Ao fim dos primeiros quatro anos no comando de Blumenau, o prefeito reeleito Napoleão Bernardes (PSDB) foi entrevistado pelo Santa para avaliar o mandato. Ele fala sobre as ações feitas e outras não alcançadas em saúde, segurança, mobilidade, esporte, cultura e outros temas, além das promessas de campanha que o elegeram em 2012, como a Guarda Municipal, a Ponte do Centro e a Ligação Velha-Garcia.

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Em cada tópico, o Santa mostra o percentual de metas atingidas por Napoleão conforme critério adotado pela prefeitura, o Sistema de Gestão Estratégica Orientada para Resultados (Sigeor) – uma metodologia do Sebrae -, no qual o tucano aponta ter cumprido 80% dos compromissos assumidos em seu plano de governo, há quatro anos. Entre os tópicos escolhidos pelo Santa na entrevista, a média é de 74%. Confira a seguir:

TRANSPORTE COLETIVO – 52% concluído de 7 metas

Em 2012 se falava muito do desafio de atrair mais usuários para o transporte coletivo. A cidade passou por problemas no sistema nos últimos anos. O que foi feito para estimular o morador a usar o transporte coletivo?

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No início e na largada do mandato a primeira iniciativa que a gente tomou foi no sentido de buscar mais competitividade e atratividade no preço da passagem. Uma das medidas tributárias foi zerar a alíquota do ISS do transporte coletivo, antes até dos movimentos de rua de junho de 2013. Fomos uma das primeiras prefeituras do Brasil a tomar essa medida. A gente se antecipou porque já tinha essa visão de competitividade, e lá na formação do preço da passagem, que é um dos fatores para a pessoa decidir usar o ônibus ou não, foi um dos pontos que a gente atacou primeiro. A tarifa aumentou menos do que poderia. Se não me engano, uma desoneração que em um mandato chegaria a R$ 16 milhões, que em tese a prefeitura abriu mão de arrecadar para investir no incentivo ao transporte coletivo. Atacamos onde dava pra atacar, todo o resto são impostos cheios do governo Federal, que às vezes dá incentivo para carros.

Ao longo do mandato a gente fez também algumas adequações, mexidas pontuais que melhoraram a mobilidade nos corredores de ônibus, e algumas outras que afetam positivamente o trânsito. Um exemplo é a Rua Bahia, onde antes parava tudo, com uma mexida pontual de retirada de um semáforo o ônibus ganhou cerca de 10 minutos em horário de pico de um terminal a outro. Um dos principais gargalos do transporte coletivo era também lá na Rua das Palmeiras, no primeiro ano de governo a gente fez algumas invenções e pro ônibus melhorou bastante. Atacamos o preço da passagem e os gargalos que atrapalhavam o trânsito dos ônibus, mas enquanto tudo isso acontecia veio a crise do Consórcio Siga, com as paralisações recorrentes, e aí de fato não há público que sinta confiança num sistema como esse.

E essa foi uma das razões da ruptura (do contrato com o consórcio) no início de 2016. Tivemos um ano que, em termos de transporte, se propôs a dois objetivos: que motoristas e cobradores tivessem o salário em dia, esse foi atendido e está acontecendo. O segundo era não ter paralisações, a pessoa ir para o ponto de ônibus e saber que ele vai passar. Os dois objetivos emergenciais foram atendidos, e o principal, definitivo, é a qualificação do sistema como um todo que vem com a nova licitação. Dá pra dizer que a gente encerrou um mandato com o assunto resolvido em termos de encaminhamentos burocráticos, a medida emergencial deu resultado e a solução definitiva está dada, agora é uma questão de tempo.

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Sobre o contrato emergencial com a Piracicabana, não se esperava que ele fosse durar o ano inteiro e até uma parte de 2017? O que Blumenau acabou perdendo nesse sentido de atrair a população para o transporte coletivo com esse atraso da licitação? O fato de ter uma empresa atuando emergencialmente por tanto tempo impacta o usuário?

Vivi uma eleição em que a gente tem uma imersão de rua, fica full time na rua ouvindo. E uma frase dos usuários recorrentes era me abordar na rua e dizer “olha, prefeito, muitos que reclamam não usam (o ônibus) no dia a dia ou por necessidade como eu uso”. Os que usam por necessidade, esses vinham, me paravam na rua e agradeciam. Diziam que tinham a segurança que o ônibus ia passar. Não diria que houve atraso na licitação, porque ainda durante o primeiro contrato emergencial a gente fez as audiências públicas, ouviu as entidades. Não teve inércia, o trabalho foi feito.

