Desde janeiro deste ano, a Rede Globo, maior emissora de televisão do país, está sendo comandada pelo jornalista e advogado Carlos Henrique Schroder, 54 anos, natural de Santo Ângelo, Rio Grande do Sul. Quarta-feira à noite, ele foi o palestrante na abertura do congresso da Associação Catarinense de Rádio e Televisão (Acaert), no Costão do Santinho, em Florianópolis, que ocorre até o dia 9. Em entrevista ao DC, ele falou sobre a criação de fóruns de discussões para aprimorar os conteúdos de novelas e seriados.
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Diário Catarinense – Algumas pessoas avaliam que as novelas estão ótimas, outros acham que estão muito liberais e há quem diga que poderiam incentivar mais, indiretamente, educação, direitos e deveres… Como vocês trabalham isso?
Carlos Henrique Schroder – É uma ótima pergunta, mas, ao mesmo tempo, tem uma delicadeza porque uma novela é uma obra autoral. Eu não posso interferir no desenho artístico que um autor de novela faz. Se eu pudesse dizer, não mata aquele personagem, cria essa relação; estou interferindo na autoria, na livre criação. A gente conversa, troca informações, mas a construção do produto tem total liberdade dentro da Globo. Jamais haverá uma atitude nossa de mexer no produto concebido pelo autor. Até podemos dizer: não vamos por no ar sua novela, mas a partir do momento em que se toma a decisão, aquele projeto andou. Mas o que estamos fazendo, objetivamente, a partir deste ano é criar fóruns de discussões. Dividimos em quatro fóruns: seriados, humor, novelas e variedades. Dentro de cada fórum, com autores e produtores, estamos discutindo profundamente o que cada conteúdo tem e o que gostaríamos de ter em cada conteúdo para que ele seja uma espécie de norte para os autores. Não vamos interferir na obra, mas vamos apontar que gostaríamos de ter mais isto, mais aquilo, ou seja, apresentar uma programação com mais variação de gênero, por exemplo. Não estou falando só de novelas, mas de seriados. Se você perguntar: a Globo tem um seriado de suspense. Não tem. Tem um seriado policial. Não tem. Então, tem uma série de programas que não fazem parte da grade e farão no ano que vem. A gente precisa ter uma oferta de programação mais dinâmica, que vai de encontro ao do que a TV fechada oferece. Por que não oferecemos isso se temos um grupo de autores espetacular, produtores maravilhosos e um elenco estelar. Você pode oferecer. Mas é preciso dizer para os autores o que desejamos que eles integrem nesses programas.
DC – Vocês estão exportando muito novelas?
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Schroder – Muito, muito. Toda vez que uma novela faz sucesso, ela atrai maior interesse também no exterior. A Avenida Brasil, agora, é o xodó do mercado internacional. Temos perto de 100 países comprando Avenida Brasil. Outro dia eu recebi uma fita com uma chamada na Rússia. É muito engraçada. A Carminha fazendo uma chamada da novela. Ela e a Nina na cena com uma moto. É muito interessante ver em vários idiomas e os resultados estão muito boas. Em todos os países estamos tendo uma resposta muito positiva, com audiência muito boa. É uma novela de fácil entendimento, isto é fundamental para ter um nível de percepção no Brasil inteiro. Como falamos anteriormente, o banqueiro e o contínuo do banco se interessaram.
DC – Comandar a Globo existe um ritmo muito acelerado. O que faz nos momentos de lazer?
Schroder – Eu procuro sair da cidade todo o final de semana. Vou para a serra ou para o mar, fora do Rio de Janeiro. Jogo tênis toda a semana, leio muito literatura e adoro música, especialmente brasileira.