Pedro Inácio, 56, teve o pior início de temporada de pesca da tainha neste sábado (1º) que um pescador poderia imaginar. Ele é dono do rancho de pesca do Aparício, que pegou fogo na manhã desta sexta-feira (30) no Campeche, em Florianópolis. 

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Todas as ferramentas, canoas e redes, além de eletrodomésticos, foram destruídos pelas chamas. Triste com o que aconteceu, o homem desabafa, mas agradece pela onda de solidariedade que está se formando.

— Estou arrasado, mas as pessoas se mobilizaram neste momento triste e eu até consegui uma canoa emprestada para não ficar sem pescar. O que conforta são esses gestos de humanidade, mas eu quero justiça — afirma.

Pedrinho, como é conhecido na região, acredita que o incêndio tenha sido criminoso, assim como foi o de 2016, quando também perdeu tudo o que tinha. Ele conta que desavenças por conta da região onde a construção fica instalada podem ter motivado o ataque, que deve ser investigado pela polícia. Os bombeiros já realizaram a perícia para apontar a causa, mas o resultado ainda não veio.

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Enquanto isso, Pedro avalia maneiras de recomeçar. Uma vaquinha online foi lançada e com equipamentos provisórios, graças à generosidade de outros pescadores, ele deve iniciar a temporada de pesca na próxima segunda-feira (3). 

O tradicional rancho é um dos quatro que existem na praia do Campeche e guarda muitas histórias. Centenária, a tradição na família começou com o bisavô de Pedro. O pai, Aparício, de 83 anos, ainda o acompanha nas épocas de safra. 

Rancho tradicional fica no Campeche
Rancho tradicional fica no Campeche (Foto: Rancho do Aparício, Instagram)

O que vem na rede é repartido entre os cerca de 50 camaradas, como são chamados os integrantes da equipe do autônomo. O restante é doado ou vendido, a depender da quantidade.

— [O incêndio] feriu toda a comunidade que espera pela pesca da tainha. É um crime contra a tradição, a cultura — lamentou.

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Pedro calcula R$ 400 mil de prejuízo. Agora, sem um local para guardar os itens ou alimentar-se durante o dia, o trabalho será mais difícil. Desistir do recomeço, porém, não está nos planos do manezinho.

— Não vou perder a esperança. Não vamos deixar a tradição se perder — garante.