A Notícia – O desemprego aumentou em 2015?
Silvino Völz – No setor metal-mecânico, a rotatividade caiu 10% em 2015 em relação a 2014. No entanto, a reposição dos postos de trabalho não aconteceu na mesma proporção. Tivemos o fechamento de aproximadamente 700 vagas na região. E a grande culpada é a crise política, que afetou o setor econômico. A Operação Lava-jato lavou o emprego. Não podemos deixar de enxergar isso. Não concordamos com a roubalheira. O governo está sendo corajoso em lavar a sujeira que estava por debaixo do tapete, mas isso tem um preço, fomos afetados, sim.
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AN – Que medidas foram tomadas para evitar o desemprego?
Völz – As empresas deram férias, algumas estabeleceram banco de horas. Outras, como a Menegotti, dispensaram trabalhadores sem quitar as verbas rescisórias e tivemos que entrar com medida judicial para garantir o pagamento dos direitos. Nosso maior patrimônio é o emprego. Temos que ter emprego, boa remuneração para pagar as necessidades básicas e viver de forma digna. Nossa categoria é muito diversificada. Há empresas com excelente tecnologia e outras com máquinas arcaicas, além das que estão em condição insalubre. Ainda não estamos no auge, mas grande parte tem compromisso.
AN – Qual é o cenário para 2016?
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Völz – Estamos começando a perder trabalhadores e vemos 2016 com muita tristeza. O fechamento de postos pode passar dos 700. Nos primeiros dias de janeiro, mais de 400 trabalhadores assinaram rescisão, claro que dentro desse número estão aposentados que pediram para sair do Grupo WEG, e este grupo corresponde a 65% da categoria. Então, nem todos são dispensas por causa da crise. Há outras razões. Cinco empresas também estão tentando estabelecer acordo para discutir a redução de jornada e de salário. São pequenas, médias e grandes empresas com propostas de redução de jornada de 20% e de salário em 10%, ou de 15% de jornada e de 8% de salário. A área comercial das empresas não está faturando, e quando fatura, é pouco. A construção civil tem retração de 50% nos negócios. Grandes empreiteiras estão fechando em Jaraguá, e as pequenas também estão em dificuldade.
AN – O que preocupa o sindicato?
Völz – Manter o emprego, o câmbio e a dificuldade de conseguir financiamento. A crise tira o sono. O setor automotivo nos dá uma linha do que pode acontecer. Não vemos expectativa positiva para 2016. Se empatar, será uma vitória, mas deverá haver prejuízo, e 2017 é uma incógnita. Jaraguá do Sul tem uma situação diferenciada porque atua em vários segmentos, como da alimentação, da construção civil, da energia e da siderúrgica.
AN – A política econômica do governo prejudica a categoria?
Völz – Prejudica, sim. A história de que precisa fazer a reforma previdenciária para corrigir a questão econômica é piada. Estamos vendo uma política equivocada. As grandes multinacionais têm de pagar mais imposto e é preciso fazer as reformas tributária e trabalhista, sem tirar direito do trabalhador.
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