O arquiteto e urbanista Marcel Virmond Vieira, novo secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável de Joinville, foi o segundo entrevistado da série produzida pelo A Notícia e pela CBN Joinville. Entre 11 e 22 de janeiro, dez secretários da gestão Adriano Silva serão apresentados a partir de entrevistas sobre as principais demandas de cada área.

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O novo secretário de planejamento urbano foi aluno do arquiteto e urbanista Jaime Lerner, além de pesquisador e bolsista do CNPQ. É especialista em desenvolvimento urbano e em gerenciamento ambiental, professor titular de diversas cadeiras dos cursos superiores de Arquitetura e Urbanismo e Design de Interiores.

Atuou durante toda a carreira nessas áreas com escritório próprio e como funcionário público, onde foi arquiteto concursado na Seinfra, diretor executivo do IPPUJ e na Seplan, além de consultor na SDR. Agora, participou do processo seletivo do partido Novo e foi escolhido como secretário da Sepud.

– A área de planejamento urbano traz uma gratificação muito grande porque aquilo que a gente consegue realizar fica para toda comunidade. E a possibilidade de atuar agora nessa nova gestão foi muito interessante porque tem uma dinâmica diferente, nova. Toda a equipe da prefeitura e do governo está trabalhando de forma colaborativa. Todo mundo se encontra, conversa, trabalha em conjunto. Esta primeira semana de trabalho tem sido fabulosa – explicou à CBN.

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Ouça a entrevista completa:

Confira os principais pontos da entrevista:

PAC e investimentos em obras

Nós estamos à todo vapor com as obras do PAC que são um pacote de investimento de R$ 160 milhões em obras viárias. Nós temos agora esse conjunto de ações definidas em conjunto com o Governo do Estado, que vai ser no Distrito Industrial, a abertura do Eixo K, e no bairro Costa e Silva vai ser a duplicação da avenida Almirante Jaceguay, até a rua Blumenau, o terminal Norte.

As grandes obras de mobilidade continuam acontecendo, não estão abandonadas.

A mobilidade local, a chamada micromobilidade, é que tem exigido que a gente seja mais criativo e pense em novas soluções. E esse movimento está acontecendo no mundo inteiro. O que acontece é que aqui no Brasil a gente não tem a disponibilidade de recursos para fazer todas as obras projetadas.

Nós temos mais de 100 quilômetros de vias que poderiam ser duplicadas ou novos binários a ser implantados e tudo isso está identificado. Nós temos a possibilidade – e é um dos projetos desta gestão – de ampliar os semáforos inteligentes em toda a cidade, mas também existem projetos no sentido de trazer alternativas, como bicicletas e automóveis compartilhados.”

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Proposta de revitalização apresentada pelo governo anterior
Proposta de revitalização apresentada pelo governo anterior (Foto: Divulgação)

Revitalização do Centro

“Existe uma ação de revitalização do Centro que já tem projetos imediatos, de curto prazo. A gente já está negociando com a Seinfra para começar nesse primeiro semestre a implantação de algumas ações. E tem projetos de médio e longo prazo com o seguinte desafio: hoje, com o comércio eletrônico, com a vida própria que a cidade tem em cada bairro, a demanda de pessoas que vêm ao centro da cidade tende a diminuir. 

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A gente precisa ressignificar o Centro da cidade, aí tem algumas vertentes que estão sendo estudadas: a ampliação de opções de lazer e entretenimento no Centro é uma delas.

E um projeto que já existia na prefeitura e está sendo continuado, o chamado Distrito Criativo. Uma das possibilidades de desenvolvimento futuro na área central da cidade é começar a receber empresas de tecnologia para manter a vitalidade, o comércio, os serviços, à medida que a pessoa que vinha comprar um eletrodoméstico hoje faz de casa ou no próprio bairro.

Temos que trazer essas novas vocações. Tem projetos imediatos, que vão estar na rua nos próximos dois meses, e tem projetos de longo prazo, que a gente espera até o final dessa gestão estar apresentando e entregando grandes obras na região central da cidade.”

