O Diário Catarinense entrevistou os cinco candidatos à prefeitura de Blumenau. Confira abaixo a entrevista com o candidato Arnaldo Zimmermann (PCdoB):
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Uma constatação que a gente teve nas visitas conversas com as entidades e empresários é que Blumenau tem seus planejamentos, o Blumenau 2050, o Pedem… e falta executar os planejamentos e que os planejamentos não mudem de acordo com cada prefeito que passa, como é que o senhor faria? Abraçaria esse ultimo plano como prefeito?
O Pedem em desenvolvimento dá pra executar ele como foi feito, eu, particularmente, li todo o plano, acho que ele poderia ser um pouco mais preciso, mais específico, ele ficou muito em aberto, acho que foi um trabalho ainda de poucos meses, não com todo o envolvimento que poderia, eu já participei de planos como esse e na minha leitura, tanto na visão acadêmica quanto de gestor público eu vi que ele poderia ser um pouco mais profundo e mais específico, mesmo assim ele trás diretrizes para poder executar, então, compromisso de executar o PEBEM e aprimorar de outras circunstâncias, com diálogo permanente, aberto com os setores. Existe um outro que está vinculado, que é o Plano Municipal de Turismo, que esse sim eu acho que precisa já de aprimoramento, eu acho que ele é incompleto, ele revela, faz um diagnóstico que é interessante da cidade, mas ele não dá valor a outras potencialidades, que não houve um estudo de caso múltiplo de outros setores, por exemplo, como esse potencial que Blumenau tem a muito tempo de turismo ambiental próprio incremento de turismo de lazer e o turismo cultural. Ele não consegue criar um ponto de fusão entre essas modalidades de turismo e o turismo de negocio, ele distancia, então eu acho que a gente vai executar, mas a gente precisa aprimorar para executar, só como comparativo, que também faz parte do leque de negócio. O Pebem em desenvolvimento, ele tá pronto com todas as diretrizes para se executar, que não houve execução ainda, a gente precisa executar, quanto a isso não há problema, não precisa zerar tudo e recomeçar, aliás, eu tenho um perfil de que eu não gosto de voltar a estaca zero, eu tenho esse perfil de tocador, de pegar o que interessante e tocar. Se tiver qualquer outro projeto que esteja pela metade, nós vamos fazer os consertos que precisa, de uma forma rápida, e vamos tocar até o fim porque não se pode perder tempo.
Blumenau viveu um processo traumático de troca de empresa de ônibus agora e eu queria saber como o senhor avalia esse processo e o que pretende modificar ou fazer?
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Eu andei de ônibus ontem de manhã, coloquei no Facebook até como o ônibus chacoalhava, sentado, se fosse em pé nem se fala. Os ônibus são muito ruins da empresa de agora, do consorcio anterior também, havia muita reclamação, também ônibus ruins, aliás esses são ainda piores, agora, se a gente entender que há uma medida paliativa que tá demorando muito, a gente precisa de ônibus novos, só que não pode se resumir só a ônibus novos, o que que precisa nesse edital, ele precisa contemplar algumas coisas, as audiências públicas que ocorreram elas levantaram muitas sugestões, eu não vi nenhuma dessas sugestões sendo acatadas pelo governo municipal, as audiências publicas sugeriram dividir em lotes, sugeriram um equipamento diferente no ônibus, que poderia ter um ônibus já com entrada rebaixada, para facilitar para o cadeirante, ar condicionado, e uma séria de coisas que não foram atendidas. Ar condicionado, wi-fi, ele é importante para dar conforto ao usuário e tentar atingir a classe média, nós nunca vamos atingir a classe média e faz ela andar de ônibus, se você não der um ônibus com conforto, que ele saiba, pelo menos, que em alguns horários do dia ele consiga sentar, trabalhar com seu smarthphone, seu tablete, a caminho do trabalho, da reunião, ele consiga trabalhar, com wi-fi, ar condicionado, então esse é um modo de atingir a classe média. E é claro que o principal é dar comodidade a todo o usuário do dia a dia, então precisa se pensar em mais horários, em mais linhas e criar linhas alternativas, tem uma linha chamada interbairro aqui em Blumenau que só tem duas, 1 e 2, o 2 foi na minha época de vereador em 97, foi um pedido meu junto com a comunidade, faz 19 anos que não tem uma nova linha interbairro, o interbairro desvia do centro, ele faz um transversal entre um bairro e outro sem passar pelo centro, que é uma tendência de Blumenau, as pessoas morarem em um bairro e trabalharem em outro, não mais no centro, evitar essa troca de terminais, uma linha que a gente quer implantar, essa muito importante, é uma linha circular na área central, com um ônibus menor – há alguns anos já houve, mas não houve nada assim, houve um ônibus que saia de alguns bairros centrais e ia até o centro e voltava, um pequeninho, mais caro, e existia um outro carro normal, que faz a região central, mas ai está dentro do sistema. O que a gente quer é um carro menor, que circule nos bairros centrais.