Mas você esperava que fosse esse ano ainda?

O desejo era de lançar a licitação esse ano, como de fato foi lançada, o que eu imaginava era que a gente conseguiria lançar a licitação mais cedo para, de repente, até o fim do ano ter o resultado e ter para o início do próximo ano a operação definitiva. Essa era uma meta pessoal, um desejo, mas a gente seguiu todos os trâmites legais.

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Na sua avaliação, o sistema não perdeu com esse tempo de emergencialidade?

Não, porque a situação que estava era muito ruim. Em termos de insegurança, de saber se o ônibus vai passar ou não vai. Essa incerteza afastou as pessoas que podiam se afastar do sistema. Por mais que não fosse o sistema ideal, porque o sistema ideal é sempre um definitivo, por um lado voltou a ter confiança no que diz respeito à regularidade.

MOBILIDADE – 61% concluído de 10 metas

Em 2012, ainda como candidato, você falava que ia tentar durante o primeiro mandato estudar a viabilidade da ligação Velha-Garcia. O que foi feito?

A Secretaria de Planejamento tem se debruçado sobre o tema e estudado os melhores traçados. É uma obra que gera muitos impactos, então demanda planejamento.

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Qual o custo de uma obra desse porte?

Tem um estudo ainda muito preliminar na Secretaria de Planejamento (Seplan) que indica que o melhor traçado seria, por parte do Garcia, na altura da Rua Soldado Moacir Pinheiro, chegando até perto do Vasto Verde. Para esse traçado, entende-se que o túnel é a solução ambientalmente viável. Um túnel nesse modelo ideal teria entre 1,6 e 1,8 quilômetro, é maior que o Morro do Boi, para ter uma noção. Custaria R$ 200 milhões se fossem pistas simples, uma indo e uma voltando, ou R$ 400 milhões duplicado. Isso é um estudo muito preliminar feito pelo pessoal da Seplan, o objetivo para o segundo mandato é transformar esse estudo em um projeto de engenharia para que, com base nele, a gente possa prospectar fontes de financiamento.

Com recursos próprios, nem hoje nem nunca a prefeitura terá capacidade. Então a gente precisa de um financiamento ou do governo federal ou internacional. Algo que também começou foi uma melhoria paliativa, sugerida pela comunidade de vez em quando, daquela via antiga que em 2008 foi afetada. Nesse caso, a gente mandou a (diretoria de) Geologia fazer um estudo de solo, porque liberar (a via) depende de ter segurança. Determinei que o pessoal fizesse um estudo que está em andamento, que seria um estudo preliminar quase que definitivo, porque a obra ali é paliativa. Abrir sem asfalto, a via como era antigamente, com alguma manutenção e limpeza. Uma passagem que já ajuda os moradores.

Sendo realista, a ligação Velha-Garcia é viável então?

Nesse momento do governo federal, não. Mas com certeza as coisas devem ter novas perspectivas e cenários econômicos em um ou dois anos. É o tempo de se ter um projeto de engenharia. No mínimo, esse legado a gente quer deixar, do projeto pronto para que, no momento da economia adequado, a gente tenha margem para ir buscar o financiamento.

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Fala-se há pelo menos 20 anos dessa ligação. Ainda não tinha projeto então?

Não, tinha traçado só. Isso é um negócio que confunde, porque nem tudo que se fala tem o projeto pronto. Vamos pegar o exemplo do BID, falavam que tinha o dinheiro e era só começar as obras. Tinha o dinheiro, a Humberto de Campos tinha projeto e aí a obra está acontecendo. As demais tinham conceitos, traçados, ideias…

A Ponte do Centro não tinha projeto?

Tinha um projeto de arquitetura (a que liga as ruas Rodolfo Freygang e Chile). Pela ponte ser estaiada, aquele projeto era licitável só como projeto de arquitetura, porque ponte estaiada tem outra técnica construtiva, em que se licita o projeto de arquitetura e quem ganhar a licitação faz o projeto executivo depois, a partir do seu método construtivo.

