Apoiado em uma base que une quatro dos cinco maiores partidos de Santa Catarina, o governador Raimundo Colombo (PSD) optou por ter uma participação reservada nas eleições deste ano. Ele mesmo admite que envolver-se em campanhas onde seus aliados disputam uma vaga de prefeito poderia colocá-lo em uma situação delicada. Mas os principais embates entre as siglas de sua base ainda serão travados no segundo turno.
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Nesta entrevista, o governador faz uma avaliação dos resultados da eleição até o momento e diz que continuará mantendo a atuação discreta até o dia 28 de outubro. Colombo, que em 2011 deixou o DEM para fundar o PSD do prefeito Gilberto Kassab, avalia que a primeira eleição da legenda recém-criada foi positiva e lembra ainda que o partido é o único que tem a chance de ser vitorioso nas três principais de Santa Catarina.
Diário Catarinense – Qual a sua avaliação geral da eleição no Estado?
Raimundo Colombo – A minha participação foi muito discreta na eleição e essa decisão tinha dois fundos. O primeiro é que eu acho que o governador tem que cuidar do governo, não fica legal você ir para o combate eleitoral direto. Essa foi a primeira razão. A segunda é que eu sou resultado de uma coligação, então ela conflitou na maioria dos municípios. Ficaria extremamente constrangedor pra mim a participação mais efetiva. Eu só fiz um trabalho de campo em Lages, em nenhum outro município. O que eu tive em algumas foi reunião fechada, em ambiente fechado. Trabalho de rua só em Lages. Eu me dediquei a conversar com os companheiros, por telefone, receber e dar todo o apoio.
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DC – Como o senhor pretende atuar no segundo turno?
Colombo – Será igual.
DC – O senhor não pretende participar da campanha em nenhuma das três cidades?
Colombo – Não pretendo. Posso participar de evento fechado, partidário. Mas em evento de rua, a minha ideia é não estar diretamente na linha de frente.
DC – Nas três cidades, os partidos que disputam são da sua coligação. Como o senhor vê essa situação?
Colombo – Por um lado é muito bom porque são todos parceiros. Por outro lado fica muito difícil. Mas evidentemente que a gente tem um partido e que a gente torce pela vitória do partido.
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DC – Em Florianópolis, há uma análise que uma vitória do PMDB poderia alavancar uma candidatura do prefeito Dário Berger (PMDB) ao governo do Estado em 2014. Qual a sua avaliação sobre isso?
Colombo – Eu vou ajudar o Cesar como candidato do meu partido, mas mantido esses princípios que eu estabeleci pra mim. A eleição de 2014 é outro momento, eu não vinculo uma coisa com a outra. Mas é claro que eu vou ajudar o Cesar naquilo que eu puder. Eu quero que fique bem claro que o meu candidato é o Cesar Souza Junior.
DC – Em Joinville tem o Kennedy, do seu partido, e o Udo Döhler, apoiado pelo senador Luiz Henrique. É uma situação constrangedora para o senhor?
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Colombo – Não. O Kennedy me liberou. Ele quer o meu apoio como prefeito para realizar obras e tal, mas ele compreende a minha dificuldade e não faz nenhuma exigência da minha presença e participação.
DC – Mas o senador Luiz Henrique aparece muito na campanha do Udo Döhler, o senhor não considera que o candidato do seu partido fica desfalcado sem a principal liderança que é o governador?
Colombo – Eu vou me reunir com eles agora. Eu vou ouvi-los. Vou ouvir a ponderação dos três, do Jean (Kuhlmann, candidato do PSD em Blumenau), do Cesar e do Kennedy.
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DC – O senhor tem receio de acabar gerando algum conflito com o senador Luiz Henrique por conta da eleição de Joinville?
Colombo – Não. Nossa amizade com o senador Luiz Henrique está acima de qualquer situação eleitoral, não há nenhum risco. Nós somos muito amigos e nosso convívio é fraterno e não é uma eleição que vai criar qualquer tipo de problema.
DC – Houve um momento no primeiro turno em que o senhor comentou que o candidato Udo Döhler seria o mais preparado para Joinville. É isso mesmo?
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Colombo – Eu acho que o povo de Joinville vai saber escolher, não precisa que ninguém de fora vá lá dizer. Essa é a minha convicção.
DC – Qual a sua avaliação do resultado em Lages, onde foi eleito Elizeu Mattos (PMDB)?
Colombo – Foi uma eleição muito apertada, muito parelha. Acho que os dois candidatos mostraram que são qualificados e o meu desejo é que a cidade encontre seu caminho e cada vez de maior desenvolvimento.
DC – Qual a sua avaliação do desempenho do PSD no Estado?
Colombo – Foi um desempenho muito bom. Realmente a gente conseguiu ter um resultado espetacular e estar presente nas três cidades do segundo turno. Então o partido está se viabilizando.
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DC – Considerando o resultado da eleição como um todo, incluindo as prefeituras que o PMDB ganhou, as do PSDB e do PP, o senhor avalia que o resultado fortalece a tríplice para 2014, tem alguma mudança de forças ou ainda depende do resultado do segundo turno?
Colombo – Essa é uma eleição que no primeiro turno não teve nenhum grande derrotado e nenhum grande vencedor. Ela manteve o equilíbrio de forças, com o crescimento um pouquinho maior do PSD, mas todos os partidos mantiveram o nível de equilíbrio e uma distribuição parecida com a que tinham antes da eleição. Agora o segundo turno poderá alterar um pouco. O PSD foi bem e poderá sair o grande vitorioso se ganhar as três, aí fica uma coisa muito forte. Agora o segundo turno é que vai dar uma visão.
DC – Na sua opinião, o partido tem chance de ganhar nas três?
Colombo – Tem, claro.
DC – Depois da eleição, há uma expectativa de que o senhor faça uma reforma no secretariado. O senhor já está pensando nisso?
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Colombo – Eu acho que o governo é feito em dois tempos. Agora nós estamos com muitos projetos em andamento e eu vou tratar dessa questão só em dezembro. Não é troca de pessoas. É uma reforma administrativa que é nosso desejo fazer, e ela está sendo estudada ainda. Não tem nenhum vínculo com o processo eleitoral, partidário. É uma segunda fase do governo diante da nova realidade da economia, dos desafios, desses financiamentos todos que vão entrar em curso. Mas isso está sendo estudando independente do processo eleitoral.