de líderes, e vou lamentar profundamente se isso acontecer porque fragiliza a representação popular. E sem utilidade, porque a denúncia vai a plenário de qualquer forma. E um comentário político: o PMDB não consegue administrar os seus, quer administrar os dos outros?

E como o senhor avalia essa prática de trocar deputados na comissão?

Eu não posso dar opinião sobre isso sem dizer o seguinte: esse tipo de atitude demonstra fragilidade. O povo está dizendo que essas trocas na comissão são uma confissão de culpa. Eu não diria tanto, mas diria que é uma fragilidade.

Alguns parlamentares também denunciam a liberação de emendas como moeda de troca por votos a favor de Temer no plenário. O senhor foi procurado?

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A mim não chegou, mas ouço comentários, isso tem sido denunciado. Isso é assunto pro Ministério Público, Judiciário avaliar. Acho que se for dentro de critérios, de anterioridade, tudo bem. Não posso condenar porque não conheço todo o processo.