Era licitável, mas não tinha um projeto de engenharia como hoje de fato tem, e também não tinha o principal, que era o complemento, o corredor Leste. Então, ao longo do primeiro mandato a gente executou o que dava, que foi o prolongamento da Humberto de Campos, e transformou em projeto o que ainda era conceito.

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Quanto à Ponte do Centro, o que Blumenau perdeu nessa questão de ter um projeto antigo, que se fosse seguido talvez estivesse em construção hoje?

Olha, a cidade só ganhou. O amadurecimento nos permitiu viabilizar o que não havia, o projeto do corredor Leste como um todo. Eventualmente, poderia ter tido um começo de uma obra, que sem a visão do corredor até seria importante, mas não teria funcionalidade como sistema de trânsito. Esse amadurecimento foi importante, nos permitiu fazer algo por completo.

É uma espera que valeu a pena então?

Nesse caso, sim. A outra ponte era um conceito, ela não tinha nem recurso e muito menos projeto. Hoje ela tem projeto e tem recurso, que a gente viabilizou no PAC Mobilidade.

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Ainda sobre mobilidade, em 2012 você falava sobre interligar as ciclovias. Como ficou essa situação? E ainda ligado a isso, por que não está no novo edital do transporte coletivo a exigência de espaço para as bicicletas nos ônibus?

Os terminais têm os bicicletários, tanto os antigos quanto os novos. Quanto à questão específica do edital a comissão tem a análise técnica para a não previsão deste item nos ônibus. Quanto às ciclovias, a gente viabilizou através do PAC Mobilidade cerca de R$ 20 milhões para as calçadas e ciclovias, que estão em execução em várias ruas. O primeiro pacote é na Rua Ari Barroso, ali perto do Terminal do Aterro; na Rua Guilherme Scharf, no Fidélis; Gustavo Zimmermann, na Itoupava Central, Jacob Ineichen e Frederico Jensen, na Itoupavazinha.

Na prestação de contas do primeiro mandato, você disse que conseguiu concluir 75% dessa meta (ciclovias). O que faltou nestes 25% a fazer?

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A gente tinha 58 quilômetros de ciclovias, chegou a construir durante o governo cerca de 13 quilômetros e estão em execução esses que citei e os da região central na Alameda Rio Branco e Rua Nereu Ramos. Tem também recurso viabilizado para continuar esse pacote e um pouco mais. Com esses em execução finalizados, mais os 13 km já construídos, vai chegar em 34,5 km. E desse pacote ainda tem viabilizado outras ruas como a Heinrich Hemmer, no Badenfurt. A gente está nos lotes 1 e 2, ainda tem mais três para licitar.

EDUCAÇÃO – 89% concluído de 17 metas

Em 2012, na sua primeira eleição, falava-se em um déficit de 3 mil vagas no ensino infantil em Blumenau. Na época, você prometia criar 3,5 mil vagas e tentar, durante os quatro anos de mandato, sanar essa deficiência. Atualmente cerca de 4 mil crianças estão no Fila Única. O que faltou nesses quatro anos para reduzir essa fila?

Assim que a gente assumiu, fez uma reorganização em termos de estrutura para, com a estrutura existente, ampliar o número de vagas. Houve avanços com a otimização dos espaços, foram criadas 2.510 novas vagas e o município chamou 17.580 crianças da fila durante os quatro anos de governo. A fila de espera é muito sazonal, porque tem as crianças que entram e as que saem, a métrica é o número de vagas a mais criadas em relação ao que havia. Lutamos também por transparência ao acesso a essas vagas, que foi o Fila Única, que melhorou a transparência e o fim do jeitinho. Houve também um trabalho de captação de recursos para novas creches, e ao longo do primeiro governo a gente conseguiu viabilizar junto do Ministério da Educação recursos para sete novas creches, que somariam 1,3 mil vagas.

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As vagas foram viabilizadas, o que aconteceu foi a crise política que fez com que ministros da Educação fossem substituídos com recorrência, então com tudo tecnicamente aprovado, houve uma morosidade por parte do governo federal na liberação desses recursos, que foram liberados agora no pós-eleição em 2016. As sete novas creches estarão em construção ao longo de 2017 e as novas vagas serão entregues. Faço uma análise sobre como a conjuntura nacional afeta os municípios: algo conquistado no primeiro ano de governo, entre o fim de 2013 e início de 2014, acabou gerando resultado concreto só agora, no fim de 2016, fruto da instabilidade política do governo federal.