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Rio Mathias

“Temos essa questão do Rio Mathias que hoje em alguns pontos onde existiu a obra, tem a rua esburacada, vai ser feito uma perícia. A gente só vai poder atuar, no sentido de tapar esses buracos e restaurar o pavimento, após ser feito esse laudo pericial, mas isso é questão de dias. Imagino que a curto prazo, neste primeiro semestre de 2021, isso tudo já estará resolvido.

Vamos ter ações para mitigar os alagamentos, com certeza. Se é a obra do rio Mathias ou se são outras ações eu não posso precisar neste momento. 

E vamos ter ações de fazer aquilo que chamamos de cidade resiliente. Ou seja, ter um plano de contingência para a mobilidade quando der alagamentos, para que todo mundo saiba o que fazer, por onde circular. Ter o plano de contingência para o transporte coletivo e ter algumas orientações para quem constrói, reforma ou ocupa essas áreas comerciais e empresariais no Centro da cidade para estarem preparados para enfrentar os alagamentos.

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Mesmo com as obras do rio Mathias, sempre vai haver um dia em que vai ter os alagamentos. O que vamos conseguir é que esse alagamento seja reduzido, com nível de água mais baixo, com impacto menor. A gente não pode pegar Joinville e tirar do lugar. A gente tem que se preparar porque os alagamentos aqui são de poucas horas, estão associados a um pico de chuva e/ou a um pico de maré, então temos que aprender a conviver com eles.”

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Imagem do projeto da Ponte Joinville, que ligará os bairros Adhemar Garcia e Boa Vista
Imagem do projeto da Ponte Joinville, que ligará os bairros Adhemar Garcia e Boa Vista (Foto: Divulgação)

Construção de pontes

“O ideal seria a gente construir as quatro pontes: da Anêmonas, Nacar, Plácido Olímpio e do Adhemar Garcia com o Boa Vista. Logo na nossa primeira conversa de trabalho, o prefeito Adriano me pediu para fazer uma avaliação de qual dessas pontes pode ser feita primeiro, qual já pode ser iniciada. Nós estamos fazendo esse estudo, provavelmente vai ser a ponte da rua Nacar ou da rua Plácido Olímpio porque já existem projetos mais avançados.

A ponte do Adhemar Garcia/Boa Vista, a gente está verificando junto com o Seinfra. Houve um avanço, uma licença ambiental prévia, mas tem ainda toda uma questão de fechar esse financiamento porque é um investimento de grande porte e envolve uma contrapartida muito grande da prefeitura.

A ponte da Anêmonas também está na lista, mas ainda não tem o projeto executivo. Ela envolve um pouco mais de desapropriações, talvez não seja a primeira da lista, mas as quatro pontes estão na nossa lista. A intenção, salvo algum obstáculo que a gente ainda não identificou, é poder ao longo de quatro anos estar entregando essas obras.”

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Estacionamento rotativo

“Apesar de todas as políticas nacionais da mobilidade falarem para a gente incentivar o coletivo e o transporte ativo, a gente reconhece a importância do automóvel. Em ações que trabalhamos neste instante, estamos sempre preservando ou até ampliando algumas áreas para que se tornem bolsões de estacionamento aqui dentro do Centro da cidade, inclusive nessas áreas que foram mais impactada pelas obras do Rio Mathias, como Jerônimo Coelho.

Isso para que elas possam, com a presença dessas vagas, trazer um pouco mais de movimentação, como acontece lá no final da rua do Príncipe, entre a Catedral e a Ministro Calógeras. Pelo menos, que essa passagem dos motoristas, dos usuários automóvel, ajude a resgatar o comércio nessas questões.

A gente não vai trabalhar contra o automóvel, mas vai qualificar essas áreas no Centro.

Há um preocupação muito grande em manter a pujança e a vitalidade do Centro da cidade e a gente reconhece que com a internet e o crescimento do comércio nos bairros, o comércio no Centro precisa ser acessível porque senão vai perder competitividade. Então, está no nosso radar manter um bom acesso para os usuários do Centro, tanto quem vem de ônibus, de bicicleta, mas também aqueles que vêm de automóvel.

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