Para a vendedora ambulante Sônia dos Anjos, de 42 anos, o curativo no rosto e o olho inchado que marcam seu rosto são os sinais de que a morte passou bem perto da barraca onde ela trabalha, na rua Martin Van Biene, no bairro Aventureiro, na zona Norte de Joinville.
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Sônia levou um tiro no rosto durante um assalto, quando se preparava para descansar, na noite de sexta-feira. O tiro por pouco não lhe acertou o olho esquerdo.
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– Os bandidos atiraram duas vezes. Erraram o primeiro. E o segundo quase me matou. Foi um milagre. Graças a Deus e à Nossa Senhora, estou bem viva – diz a vendedora, que não ficou nem 12 horas em repouso.
Ela foi levada para o hospital ainda na noite de sexta-feira, e às 5 horas da madrugada de sábado já estava limpando a calçada onde instala a barraca para voltar a trabalhar.
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Sônia vende bilhetes da Trimania, uma espécie de título que dá direito a concorrer a uma série de brindes e que beneficia, com parte da renda, o Hospital Bethesda de Joinville.
Não há pistas dos assaltantes. Os dois chegaram de motocicleta, não retiraram o capacete e anunciaram o assalto. Sônia não reagiu. Desmaiou ao levar o tiro no rosto. Foi acordada por dezenas de pessoas, a maioria vizinhos.
– Todo mundo da minha família pediu para eu parar de trabalhar. Mas quem tem de se esconder são os bandidos. Não vou me esconder. Eu preciso e vou trabalhar – diz a dona de casa, que agora atende seus clientes com uma espécie de altar.
Numa das mesas de plástico ficam a imagem de Nossa Senhora Aparecida e uma Bíblia aberta. O livro sagrado ela ganhou de uma cliente. Na outra mesa, os bilhetes, um rádio e os objetos pessoais dela. Três cadeiras estão cuidadosamente colocadas sobre a calçada para atender os clientes.
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– Todo mundo me conhece aqui no bairro. Já fui assaltada no dia 31 de outubro do ano passado. Esses ladrões deveriam acordar cedo como eu acordo e enfrentar o dia trabalhando – diz a moradora do Aventureiro, que pretende continuar levantando cedo e instalando a barraca na calçada para trabalhar, sem medo da violência.