Isso dentro desse sistema que está sendo licitado?
Se não entrar nesse sistema a gente faz ele separado, se não entrar a gente faz um aditivo nesse contrato ou a gente faz um contrato separado.
O senhor acredita que eleito prefeito o senhor herda essa licitação pronta, ou vai ter que completá-la?
Eu imagino que a gente vai ter que completar, até porque o vencedor não vai sair antes da posse pra prefeito, então é um período no processo licitatório que ainda você pode fazer algumas alterações, depois de contratado também pode ter alterações, há dispositivos legais que permitem que você faça alterações, depois de contratado, só não pode mexer com o equilíbrio financeiro da empresa, então botar uma linha como essa, onde o sujeito paga lá um passe mensal e ande pra pegar justamente, pra tentar tirar os carros do centro, criar bolsões de estacionamento perto dos terminais, bicicletários e fazer com que ele pague um valor mais baixo, pode ser uma tarifa mais baixa do que do ônibus convencional, e ele poder pagar por mês ou por dia, e dando certo, implantar em todas as outras linhas o pagamento mensal e o pagamento diário, que nunca ninguém quis implantar isso, existe em outras capitais, existe na Europa, eu inclusive já andei na Europa, em vários lugares assim, se paga por mês, se paga por dia, paga como quer, e aí paga menos, e anda a vontade.
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Você antecipa a receita…
É, você antecipa a receita, se eu fosse dono de uma empresa, eu ia querer ter uma receita garantida, mensalistas pagando, você ter milhares de mensalistas, com uma receita garantida, andando ou não andando, não vai andar de ônibus, tudo bem, já tá pago, hoje vou andar mais vezes, vou andar cinco ou seis vezes. Inclusive, nas pequenas empresas que eu tive, sempre trabalhei nessa ótica, tive uma empresa que as pessoas… a loucura, quando ninguém conhecia Netflix, que as pessoas alugavam um filme e ficavam o tempo que queriam e pagavam uma mensalidade, foi em uma empresa minha, anos atrás, eu sempre tive esse modelo de negócio. Quando eu fui secretário de turismo, fiz a única vez que houve, fiz um cartão pro blumenauense para a Oktoberfest, só teve daquela vez, nunca mais… ele pagava menos, ele comprava cartões magnéticos antecipados pra festa toda, pagava mais barato, ele usando ou não usando tava pago, a receita da festa tava garantida antes da festa, por isso na época em que dava prejuízo eu fiz uma festa dar lucro, com receita antecipada, cobrando menos. Eu não entendo como é que o poder público aqui até hoje, das experiências que eu tive na iniciativa privada, no poder público de trabalhar com receita antecipada e ai você dar vantagem, dar preço menor, que eles não pensem nisso, então, assim, pelo menos nesse ônibus circular. E uma coisa no transporte coletivo que ela soa como revolucionária, que é o transporte escolar subsidiado, que é uma meta de atingir até 16 mil crianças, hoje a rede municipal tem hoje 30 mil crianças. Blumenau não tem ônibus de meia tarifa para estudante? Tem a meia tarifa, mas é dar o transporte escolar para os alunos da rede municipal, dar um ônibus, um outro ônibus, outro motorista, sem cobrador, com um ajudante para ajudar com as crianças pequenas de seis, sete anos, como nos países de primeiro mundo, o ônibus pega as crianças não na frente de casa, mas nos corredores, nas ruas principais, uma outra linha, com paradas em locais diferentes.
Mas fora do sistema ou dentro dele?