E aquilo que seria 90% de recurso federal para construir e 10% de contrapartida do município, a parte do município de lá para cá aumentou, porque o recurso federal continuou o mesmo e o custo da obra aumentou dada a inflação no período.

E nesse meio tempo você ainda sofreu com algo que ocorreu em todos os municípios, que foi o movimento das pessoas que perderam o emprego ou viram a renda diminuir por conta da crise econômica e precisaram tirar a criança da creche privada e colocar na rede pública, aí o déficit aumenta?

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Essa conjuntura nacional afeta os municípios de forma perversa de várias maneiras. Um exemplo é a morosidade. Outro exemplo é desse raciocínio, que acontece primordialmente na educação e na saúde. Ao mesmo tempo o município tem queda na arrecadação, as despesas aumentam pela inflação, e a demanda por serviços públicos também cresce. Então a gente com menos receita ainda tem mais custos. É uma combinação que chegou num resultado eleitoral, que os prefeitos pagam a conta das dificuldades da vida dos municípios mesmo que a origem disso não seja o município.

A economia como um todo afeta o humor das pessoas, o humor das pessoas afeta a percepção delas em relação ao seu entorno e, obviamente, o primeiro culpado disso é o político mais próximo, o prefeito.

Outro compromisso em 2012 era o de dobrar o número de escolas municipais com atividades em período integral. O que foi feito?

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Existem dois conceitos pedagógicos, escola em tempo integral e educação em tempo integral. O mais atual é a educação em tempo integral, aquela ideia do aluno também viver na sua comunidade, criar relacionamentos. Então se adotou, e tem se adotado no mundo, um conceito mais atual da educação em tempo integral. Nessa perspectiva trabalhamos e ampliamos, por exemplo, a iniciação esportiva.

Havia cerca de 2,5 mil alunos, hoje são quase 5 mil, são 16 modalidades esportivas diferentes. O aluno estuda de manhã e à tarde tem a opção do esporte no seu bairro. Ainda foi agregado à iniciação esportiva o paradesporto, que ganhou mais estrutura e quase 500 alunos com alguma deficiência já foram beneficiados.

ESPORTE – 71% concluído de 7 metas

Falando em iniciação esportiva, o que foi feito nos últimos quatro anos em Blumenau para incentivar o esporte? Não só na iniciação, mas também no alto rendimento?

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A principal medida, que era um compromisso e que foi honrado, é a questão do bolsa atleta 12 meses. Os atletas até então recebiam 10 meses e nessa perspectiva do apoio ao esporte de alto rendimento nós ampliamos para 12, o que era de fato uma demanda muito antiga dos atletas. Buscamos também ampliar a parceria com os clubes para ter melhoria ou a manutenção dos que oferecem atividades de esportes.

GESTÃO PÚBLICA – 84% concluído de 17 metas

Outro ponto importante na sua eleição em 2012 foi o de enxugar os gastos com a redução de secretarias. Ainda candidato, você falava que a primeira ação seria unir as secretarias de Obras e Serviços Urbanos. As duas continuam aí, por quê?

Bom, vamos lá. Tem o copo meio cheio e o meio vazio (risos)

Não dá?

A gente testou por quase um ano, havia só um secretário para as duas áreas. A gente fez um laboratório, um teste. A gente viabilizou outras: Turismo e Vila Germânica é só um secretário; Desenvolvimento Social foi a fusão da Habitação e Regularização Fundiária com a Assistência Social, e Defesa do Cidadão é fusão da Geologia com a Defesa Civil. E aí teve ainda a extinção da Secretaria de Articulação Política. Entre fusões e extinções a gente reduziu quatro secretarias.

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E na primeira medida de governo a gente cortou praticamente uma centena de cargos de confiança. A união de Obras e Serviços Urbanos a gente estudou e fez um protótipo por quase um ano com um só secretário nas duas. Não dá. Blumenau cresceu e a gente tem esse conjunto todo de obra. Calçadas e ciclovias quem executa é a Secretaria de Obras, grandes obras, mutirão também. E toda a ação de manutenção da cidade é a Secretaria de Serviços Urbanos.

E botando a URB nesse pacote, prefeito? Duas secretarias mais a URB para esse serviço.

