"Não tem caos nenhum", afirmou o ministro Paulo Guedes (Economia), minimizando a crise aberta pela troca de acusações entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre a negociação política da reforma da Previdência.

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Em evento da FNP (Frente Nacional dos Prefeitos), em Brasília, Guedes disse acreditar que o episódio é resultado de "problemas de comunicação, que deverão ser superados".

— Tem gente chegando cheia de ideias, e o pessoal que está dentro está dizendo espera aí. Até onde vai a linha da política? Não pode ter toma lá dá cá, a gente não quer. Mas tem que ter conversa. Então quem são os interlocutores? Os líderes dos partidos? Mas o partido não pode ser de centenas, tem que ser um partido que tenha cara — disse Guedes, numa espécie de diálogo mental entre as duas frentes de discordância.

Guedes disse que, apesar das declarações inflamadas, as lideranças políticas "sabem o tamanho do desafio e da responsabilidade que têm".

"O presidente Bolsonaro sabe que é uma reforma difícil, mas sabe que vai libertar futuras gerações", disse.

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Ele admitiu que Bolsonaro tem opinião diferente da proposta entregue ao Congresso, principalmente na idade de aposentadoria de mulheres. A proposta é de idade mínima de 62 anos, e Bolsonaro já disse ser favorável a 57 anos.

— Ele encaminhou uma proposta com 62 anos. Qual o problema de ter opinião diferente? Ele fez a parte dele, entregou a nossa proposta."

O ministro voltou a defender que a reforma não pode ser desidrata ao ponto de reduzir a economia para menos de R$ 1 trilhão, sob pena de inviabilizar a criação do regime de capitalização (em que a aposentadoria é resultado da poupança feita pelo trabalhador ao longo da vida).

— Por mais que tenha queda de braço, na hora de botar o votinho ali, acredito que teremos a reforma aprovada, porque isso interessa a todas as prefeituras, a todos os estados — disse Guedes.

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Agenda

O ministro voltou a defender que, após a aprovação da reforma, uma agenda positiva será colocada em prática.

Ele citou a quebra do monopólio do mercado de gás, hoje nas mãos da Petrobras e de distribuidoras estaduais do combustível, além da reforma tributária, a reforma do pacto federativo e a distribuição dos recursos do pré-sal.

Antes de seu discurso, o ministro ouviu do presidente da FNP que os prefeitos estavam preocupados com a falta de sintonia política entre o Executivo e o Congresso, o que coloca em risco a reforma.

O presidente da frente, Jonas Donizete (PSB), prefeito de Campinas, disse que os prefeitos confiam em Maia.

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"Do mesmo jeito que vamos dar colaboração política pró-ativa, é preciso que exista no governo o senso de responsabilidade no trato com o Congresso, para que não tenha incerteza no ar", disse.

Estudo feito pela frente indica que a economia dos municípios com a reforma seria de R$ 32 bilhões em quatro anos e de R$ 150 bilhões em 20.