Médico reconhecido em Joinville, presidente da Federação das Unimeds em SC por sete anos e gestor da Seguro Unimed por outros dez, o secretário estadual de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira (PMDB), 47 anos, tinha tudo para coroar a vida na iniciativa privada.

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Mas ao acreditar que poderia ajudar a melhorar a saúde pública, após ter a vida financeira garantida, segundo afirma, jamais imaginaria o calvário em que estava se metendo em tão pouco tempo.

Alvo de ação judicial do Ministério Público Federal desde janeiro, por causa de problemas de atendimento no Hospital Regional, Dalmo enfrenta atualmente até pedido de prisão na Justiça, além de multa que pode passar dos R$ 40 mil por não atendimento a pacientes – e isto é só a ponta do iceberg que é a Secretaria de Estado de Saúde, um órgão que, apenas no campo judicial, responde a mais de 13 mil ações.

Em entrevista de quase uma hora ao “A Notícia”, na sexta-feira, em um hotel no Centro de Joinville, Dalmo revelou que se sente “injustiçado”, mal compreendido por diversos setores da sociedade, inclusive autoridades, e em um desgaste pessoal e familiar que já lhe fez passar pela cabeça a ideia de jogar a toalha, embora afirme que continuará no cargo por acreditar que está fazendo o certo, por ter propostas já referendadas pelo governador e por já ter conseguido avanços, como a melhoria do Samu no Estado, para citar um exemplo.

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Para ele, críticas que o processo judicial do Hospital Regional lhe renderam beiram quase o linchamento público.

– Aos cidadãos em geral, noticiar que foi pedida a prisão do secretário é o mesmo que dizer que ele foi preso. Tem gente que acredita que já estou preso. Nunca imaginei que pudesse sofrer tanta incompreensão e alguns posicionamentos, de autoridades ou de representantes da sociedade, que considero exagerados (como a do Ministério Público Federal) -, afirma.

À frente da secretaria, admite uma crise hospitalar em Joinville e em Florianópolis, cidades com grande demanda. Mas reforça ter vontade política de resolver os problemas.

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– Repito: não houve desodediência ao que foi determinado pela Justiça Federal em janeiro em relação ao Regional, de atender a todos os pacientes que lá chegam. Por não haver essa desobediência é que o hospital passou a ter superlotação -, explica.

A vontade de contribuir, segundo ele, vem por meio de planos como reforma e ampliação do Regional, mas que esbarram na morosidade das leis do serviço público, uma queixa clara. Dalmo não esconde a intenção de concorrer a deputado em 2014 – se estadual ou federal, ainda vai depender do partido – e diz não temer o momento difícil, nem querer usar a secretaria como palanque para este projeto.

O apelo que deixa é que mais pessoas, autoridades e entidade unam-se em torno da melhoria da saúde e não só da crucificação de gestores que estão trabalhando por ela.

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QUEM É

– Nasceu em Joinville em 1955

– Formado em medicina pela UFSC em 1978, com residência médica no Hospital das Clínicas de Curitiba e especialização em endocrinologia pela USP.

– Trabalhou nos hospitais São José e Regional de Joinville na década de 1980.

– Entrou para a Unimed em 1983. Foi presidente da Federação das Unimeds em SC de 1992 a 1999.

– Presidente do Seguro Unimed de 1999 a 2010, quando deixou o cargo para entrar na política.

– Candidato a deputado em 2010.

– Secretário de Estado de Saúde de SC desde janeiro de 2011 até hoje.

AS PEDRAS NO SAPATO

– Responsável por uma pasta que é alvo de mais de 13 mil ações judiciais.

– Multa de R$ 2 mil por dia por paciente não atendido no Regional de Joinville, segundo ação judicial.

– Pedido de prisão do Ministério Público Federal, não concedido pela Justiça até o momento.

– Críticas e pressões de autoridades, adversários políticos e setores da sociedade.

– Burocracias que têm de enfrentar no serviço público, como demora em licitações.

– Limitações de recursos financeiros e dificuldades de contratar médicos.