A URB é uma questão complexa pelo passivo que ela tem, com todo histórico que há. A gente está buscando o saneamento da URB. Fizemos uma série de reuniões semana passada para aprofundar a questão da economia e estamos preparando uma série de medidas para o início do próximo governo em termos de enxugamento, austeridade, para dar condição de realização dos novos desafios no novo governo. Nesse pacote, vem mais uma ação de saneamento da URB.

Objetivamente: testamos Obras e Serviços Urbanos como uma pasta, mas não deu certo, Blumenau é uma cidade grande e tem que ter um departamento específico para cuidar da zeladoria da cidade, algo que vai além da beleza e da cidade, mas uma série de questões da mobilidade à segurança.

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Precisa das três?

A URB é uma prestadora de serviços. Ao invés de contratar uma empreiteira, a prefeitura contrata a URB e, enfim, ela precisa ser permanentemente saneada. Uma medida sobre a URB já veio lá no começo do governo, porque ela fazia obra e manutenção. Para obra, ela era deficitária, mas se usava porque abreviava o caminho e dispensava licitação para garantir uma conclusão mais rápida. Ela atendia um objetivo por um lado, que era iniciar as obras mais rápido, só que era deficitária.

No início do governo a gente fez uma linha de corte: URB não faz obra. A URB se presta a manutenção e zeladoria, e isso ela faz bem. A gente aumentou essa parte dos serviços, como a manutenção das escolas. É mais barato fazer com ela do que uma terceirizada privada.

SAÚDE – 85% concluído de 35 metas

Entre as ações para a Saúde, você cumpriu a meta de aumentar o horário de atendimento dos Ambulatórios Gerais (AGs), mas ainda há problemas com exames e cirurgias eletivas. Por quê?

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Quando a gente assumiu, uma das principais bandeiras era ampliar o horário de atendimentos dos AGs. Hoje os hospitais ainda têm uma demanda maior nos finais de semana, mas antes era recorrente. Com os AGs trabalhando até mais tarde permitiu que as pessoas tivessem um atendimento perto de casa de segunda a sexta até meia-noite. Em casos de cirurgias e exames, vai de item a item, mas teve avanços com o aprofundamento da regulação e a agilização em alguns tipos de exames.

O que a gente quer aprofundar é a questão da interligação com o Sistema Pronto, que é o sistema de informatização da rede, que do ponto de vista de software ele já está nas unidades. Neste momento está sendo realizada a ligação de fibra ótica entre as unidades de saúde, para ter todo o sistema interligado, e isso vai dar mais racionalidade para a realização de exames, consultas e cirurgias eletivas.

Na prestação de contas você admite que tanto na atenção básica quanto na alta complexidade faltaram 30% para cumprir as metas. O que não foi cumprido?

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Na alta complexidade tem muito investimento nos hospitais. A gente investe R$ 12 milhões por ano no custeio dos três hospitais que atendem SUS (Santo Antônio, Santa Isabel e Misericórdia), isso é uma distorção do Brasil. Manutenção de hospital é dever da União e do Estado, e a gente aqui no município precisa colocar dinheiro, em um mandato foram R$ 48 milhões investidos. Nem é uma responsabilidade do município. Sobre alcançar os 70%, é uma situação que às vezes avançamos em algumas especialidades e em outras não têm médico para contratar, rotatividade…

SEGURANÇA – 81% concluído de 22 metas

Por que a Guarda Municipal Armada não saiu e, quatro anos depois, você ainda é a favor dela?

Não deu. O projeto de lei está pronto, é só mandar para Câmara, mas aí falta um detalhezinho: como é que paga o salário? (Risos). Tudo que vem a somar em relação à segurança ajuda. Mas, de fato, não teve condição financeira e penso que não terá. O projeto de lei está pronto, mas é papel. A questão é mandar fazer. Hoje, por uma questão de responsabilidade fiscal e financeira, não tem nem perspectiva financeira disso acontecer.

Mas você considera a guarda necessária?

O ideal, pensando que segurança é uma responsabilidade do Estado, é que o município não precisasse se preocupar com isso. Mas tudo que vem a somar é importante. Há também o outro lado, e isso é uma opinião dos Conselhos de Segurança (Consegs), que se a prefeitura conseguisse criar um convênio para ajudar a PM ao invés de criar uma guarda, seria melhor porque não teria sobreposição.