Fora do sistema, então essa é uma maneira de você, você faz com que a criança tenha um transporte próprio. Porque 16 mil, porque no plano a gente fez um cálculo e que aproximadamente a metade não precisaria, por causa da proximidade, alguns moram a 500 metros da escola, atingindo até 16 mil crianças tem um custo, daria um custo em torno de 8 milhões por ano, mas porque, é uma politica publica que pode vir recurso de duas frentes – do fundo nacional da educação e do transporte, porque você está investindo no transporte, tá investindo no trânsito, tá tirando carro da rua, e tá investindo na educação, isso, a gente imagina que pode diminuir de 15 a 20% do número de carros na rua, ainda mais se, com a ideia dando certo, você expandir isso em parceria com a rede estadual e a rede particular, eles poderem fazer o mesmo, quer dizer, criar um grande consorcio que faça o mesmo, isso da uma redução considerável de carros na rua, entrando um pouco na mobilidade já…
Mobilidade é um tema forte aqui em Blumenau, inclusive Blumenau está há quatro anos discutindo a construção de uma ponte, qual é a sua posição sobre esse debate ideológico sobre a ponte?
Tem dois candidatos que tão debatendo muito se a ponte deveria ser aqui ou lá, eu vou dizer assim, eu faço a ponte que for mais rápido, que o dinheiro estiver garantido e que for mais rápida. Porque eu sou pragmático, tem que fazer a obra, tem que fazer, eu não iria perder quatro anos discutindo onde é que faz, faz a aquela e gasta os quatro anos discutindo a segunda. Na mobilidade é o seguinte: primeiro tem um plano de mobilidade, o mais importante, ele vai definir qual é a densidade crítica das ruas, em que ruas você faz alterações de trânsito, sem chute, você vai definir as redes estruturais, para decidir, inclusive onde vai os semáforos inteligentes. Para você ter uma ideia, a ausência de semáforo inteligente em Blumenau gera uma despesa de 5 milhões de litros de combustível por ano. Então, eu gosto de tocar a obra, mas eu gosto de me aprofundar mais. A gente precisa de um plano de mobilidade, o plano de mobilidade define as redes estruturais, para saber aonde tem a necessidade de linhas de ônibus, aonde você desvia o trânsito ou altera os sentidos, aonde implanta os semáforos, semáforos inteligentes, que custam o dobro de um normal, mas eles se pagam com o tempo, porque diminui… Semáforo inteligente e transporte escolar gratuito, já pode chegar a 30% de menos carro na rua. Mesmo a ponte sendo importante, a ponte vai ter menos movimento também. Só que além da ponte eu quero fazer alguns elevados de calha, se possível elevado de calha, se chegar lá os engenheiros e dizer que não é possível elevado de calha, que elevado comum, que é viaduto, tudo bem, a gente pensa hoje, na ótica de hoje no elevado de calha que são elevados mais simples, aqueles que passam um carro de cada vez, uma calha mesmo, e quando chega embaixo, aquelas alças dividem pra dois lugares diferentes, faz uma bifurcação, por que isso facilita as travessias, tira os semáforos e facilita as travessias nos lugares historicamente congestionados. Só que eu não quero encher o centro da cidade desses elevados, não fazer um minhocão de SP, é mais principalmente na região norte… Qual é nosso problema hoje de trânsito, não é só o Centro, no Centro a gente tem que colocar semáforo inteligente, tirar os carros do Centro, com essas medidas que eu falei. A região Norte, que é onde você tem o rio e as rodovias, isso é um grande problema, porque como é que você atravessa o rio – que é ponte, como é que você atravessa a rodovia – viaduto. Ai você tem todos os outros acessos pra abastecer com esses elevados de calha, pra dar fluidez e tirar sinaleira.
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As prefeituras estão com uma situação dramática nos orçamentos, as arrecadações caindo, os gastos fixos crescendo… Vai ter dinheiro pra fazer essas obras viárias?
