Após ter sido determinado pela Justiça o afastamento de 30 dias do cargo, Gean Loureiro (sem partido, ex-MDB), diz acreditar que ainda nesta quarta-feira (19) a decisão será revertida.

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O prefeito de Florianópolis, temporariamente afastado, foi detido na manhã de terça-feira e liberado no mesmo dia, à noite, após prestar depoimento na Polícia Federal. Ele foi alvo de um dos sete mandados de prisão temporária expedidos na Operação Chabu.

Em entrevista à NSC TV, Gean contou que seu advogado de defesa, Diogo Pítsica, irá a Porto Alegre ainda nesta quarta protocolar o pedido de revogação da decisão junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).

Confira os principais pontos da entrevista

“Injustiça cometida comigo, com a minha imagem, com a minha família” foi uma das primeiras frases dita por Gean durante a entrevista.

O prefeito de Florianópolis, por ora afastado do cargo, reafirmou sua inocência.

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— Eu não sabia dos fatos. Foi comprovado. Tudo aquilo que poderia apontar envolvimento foi desfeito no próprio depoimento — disse.

Em relação à prisão temporária, Gean disse não ver razão para o mandado.

— Não havia necessidade de prisão temporária, o próprio delegado disse que não precisava ter sido executada a prisão.

Desde junho de 2018, a condução coercitiva (quando o investigado é abordado em casa e levado para depor) está suspensa conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde então, a prisão temporária tem sido utilizada como um substituto da condução coercitiva. Nesses casos, o alvo do mandado tem prisão decretada por cinco dias, que pode ser prorrogada por mais cinco.

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No caso do prefeito da Capital, o desembargador abriu a possibilidade de liberação ao fim do depoimento se as informações colhidas fossem satisfatórias. Por isso, Gean Loureiro foi liberado após prestar depoimento à PF.

Confira detalhes da coletiva dada por Gean Loureiro após ser liberado

Afastamento da prefeitura

Gean Loureiro foi afastado do cargo de prefeito por 30 dias após decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que também determinou a prisão temporária do prefeito Gean Loureiro (sem partido, ex-MDB). A data passava a valer a partir do início do prazo da prisão temporária. A decisão poderá ser revertida pelo desembargador.

Loureiro afirmou que ainda nesta quarta-feira será protocolado um pedido de revogação dessa decisão.

— Meu advogado Diogo [Pítsica] irá protocolar o pedido de revogação da prisão e não tenho dúvida que ainda hoje (19) o desembargador irá revogar para eu dar continuidade às atividades — afirmou.

Depoimento à PF

Gean disse ainda que a conversa que teve com o delegado durante o depoimento demonstrou que ele não tinha envolvimento com os fatos investigados.

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— De acordo com ele, as conversas entre os outros investigados e citações mostraram que eu não tinha relação direta com o caso.

A única participação, conforme ele, foi a presença em uma reunião sobre o projeto Meta 21. Gean ainda afirmou que os detalhes foram confirmados pelos outros depoimentos ouvidos pela polícia.

— Eu disse estar à disposição. Eles mesmos, junto à coordenação, falaram diante dos fatos e após os outros depoimentos “a gente vê que não há necessidade de ter a prisão do prefeito” e depois me liberou — contou.

“Não tenho dúvida que o desembargador irá revogar”, diz prefeito de Florianópolis sobre afastamento
(Foto: Gabriel Lain/Diário Catarinense)

Projeto Meta 21

A reunião questionada durante o depoimento foi de um projeto chamado Meta 21, que tinha a proposta de fornecer recursos à Florianópolis. Gean contou que foi procurado há cerca de um ano atrás por organizadores deste projeto, que se apresentava como um fundo para investir em prefeituras do Brasil.

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De acordo com ele, foi falado na reunião em bilhões de reais que viriam para o Brasil sem contrapartida, com investimento em qualquer área.

— Minha equipe visualizou e avaliou que não tinha fundamento e, por isso, não elaborou plano de trabalho solicitado por eles — afirmou.

O prefeito disse que chegou a assinar um ofício demonstrando interesse na ideia, mas que a proposta não avançou depois da reunião.

Suposta sala livre de escutas dentro da prefeitura

Outro ponto abordado no depoimento foi a existência de uma “sala segura”, blindada contra o monitoramento de policiais por escuta e grampos telefônicos, por exemplo. O local teria sido construído na Prefeitura de Florianópolis conforme suspeita da polícia.

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Em relação a isso, Gean disse não ter conhecimento sobre ela.

— Eu também tô querendo descobrir até hoje, nem sabia o que eram esses equipamentos [que existiram na suposta sala]. Não existe nenhuma sala segura dento do gabinete. A polícia foi até a prefeitura e confirmou que a sala não existe — afirmou na entrevista.

Obstrução em ações da PF

Questionado sobre a suposta participação no grupo suspeito de obstruir informações oficiais, o prefeito de Florianópolis negou qualquer envolvimento.

— É óbvio que eu nunca participei. Como poderia ter a minha influência para vazamento de informações? A prefeitura não tem sequer contrato com os envolvidos — disse.

Em relação aos demais presos temporários da Operação, Gean contou que conheceu o delegado da Polícia Federal (PF) Fernando Amaro de Moraes Caieron durante apresentação do Meta 21. Segundo o prefeito, o delegado estava junto com os representantes do projeto.

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Operação Eclipse

Em nota divulgada na manhã de terça-feira, a PF afirmou que a investigação da Operação Chabu teve início a partir da Operação Eclipse, realizada em agosto de 2018. Gean Loureiro disse que esse caso não foi citado durante o depoimento.

— Eu nem tinha ouvido falar de Operação Eclipse. O delegado não perguntou sobre essa operação durante o depoimento, somente sobre outra, que eu não conhecia nenhum dos envolvidos citados — explicou.

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