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E o que o município fez, dentro da sua capacidade, para a segurança da cidade?

Os crimes acontecem na cidade e não dá para fechar os olhos. Um investimento que ajuda muito na segurança é a iluminação pública, que está sendo revitalizada no Centro e em muitos bairros. O investimento está sendo significativo.

Na prestação de contas esse item está com 30% atingido só.

Na condição econômica que a gente está, chegar a 80% das metas é muito positivo? Mas da iluminação é transformador. O antes e depois é da água para o vinho, passar na Sete (de Setembro), na XV, olhar as transversais, aí que a gente se dá conta do quanto melhora. Mas com essas mudanças assim, não chama tanto a atenção porque a gente se acostuma com a inovação e não lembra como era antes, mas foi transformador.

Então iluminação pública tem um investimento gigante que está acontecendo e vai continuar, e isso também é um componente em favor da segurança. Em questão de recursos para os bombeiros a gente também avançou com viaturas novas, a nova base operacional sendo construída na Rua Ari Barroso? Para a PM buscamos recurso do Ministério da Justiça em nome do município, viaturas, ônibus, moto, então teve avanços importantes.

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CULTURA – 74% concluído de 13 metas

No seu plano de governo você dizia que iria aumentar os investimentos na cultura, e isso aparece como 0% cumprido na prestação de contas…

Para muita gente Plano de Governo é peça de marketing. Fizemos questão de pegá-lo e buscar executá-lo. E ainda assumir o que a gente fez e não fez. E chegar nesse resultado, não é aleatório. Tem uma metodologia do Sebrae, um negócio chamado Sigeor, que é o Sistema de Gestão Estratégica Orientada para Resultados (Sigeor), em que cada secretaria recebe as metas. Rotineiramente temos reuniões de prestações de contas, para ver o que aconteceu, o que avançou, o que não avançou. É um trabalho técnico.

Mas então, um dos itens executados 0% no seu primeiro mandato foi o de aumentar o orçamento para a cultura. Não subiu em nada, por que não conseguiu?

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Mas vejamos o lado bom da coisa: mantivemos, o que nos dias de hoje não é fácil. Por quê? O que se corta primeiro? Cultura e esporte. E na cultura mantivemos os editais do Fundo Municipal de Cultura para a captação de projetos. Se, por um lado, não deu para ampliar, por outro lado a gente conseguiu manter o que já tem.

2017

A volta do trabalho é dia 21 de janeiro para todo mundo na prefeitura. Volta com o secretariado definido?

Não.

Quando você vai anunciar o novo secretariado?

A minha meta pessoal é dia 1º de fevereiro. É uma questão de parar para avaliar. Não parei para ver nomes nem currículos, ainda não tivemos tempo para discutir. Mesmo a questão administrativa do próximo mandato, a gente começou a discutir segunda-feira (dia 19).

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Vamos imaginar por um instante que você não foi reeleito e a gestão de Napoleão Bernardes como prefeito de Blumenau foram estes últimos quatro anos. Qual é o seu maior legado? E qual imagem o prefeito deixa para a população neste mandato?

A gente foi reconhecido e premiado no incentivo ao empreendedorismo com a Praça do Empreendedor. Outro case que tem sido reconhecido e premiado foi a transparência, recebemos o prêmio de boas práticas da Udesc através da Escola de Administração da Udesc, que é uma referência de credibilidade. Também nessa linha e na valorização da equipe técnica, foi reconhecida a valorização dos quadros técnicos na equipe quando recebemos o prêmio do Conselho Federal de Administração (CFA) de Gestor Público do Ano. E no caso do turismo como alavanca do desenvolvimento econômico também a gente tem sido reconhecido e premiado, aí só este ano no Top de Marketing da ADVB dois prêmios, mais o prêmio do Beto Carrero, Conselho Estadual de Turismo, Prêmio Lide SC de destaque no turismo.

Acho que, como alguém que entendeu o turismo como alavanca de desenvolvimento, como oportunidade de lazer para a cidade, hoje a gente tem uma gestão profissional no turismo. Transparência, promover o turismo como alavanca do desenvolvimento e a questão do incentivo ao empreendedorismo são os legados mais imediatos. Aí tem aqueles que não são tão perceptíveis, como todos esses projetos de engenharia para obras de infraestrutura que, para um segundo legado serão de obras.

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