Vai porque você tem que priorizar algumas coisas. Primeiro que a prefeitura de Blumenau perdeu muito dinheiro, talvez na questão da gestão dos fundos não tenha perdido tanto porque esses são programados, mas convenio, financiamento, perdeu muito dinheiro, eu mesmo tentei trazer 2 milhões de reais pro Restaurante Popular e o prefeito não quis, porque achou que isso traria despesa, e a gente tinha um cálculo. Ontem conversei com o reitor de uma universidade que disse “não, traz pra gente que a gente faz”, 60 mil reais por mês, a gente paga, mas não, vai custar menos, eu como prefeito vai custar menos, 60 mil custa o de Joinville, vai custar 40 mil, aproximadamente, porque 20 mil reais a gente consegue doação de alimentos, e os 40 mil investe metade na agricultura familiar, que dá uma renda para o agricultor, minha questão é otimizar tudo isso porque você tá fazendo uma política pública já garantindo outra, você não tá gastando dinheiro, os 40 mil, você tá investindo no agricultor, já tá acionando outra política publica. Agora, buscar dinheiro, busca recurso para obra, tem dinheiro, o próprio Pacto por SC, eu conheci, eu trabalhei com as obras do pacto e eu vi que facilmente o prefeito tendo vontade, uma necessidade extrema no município e ele bate na porte do governador, dos secretários, da área, facilmente a gente viu que não é difícil inclusive você mudar os valores de uma secretaria para outra, de uma obra pra outra, eu vi isso acontecer, você precisa um programa grave, que o governo tem que investir, o estado poderia investir, em Blumenau, por exemplo, um viaduto, mas só tem obra pro CRAS, se não há mais necessidade de obra de CRAS aqui, ele não consegue mudar esse valor para a obra do viaduto? Ele consegue, isso é possível. O que o prefeito precisa é conhecer esses tramites, conhecer esses caminhos pra ele já bater na porta com o projeto já sabendo como se faz esse remanejamento nas outras esferas. Governo Federal é a mesma coisa, ministérios das cidades teve dinheiro por algum tempo pra esse tempo de obras, pra reurbanização das áreas regularizadas e tudo mais, esse dinheiro a fundo perdido que é pra obra, esse tem que buscar, que nem a questão das creches, o que eu digo, eu não acho difícil buscar o dinheiro pra construir creche, eu acho mais difícil garantir a folha de pagamento pra não ultrapassar o limite prudencial com a contratação de professores.
É o dilema de qualquer prefeito, porque a obra em si acaba sendo mais fácil de fazer do que pagar depois. Uma hora acaba de pagar. E como paga?
O problema depois é aquilo que tem o custeio e principalmente a folha de pagamento, que você não pode estourar o limite, que é o grande dilema das creches, por exemplo, as creches se arruma o dinheiro, busca, faz 10 novas creches, você consegue por financiamento, convenio, tudo, Brasília, Florianópolis, mas depois a folha de pagamento como é que fica. Nesse caso específico, já tratando de educação, a gente tem a prioridade de contratação em época de retração econômica de novos servidores com prioridade absoluta para saúde e educação, pra atender a uma demanda gigante que existe, o resto, se precisar terceirizar, terceiriza, o resto você administra diferente, você segura os concursos, terceiriza muitas frentes, isso é a proposta da Guarda Municipal…
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O senhor é bem flexível com terceirizações, considerando que o senhor é do PCdoB, o senhor fala inclusive em parcerias público-privadas…
Mas é tranquilo, porque eu sou PCdoB, mas eu tenho experiência de gestão pública, então a gente sabe que não funciona por um caminho, você busca um outro caminho, não há nenhum problema. E o PCdoB não é estatizante assim, o PCdoB vem de uma realidade brasileira de desenvolvimento do Brasil, o PCdoB fez parte de um governo federal, e uma parte de um governo estadual bem numa era de um desenvolvimento, sabendo que: por que ocorre esse desenvolvimento? Porque existe a iniciativa provada que tá desempenhando seu papel, então o Brasil estava exportando porque as empresas brasileiras estavam produzindo bastante. O governo não tem que ser o dono do processo de produção, tem que incentivar o processo, o PCdoB compreende muito bem isso, e as parcerias publico-privadas, essas demais parcerias são importantes porque você preserva.
Que áreas que o senhor acha que pode ter PPP aqui?
Acho que na questão de desenvolvimento econômico com certeza, acho que em obras, não vejo nenhum problema. Nós ainda resistimos, a gente resiste no plano, quanto a educação porque e a gente acredita que na educação você pode ter algumas parcerias, pode, como medida paliativa, mas não é o cerne, a questão do cerne educação de qualidade a gente pensa no serviço público, então a gente não imagina em uma escola, por exemplo, você fazer PPP. Na saúde você tem condições, você pode ter nos exames, como já existe, você pode incentivar toda uma rede de laboratórios de empresas particulares para a agilização dos exames, inclusive é uma proposta nossa, chegar o dia em que você reduza o tempo dos exames de média e baixa complexidade para 24 horas, todo mundo pergunta: como? E ai eu respondo: mas porque não? Você não tem um gasto? Você vai gastar um milhão de reais em exames médicos, se você esperar seis meses para fazer os exames ou se fizer em 24 horas, vai gastar o mesmo milhão,. Com uma lógica de que esperar seis meses vai custar mais caro, até porque o tratamento de saúde vai ficar mais caro, então a lógica é a mesma, o dinheiro é o mesmo. A mesma experiência que eu tive na iniciativa privada, vai gastar o mesmo, porque não encurtar o prazo, então ai você pode ter parceria com a iniciativa privada, agora, a gente resiste mais no profissional, que p médico, o professor, que esse seja alguém contratado pelo serviço público.
