Ver uma arma apontada para a cabeça da filha adolescente é uma cena que não sai da cabeça de um empresário que teve a casa invadida no começo de fevereiro. A família iria para a praia naquela noite. O carro ficou estacionado na garagem aberta, mas o portão que dá acesso ao terreno estava chaveado.

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Os bandidos chegaram em dois carros, estacionaram e pediram informações. Estava escurecendo e a menina chegou perto do portão para ajudar. Bem-vestidos, eles perguntaram sobre outra rua do bairro. A conversa foi evoluindo e um movimento rápido surpreendeu a todos: a menina, o pai, a mãe e um cunhado.

Um dos bandidos puxou a adolescente pela grade e a agarrou. Enquanto isso, outro pulou a cerca perto do muro do vizinho. Armado, ele correu para a jovem e a rendeu. Ninguém deveria gritar e o pai foi obrigado a abrir o portão para os outros bandidos. Três entraram na casa. Um ficou do lado de fora.

A mulher e o irmão dela ficaram trancados em um cômodo atrás da garagem, enquanto a menina – sempre sob a mira da arma – e o pai reuniam tudo o que podiam para que os ladrões fossem embora.

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– Queriam dinheiro, celulares, joias e ameaçavam minha filha o tempo todo. Não suporto a imagem dela com a arma na cabeça. Minha cabeça vai explodir se eu não conseguir tirar essa imagem da memória – diz o pai, que não se conforma com a violência e a frieza dos bandidos.

O prejuízo financeiro nem foi calculado. A família não quer joias nem celulares. O pai só pede que a filha jamais passe novamente por esta situação.

– Sei que não adianta ir embora. Pode acontecer em qualquer lugar do mundo. E também não vou conseguir protegê-la o tempo todo. Mas peço a Deus, todos os dias, para ela não passar mais por isso.

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VIOLÊNCIA E COVARDIA SEM LIMITES

Câmeras, câmeras e mais câmeras. Não há um corredor, um cantinho, um portão que não esteja monitorado 24 horas por dia na residência de um casal que foi roubado no começo deste ano, na zona rural de Joinville. Além de ver os bandidos entrarem e saírem sem se preocupar se seriam flagrados, a família ainda carrega o trauma de quase ter perdido a vida do casal para a violência. O boné que ficou para trás de um dos ladrões simboliza o medo.

Os dois foram espancados e por pouco não morreram nas mãos dos criminosos, que estavam encapuzados e entraram na casa armados com facas e pedaços de madeira. Após render as vítimas, no meio da madrugada, os assaltantes pediram a chave do carro, dinheiro e agrediram os dois a pauladas. O espancamento só acabou quando o casal ficou desacordado, com os rostos desfigurados.

– A gente jamais pensou que isso aconteceria. Só há pessoas de bem aqui. E não há nada de grande valor. Precisamos tomar mais cuidado – diz um dos filhos.

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Embora estejam se recuperando fisicamente, os dois ainda sentem o trauma da violência e não vivem mais sem a vigilância permanente das câmeras.