O relator da CPI dos respiradores, deputado estadual Ivan Naatz (PL), confirmou que vai apresentar ainda esta semana à presidência da Assembleia Legislativa (Alesc) um requerimento pedindo o impeachment do governador Carlos Moisés (PSL) com base na investigação parlamentar que apurou a compra dos ventiladores pulmonares contra a covid-19 em SC.

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Segundo Naatz, o documento vai ser analisado pela procuradoria da Alesc, que vai analisar se o processo deve caminhar de forma separada ou em conexão com o pedido de impeachment que já está em tramitação na Assembleia. Ao contrário do pedido que já é analisado pelos deputados, esse requerimento pelo impedimento do governador não vai envolver a vice-governadora Daniela Reinehr, que não é citada em nenhuma parte do relatório final da CPI dos respiradores. Com isso, abre-se caminho para um possível processo de impeachment apenas do governador Moisés.

Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (19), o deputado avaliou o relatório final da CPI dos respiradores, apresentado na noite de terça-feira. Ele classificou a compra dos respiradores como “a maior mancha” que Santa Catarina já sofreu em termos de dinheiro público e disse que, quem criticava os trabalhos da CPI “quebrou o bico”.

– Não teve caça às bruxas. Alguns diziam que iria acabar em pizza, também não acabou em pizza. Alguns diziam que era desperdício de dinheiro público, não foi. Falhas é possível que a gente cometa, mas os nobres deputados trabalharam muito na CPI. Quem torceu contra perdeu a aposta – afirmou.

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O parlamentar admitiu que a CPI tem viés político, mas 

– Sim, CPI é política, é isso mesmo. Mas ela também cumpre uma função constitucional da Assembleia Legislativa, de fiscalizar os atos do poder Executivo. Ela é política e fiscalizatória. Pior se os deputados não tivessem cumprido seu papel, de mostrar aos catarinenses o que aconteceu de verdade na compra dos respiradores – respondeu.

O deputado voltou a fazer críticas fortes ao governador, dizendo que Moisés se mostrou “ineficiente” para gerir o Estado e que “chegou ao Estado sem conhecer a palavra goveranbilidade e obviamente paga o preço por isso”.

Naatz defendeu que a CPI teve função diferente da força-tarefa que investiga o caso na esfera criminal, formada por Ministério Público, Polícia Civil e Tribunal de Contas do Estado, e afirma que a apuração parlamentar permitiu aos catarinenses “acompanhar a face de cada uma das pessoas que participaram desse processo”.

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Agora, segundo ele, além do pedido de impeachment, os documentos elaborados pela CPI vão ser enviados também ao Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC).

– A CPI apresenta o rol dos culpados e exige o ajuizamento de ações para recuperar o prejuízo. Recuperar o valor vai ser difícil porque foi uma ação do crime organizado, mas (é possível) processar pessoas e tomar o patrimônio delas para recuperar parte do prejuízo – apontou.

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