Entrando na questão partidária, se o senhor for eleito, vai entrar com minoria na câmara, tem essa consciência de que não deve eleger mais do que um ou dois vereadores. Como é que o senhor vai garantir sua governabilidade.
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Nós vamos discutir com essa base, porque mesmo que articule com outras coligações, eu não chegaria nos oito, se eu discutir com outras coligações, porque tem outras coligações de vereadores dentro das coligações, um tem três, outra tem três, as outras duas tem uma coligação só, como a nossa. Vamos dizer que a gente dialogue com uma outra coligação pela afinidade, tem coligações de partidos menores com outros candidatos a prefeito, mas nós não vamos passar de quatro. Então, o que a gente vai, eu não pretendo distribuir cargos, se eu tiver que lotear a prefeitura, distribuindo cargos, para ter maioria, eu prefiro a minoria, qual é o risco de você ser minoria? Existem dois riscos. Existe o risco de cassação do prefeito por uma ditadura de maioria, por qualquer coisa, se você espirrar fora da sua mesa, uma maioria, como a gente já viu, mesmo em nível nacional, sem ter base legal nenhuma a maioria decide, e a justiça muitas vezes se curva a decisão do legislativo por entender que aquilo é de foro íntimo de outro poder, então você tem esse risco. Então você vai apelar para a sociedade e também e apelar também para a consciência os vereadores na individualidade, outro risco que a gente tem, projetos importantes, que geralmente são um ou dois por ano na prática, projetos importantíssimos para você alavancar algo, que vereadores da oposição por birra muitas vezes votam contra, então o que vai acontecer, se isso ocorrer, a gente vai primeiro fazer uma grande explanação da discussão com a sociedade com a mídia, pra todo mundo conhecer o projeto antes dos vereadores votarem. Agora, eu acredito que da pra construir um dialogo para você ter a maioria, não precisa ser uma maioria fechada com o prefeito, mas uma maioria eventual, uma maioria para aquele determinado projeto, ter uma articulação. Eu fui vereador de situação e de oposição, então eu lembro que quando eu era de situação eu votei algumas vezes em projeto da oposição, e quando eu era líder da bancada, eu conversava com a bancada porque acanhava que era interessante, porque não prejudicava o executivo, não prejudicava a cidade, “ah mais isso vai dar uma força polícia para a oposição”, não importa, é bom para a cidade, vamos nos articular. E a melhor experiência foi quando eu fui vereador da oposição, o executivo procurava, e eu era crítico, muito crítico ferrenho com denúncias contra a administração na época, mas procurava com projetos que eu como vereador na individualidade, votava a favor, votei a favor do plano de carreira dos fiscais do planejamento, que o executivo procurou, estava ajustado a situação, porque você entende que aquilo é benéfico para determinado setor daquela cidade. Eu acredito que para você chegar aos oito, nove, você pode ter uma margem de flexibilidade dos vereadores, não vejo muito problema.
O que impediu a união das esquerdas aqui na cidade? A gente viu que até o ultimo minuto teve praticamente conversas e especulações de que um apoiaria o outro, mas acabou não se consolidando. O que dividiu vocês?
Na verdade não dividiu, o PT se inclinou muito a trabalhar isoladamente. O PT de Blumenau não consegue mais articular a força política, eu articulei uma vez, na verdade eu construí uma coligação de sete partidos, que ficaram em cinco porque dois não conseguiram registro, mas a Rede, por exemplo, que apoia, ela não tá registada mas eles estão fazendo campanha, não conseguiram CNPJ a tempo, mas na prática é como se fossem sete partidos, a tentativa primeiro foi com PDT e PT, dialoguei muito com eles, inclusive para que todos retirassem o nome, retirassem a cabeça de chapa e se discutisse do zero. O PT sempre foi intransigente impondo a cabeça de chapa e impondo todas as condições, até que quando nós formamos a nossa coligação, das três frentes de esquerda a única que teve a coligação mais ampla foi a nossa, partidos pequenos, pequenos do ponto de vista de câmara dos deputados, porque o PCdoB e o PSDC, que são os puxadores, o PSDC tem nove candidatos a vereador, nós temos sete, mas nas convenções maiores, PSDC tem convenção com 120 pessoas, PCdoB foi convenção com 80 pessoas, que localmente tem uma estrutura maior, além do PEN, PNN e PSOL, a gente conseguiu constituir, os partidos ficaram com vontade de ir pra essa coligação, entendendo que é uma nova frente de esquerda, na verdade se ver muito hoje como uma coligação mais de centro-esquerda, vai de um PSOL até um PEN, ou um PSDC, e acredito que faltou flexibilidade, não vou criticar falta de habilidade, porque eu desconheço a habilidade tanto do PDT quanto do PT, mas houve falta de flexibilidade, se fossem mais flexíveis poderíamos ter uma grande frente ai com 10 partidos.
