Houve pouco tempo para dormir. Quatro horas. Um dia depois de receber 85.817 mil votos e ir para segundo turno, Udo Döhler (PMDB) se dedicou a atender à mídia e participar de reuniões.
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No entra e sai dos encontros, Udo analisou o cenário da disputa com Kennedy Nunes (PSD) com os organizadores de campanha, recebeu empresários e acompanhou os primeiros contatos com outras siglas em busca de apoio. Depois da entrevista a uma rádio, às 7 horas, Udo pediu que os empresários apoiadores da campanha consigam viabilizar sua visita às empresas.
E a postura do candidato já mudou. Buscando colar nas propostas que deram certo para Kennedy, Udo quis mostrar que também tem em seu plano de governo propostas de entrega de medicamentos em casa e de creche gratuita para as cerca de 3 mil crianças que estão sem vaga.
Mesmo assim, diz que isso é só a ponta das soluções que têm para a área da saúde e educação.
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– Não vamos governar para os ricos, queremos atender os pobres -, diz Udo.
Em outro momento, Udo, o senador Luiz Henrique e a coordenação da campanha do PMDB analisaram quais partidos podem trazer para o segundo turno. Já houve contato com PR, PP, PPS, PSDB e PT. Os petistas, por enquanto, só querem ouvir.
– Não temos restrição a ninguém. Mas queremos ouvir os dois e ver o que pode ser oferecido -, diz Eduardo Dalbosco, que coordenou a campanha do PT.
Enquanto isso, José Fritsch, presidente do PT-SC, diz que a tendência do PT no Estado é apoiar os candidatos do PMDB.
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Entrevista
AN – A saúde continuará sendo o principal foco nesse segundo turno?
Udo – Sem dúvida. Também para esclarecer a população. Por isso, algumas coisas precisam ser mencionadas, como essa questão de levar o remédio à casa do paciente.Isso faz parte do nosso plano 15. Mas muito mais importante do que isso é que as pessoas que fazem uso da medicação contínua continuem recebendo medicamento em casa. O medicamento, acima de tudo, precisa estar disponível na emergência, no posto de saúde. Então, não faz sentido nenhum eu falar que vou levar medicamento para casa. Febre não espera, febre mata. Se alguém vai na emergência, tem que ter remédio disponível ali. Nós temos que aumentar a resolutividade do nosso posto de saúde.
AN – Os eleitores do senhor e do Kennedy são distintos. Enquanto o deputado estadual agrega uma classe com menor renda e menor escolaridade, o senhor tem seu melhor desempenho entre quem estuda mais, é mais velho e ganha melhor. Como mudar isso?
Udo – Vamos conversar mais com o jovem, mas também com a pessoa idosa. Vamos esclarecer bem a nossa preocupação com as crianças, em particular com relação à educação infantil. Hoje, temos mais de 3 mil crianças fora das creches e elas não estão frequentando as creches comunitárias porque não têm dinheiro para pagar a mensalidade. Nós vamos oferecer essas creches gratuitamente. A construção de CEIs também é algo indispensável para que exista um balanço adequado entre creches comunitárias e públicas.
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AN – Nesse curto espaço que o senhor teve entre a passagem do segundo turno e hoje (ontem), já conseguiu acertar o apoio de alguém?
Udo – Não, essas conversas estão sendo conduzidas pelo partido e nos próximos dias teremos novidades.
AN – Mas o senhor está participando desses encontros, certo?
Udo – Sim, sim. Mas nós, num primeiro momento, temos a preocupação de falar com o eleitor. Desde o início, dissemos que um acerto fisiológico poderia comprometer nossa proposta. Nós estamos lutando por uma cidade mais justa e igualitária para todos. Nós temos duas cidades, hoje. Uma cidade bem atendida e outra em que poucas pessoas são atendidas. Queremos resolver isso.
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AN – O senhor falou em apoio fisiológico. Mas como o senhor fará para atrair apoio de outros partidos?
Udo – Não é preciso oferecer nada. O eleitor percebeu que a política limpa começa a ganhar espaço cada vez mais, haja vista que tivemos uma renovação maior na Câmara de Vereadores.
AN – O senhor se importaria de receber o apoio do PT?
Udo – Não tenho nenhuma restrição porque nós olhamos daqui para frente. Nós temos uma proposta de governo que é boa, a mais consistente e que foi trabalhada ao longo de oito meses. Não houve afogadilho. Não há nenhuma proposta demagógica. A proposta está aí para atender à população. Então estou muito seguro e tranquilo que neste segundo turno nós vamos conseguir mostrar os detalhes das nossas propostas.
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AN – O que o senhor pretende fazer para ter a maioria na Câmara – foram seis eleitos da coligação peemedebista (quatro do PMDB, um do PDT e outro do PSC)?
Udo – Hoje, pela nossa leitura, já temos a maioria. Essa conta já foi feita. O primeiro passo já foi vencido. Temos o necessário para fazer as mudanças no começo do governo.
AN – Quem seriam os outros? Além dos seis da coligação, somei os dois do PPS que foram apoiados pelo Sandro Silva. Quem são os outros?
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Udo – Então sua conta é diferente da nossa. Mas essa maioria está assegurada.
AN – Quais seriam as três ações prioritárias do governo do senhor?
Udo – A primeira está voltada para a saúde. Nós vamos melhorar o Hospital São José. Ele será ampliado em 30%. Vamos incluir novas especialidades e as que já existem serão ampliadas. Vamos estabelecer uma parceria com os hospitais do Estado e vamos acabar com a fila de consultas, exames e procedimento. Também vamos aumentar a resolutividade dos postos de saúde. Com isso, vamos fazer uma economia significativa. Então, nós vamos ter que ir melhorando a gestão e a resolutividade. Buscar essa economia melhorando a qualidade e diminuindo a fila. Para que não falte remédio nem médico e que assim os postos de saúde possam ser novamente equipados e depois o Hospital São José possa ser ampliado. Ainda buscaremos recursos dos governos estadual e federal. A segunda medida é a educação, começando pela educação infantil, na questão das creches. Nenhuma criança ficará fora de uma creche. E isso será oferecido gratuitamente. Em seguida, iremos introduzir o turno pleno nas nossas escolas. A terceira medida é aumentar a pavimentação em nossos bairros que se complementam com a construção de pontes importantes que geram um transporte público de melhor qualidade.
AN – Como o senhor avalia Kennedy, seu adversário?
Udo – O Kennedy é um candidato que já participou de diversas eleições anteriores. Em nenhum momento, teve uma participação ofensiva no primeiro turno. Mas o que nós queremos discutir com mais profundidade são as propostas. Não adianta levar uma proposta que não tem condição de ser executada. Seria muito confortável prometer que ninguém nunca mais irá pagar tarifa de água ou de energia elétrica e ônibus, mas também seria muita demagogia da nossa parte. Também quero alertar que nossa candidatura não é para atender os ricos, é para atender os pobres.