Nos últimos anos a cidade se acostumou a ver representando a esquerda o casal Lima, um dos dois, o que a ausência deles significa nessa disputa.
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Eu tenho a impressão que o PT tem dois problemas aqui, ele tem um problema em nível nacional, que isso todo mundo conhece, vale pra qualquer cidade, e tem uma questão aqui de desgaste do casal Lima, há um desgaste muito grande, eles ainda tem um patrimônio eleitoral, e vão ter talvez por muito tempo, mas numa disputa para prefeitura houve um desgaste muito grande pelo fato de serem sempre os mesmo, serem da mesma família, nos últimos anos teve um candidato que não foi. Mas eu acredito que eles não construíram novas lideranças fora desse eixo da família Lima, isso prejudicou, é claro que é uma questão deles, acredito que foi um erro deles, deveriam dar um passo para trás, abrir mão da candidatura pra tentar passos lá na frente.
Sendo Partido Comunista do Brasil numa cidade conservadora como Blumenau atrapalha?
Não, os únicos que tocam nesse assunto são os jornalistas nas entrevistas, eu tô andando direto no comercio, nas reuniões, ninguém nunca fez uma pergunta dessa, nem os empresários, reunião com os setores, , empresas convidam para falar com os colaboradores, executivos, tudo e só os jornalistas fazem essa pergunta. Como eu sou jornalista também eu entendo, e acho que eu faria o mesmo também, e sei que fazem pra todos, mas não atrapalha em nada justamente por isso, porque lá fora ninguém pergunta, e o único momento de desgaste é assim… o antigo PCB que também usava foice e martelo, já teve candidatos bem votados no passado e as pessoas nunca se preocuparam com isso, alguns passaram a se importar mais agora por causa da crise política nacional, na verdade eles não tão criticando o PCdoB, eles criticam o PT e chamam o PT de comunista, chamando o PT de comunista, tudo onde estiver escrito a palavra comunista se relaciona ao PT, que não é ao PCdoB, é essa a leitura que a gente tem. O PCdoB tem um desgaste muito menor do que parece. E ai tem uma outra coisa que sou eu como candidato, que sou professor universitário ,sou radialista, sou da imprensa, não cola em mim esse perfil extremista, até porque eu não sou extremista.
No seu plano de governo, o senhor fala em criar uma mesa permanente de negociação com os servidores, e o seu partido costuma ter uma base sindical forte. Como é que os senhor pretende fazer essa relação com os servidores, especialmente nesse momento das dificuldades de dar aumentos?
Nós vamos pegar grandes dificuldades principalmente nos primeiros anos, no primeiro ano, obviamente, a gente já quer chamar o servidor já no início da gestão, pra deixar isso já bem claro, porque o primeiro ano vai ser muito difícil, já pega herança desse governo agora, que tem parcela pra pagar do reajuste já em janeiro no início do ano, então já vai pegar um ano difícil, e eu gostaria que os servidores ajudassem a construir o plano plurianual, pro ano 2018 em seguida, chamar os servidores pra uma mesa permanente é eles ajudarem a discutir o plano plurianual, chamar os professores pra gente poder aplicar, colocar em prática as ações do plano municipal de educação, educação pra mim é prioridade, tanto é que eu resisto essa questão de trabalhar o professor dessa terceirização que muitos querem fazer da educação. Professor tem que ser valorizado, porque os frutos serão colhidos daqui a 15, 20 anos pela sociedade, professor é investimento. E o servidor pra humanizar o atendimento, nós nunca vamos ter um atendimento adequando ao cidadão, não vamos fazer render esse atendimento, se não investir no servidor, eu como tive a experiência de trabalhar com servidor, eu quero trabalhar mais com servidor de carreira do que com servidor comissionado, a minha experiência no estado e no município fez com que eu sempre aproveitasse mais o servidor de carreira do que o comissionado, eu não vou encher a prefeitura de pessoas simplesmente só por serem partidárias, só para fazer política, não. Comissionado todo mundo tem, mas nós vamos ter menos, mas é aquele que detém um conhecimento. Tem uma meta de corte de comissionado? A gente não trabalhou, mas deve superar os 50%. A gente não discutiu isso no plano, mas deve superar os 50% de comissionados de fora da prefeitura, a ideia é aproveitar em vários cargos os servidores de carreira, quando eu fui secretário as duas vezes a gente aproveitou bastante os servidores de carreira, e lá no estado também, agente descobriu que o servidor de carreira que conhece todo o fluxo, sabe onde tá o caminho para o convenio, conhece tudo e precisa de incentivo, incentivar não é só dar um cargo comissionado, mas valorizar o trabalho dele, porque ele que vai ajudar a governar a cidade. Vão ser quatro anos, não vai ter reeleição. Eu não quero ser candidato a reeleição. São quatro anos pra transformar em um modelo diferente de gestão, um modelo que possa ter o servidor ajudando a fazer a gestão, ajudando a governar a cidade, e talvez exatamente como tenha sido a minha trajetória, eu participo de algo por um tempo, no poder público por um tempo, eu não tenho pretensão de sair da prefeitura e em seguida ter planos de disputar senado, alguma coisa, isso não faz parte da minha trajetória do meu pensamento , eu quero ter a experiência de prefeito e dar uma experiência diferente para a cidade pelo fato de eu ter sido do legislativo, do executivo e sempre ter dialogado bem com o servidor, sempre ter dialogado bem com todos os setores, e fazer um governo que ajude a recuperar a autoestima da cidade, e se o servidor estiver bem motivado o atendimento será melhor e as pessoas vão ficar satisfeitas com o atendimento.
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A gente teve no final da administração anterior a operação tapete negro, ainda hoje muito comentada na cidade, embora não tenha uma decisão judicial envolvendo cassação de vereadores, que depois acabaram sendo devolvidos. Como evitar que esse tipo de prática se repita, candidato?
Não pode dar margem pra isso, eu sei que quanto mais sistemas você cria para evitar a corrupção, mas eles dão chance para gerar corrupção, é aquela história de você proteger por senhas e chaves e quem detém as senhas e as chaves acaba promovendo mais corrupção ainda, vi isso em lugares próximos por onde eu passei, mas primeiro o seguinte: prefeito tem que ter o controle de seus secretários, diretores e até dos vereadores da base – e foi isso que aconteceu daquela vez, eram vereadores da base – então no mínimo, ele não vai conseguir ter o controle de todos os servidores, pra isso tem sindicância, processo administrativo, pra qualquer coisa que ocorra, mas ele tem que ter controle, errou, não importa se é do time de confiança, erro tem que pagar, vai ter que ter a punição, a punição qual é? O vereador ou vai ser exonerado, ou vai ter que responder diante da justiça, diante de todos os instrumentos de investigação que ocorrerem. Eu sou marcado pra quem me conhece aqui, os 45% que na última pesquisa me conheciam, eu tenho uma marca muito forte da honestidade , justamente por isso, porque onde eu entro não há problema nenhum, na própria secretaria do estado, a confiança que a secretária tinha em mim pra cuidar das contas, essa confiança que as pessoas tem: “tá em boas mãos, lá eu acredito que não vai ter nada errado” e realmente nunca houve, é ter um controle permanente sobre esses comissionados, e os comissionados, é claro, a própria estrutura transparente de fato, vai ajudar que a sociedade civil fiscalize tudo, inclusive o próprio servidor. Tem que ser uma transparência melhor do que é hoje, você entra no portal da transparência e não entende muito bem aqueles números, ele precisa ter mais texto explicativo, organogramas, fluxogramas.
A experiência como jornalista vai ajudar nisso.
É, porque você pega lá e você não entende, eu muitas vezes entro lá e não tô entendendo o que é convênio, então tenho que ir lá em outros portais pra entender o que é, então uma transparência para o cidadão, então você fortalece os conselhos, você fortalece o controle social, esse controle social ajuda a fiscalizar. É o exemplo do incentivo econômico, eu já mais daria incentivo fiscal econômico pra uma empresa numa decisão de gabinete, acho que teria que passar pelo conselho de desenvolvimento, debater em conselho, se o prefeito quer dar ao setor da economia pra aprimorar, ele vai discutir, vai tentar convencer primeiro o conselho, o conselho tem que estar composto pela sociedade civil, aliás, a nossa proposta é que 60% até dos conselhos sejam compostos por membros da sociedade civil e tenham um rodizio muito grande, pra não viciar as pessoas também, pra que não vire aquela coisa da entidade tal indica o fulano que é ligado a alguém do governo, então esse controle social aumentando, a margem de corrupção também vai reduzindo, acho que hoje, da mesma forma que o imposto de renda tem um cruzamento de dados muito bom, nós temos que aprimorar mais essa eficiência na gestão pra que todos os dados sejam cruzados pra que o sujeito antes de pensar em levar uma propina ou alguma coisa, ele pense que a chance dele ser pego é muito grande, é desde a câmara de vigilância até o próprio sistema – quem digitou, quem entrou com a senha, em algum momento ele vai ser flagrado.
Uma coisa que marcou muito Blumenau nessa história foi essa questão das enchentes, que teve essa última de grande estrago em 2008, olhando o que foi feito nesse último tempo, o senhor acha que Blumenau está preparada pra um evento desse porte novamente?
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Eu tinha acabado de postar no Facebook antes de vir pra cá, do meu programa de TV que foi sobre desastres, como eu sempre lidei a vida inteira com desastres, porque eu sou radialista, desde as enchentes dos anos 80 sempre trabalhei na cobertura, fiz minha pesquisa de mestrado sobre isso e na prefeitura trabalhei com isso também, então a pergunta era: já aprendemos a lição? Parece que não. Eu visitei um bairro agora, num local onde duas casas, duas famílias perderam a vida, os escombros estão lá e as casas ao redor estão lá ainda, não houve nenhum projeto da prefeitura nesses anos todos pra que aquelas famílias pudessem ter uma proteção, um estudo adequado para que saber se lá uma contenção na encosta resolve ou tem que tirar aquela residência de lá, o pessoal corta muito por cima, “aquela região toda, nós temos que isolar aquele loteamento todo”, e você vai ver, são só 10 casa, de 1000 casas tem só 10. Eles decretam algumas áreas como áreas de risco, sem toda a região ser área de risco, você tem que proteger as encostas, tô falando do desastre do chamado escorregamento de terra, que é o maior problema que houve em 2008. Então há uma diferença, enchente é um desastre natural, o que você tem um represamento, a inundação é um processo que ela pode ser avolumar ou ampliar de acordo com interferência humana, como o alagamento. o desastre que ocorreu em 2008 a gente chama de socioambiental, ele tem a parcela de participação social, do poder público, com os loteamentos, com os alvarás que deu para algumas regiões que não deveria. Só uma parte é da natureza, dá pra impedir, dá pra impedir que ocorra daquela forma. Vão continuar ocorrendo deslizamentos como no Morro do Baú, lá em Ilhota, em áreas verdes, mas onde existe uma casa embaixo, porque que aquela casa tá embaixo? Porque construiu ali onde não poderia? Então você precisa ter um plano de habitação e regularização fundiária, eu quero trazer para a regularização fundiária o aprendizado que eu tive no estado, não o programa que tem no estado, que é o Lar Legal, aquele inclusive tem problema com algumas empresas, mas o mesmo modelo, que é o modelo onde você possa ter uma empresa de topografia que faça todo o levantamento, que tenha um prazo de um período X, que veja com o auxílio de geólogos da prefeitura quais são os locais que tem que sair por questão de risco, quais as zonas de interesse especial, e a partir do momento que você tenha os lotes definidos, possa ir para os juízes articulados pelo Tribunal de Justiça pra poder julgar a questão da divisão dos lotes, com a anuência dos antigos proprietários, dos herdeiros, então a regularização fundiária a gente já conhece o caminho, só que a ideia é implantar um plano próprio pro município, de preferência. Isso já resolve uma parte do problema que você já detecta também na regularização as áreas de risco, e existe também outro casos, financiamento como próprio Minha Casa Minha Vida, do governo federal, que é criticado por muitos, mas acaba sendo uma saída para pessoas em áreas de risco, grande problema tá na seleção das famílias, hoje tem violência em alguns desses condomínios, mas é mais pelo processo de seleção, não pelo prédio, porque um traficante tá morando lá em um andar e tá usando aquilo como uma rede de tráfico, mas esse é outro problema, é mais um problema de assistência social que precisa verificar isso.